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joão
alberto pedrini
A crise que
atingiu o setor sucroalcooleiro nos últimos seis anos afetou quase um terço das
usinas do país.
Levantamento
da RPA (Ricardo Pinto e Associados), de Ribeirão, mostra que 30 usinas estão
prestes a pedir recuperação judicial. Juntas, as dívidas somam R$ 11 bi.
Essas
empresas podem se juntar a outras 96, que já enfrentam problemas financeiros
--algumas desde 2008, ano de início da crise econômica internacional.
Segundo a
RPA, das 439 usinas do país, 343 operam, 33 estão paradas (estavam em
recuperação judicial), 31 interromperam atividades, 22 operam em recuperação e
dez foram à falência.
De acordo com
Ricardo Pinto, diretor da RPA, essas 30 usinas que operam no vermelho têm
capacidade de moer 60 milhões de toneladas de cana por safra.
"São
usinas que estão atrasando pagamentos de fornecedores, insumos, arrendamento de
terras", afirmou.
Ele disse
que as indústrias têm dívida maior que R$ 200 por tonelada de cana moída. Como
têm um rendimento de R$ 110 por tonelada, será praticamente impossível quitar
todas as pendências.
A situação
se agravou neste ano por causa da falta de chuvas, que derrubou a produtividade
nas lavouras.
Segundo a
Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), 22 unidades encerraram a atual
safra. Nesta mesma época em 2013, apenas seis haviam parado as atividades. Isso
ocorre porque há menos cana para ser processada.
A previsão é
que até o final da safra sejam processadas 545,89 milhões de toneladas, o que
representa queda de 5,88% em relação à safra passada, que atingiu moagem total
de 580 milhões.
Diretor
técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues disse que o setor têm dívida total
de R$ 79 bilhões --maior que o faturamento de uma safra toda (R$ 72 bilhões).
Sobre as
usinas com risco de entrar em recuperação, ele argumenta que é possível
contornar a situação.
Para ele, o
cenário para a próxima safra é de reação dos preços por causa do possível
aumento do valor da gasolina --quanto mais alto, melhor para o etanol.
"Os
problemas foram agravados pelas condições climáticas [falta de chuvas], o que
derrubou a produção", disse Carlos Roberto Ravanelli, gerente
administrativo da usina Baldin, em Pirassununga.
Segundo ele,
a recuperação judicial permite a reestruturação da empresa, que tem dívida de
R$ 600 milhões.
Já outras
usinas não conseguiram dar continuidade à produção, como a Jardest, de
Jardinópolis, que paralisou as atividades em abril. Foram demitidos 378
trabalhadores.