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Desde 2008, as
cidades se colorem de rosa durante o mês de outubro para alertar as mulheres
para a importância do autocuidado em relação ao câncer de mama — o segundo tipo
mais frequente do mundo, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. O
movimento Outubro Rosa é feito de pessoas para pessoas: grupos de pacientes,
organizações e vitoriosas da doença vão às ruas para chamar a atenção ao tema e
lutar pelo acesso de todas ao diagnóstico precoce e ao tratamento ágil e
qualificado, dois fatores que contribuem para o bom prognóstico de cura.
Neste ano, a campanha elegeu como tema a Lei dos 60 Dias, em vigor desde 23 de
maio do ano passado, que determina que o tempo entre o diagnóstico do câncer e
o início do tratamento não ultrapasse os dois meses.
— Porque o tempo não espera ninguém, muito menos quem tem
câncer — justifica a mastologista Maira Caleffi, presidente
voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à
Saúde da Mama (Femama) e do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama).
O câncer de mama não é algo que se possa prevenir. Por isso, não se fala mais
em "evitá-lo", mas "diminuir os riscos". Há fatores, como a
má alimentação e o sedentarismo, que tornam as mulheres mais suscetíveis à
doença — e que podem perfeitamente ser controlados, conforme a médica.
O Outubro Rosa tem causado mobilização popular e engajamento, mas, mais que
isso, cumpre um papel fundamental: fazer as pessoas falarem sobre o assunto.
— Vinte anos atrás, essa era a doença do silêncio. Hoje, a situação mudou.
Câncer de mama já não é mais sinônimo de morte ou mutilação — diz Maira.
Ela diz também que, a partir da campanha, houve avanços importantes
em relação ao câncer de mama, como a qualidade das mamografias e o aumento da
conscientização sobre o diagnóstico precoce.
Do ano passado para cá, conforme dados do Instituto Neo Mama de Combate ao
Câncer de Mama, o número de mamografias aumentou em 40% no Sistema Único de
Saúde. O próximo passo é lutar por um sistema de saúde mais ágil na oferta do
tratamento, o que teria reflexo direto no aumento da sobrevida.
— É preciso acabar com o discurso de "quem procura acha". O
diagnóstico precoce é capaz de estacionar a doença e tornar cada vez mais
mulheres vitoriosas na luta contra o câncer — afirma a enfermeira e
presidente do Neo Mama, Gilze Francisco, com a propriedade de quem já venceu a
sua própria batalha, em 2000, depois de ter um câncer diagnosticado. E curado.
Para que mais mulheres fiquem atentas e se cuidem, Zero Hora preparou um guia
de alerta ao câncer de mama.
Quais são os fatores de risco?
O câncer de mama acomete mais as mulheres
(apenas 1% dos casos ocorre em homens). O histórico familiar é um importante fator de risco,
especialmente se um parente de primeiro grau (mãe ou irmã) teve a doença antes
dos 50 anos — estima-se que 10% dos casos sejam de origem genética. A
incidência do câncer também aumenta com a idade,
sendo necessária mais atenção a partir dos 40 anos. Se você menstruou muito cedo (antes dos 12
anos) ou entrou na menopausa muito
tarde (após os 50), também deve atentar à possibilidade. Não
ter filhos também é um fator de risco. Também se associa o câncer de mama à
utilização, por muito tempo, de anticoncepcionais
orais com dose elevada de estrogênio. Quem está com excesso de peso e ingere álcool com frequência também
está mais propenso a desenvolver a doença.
Principais sintomas
O principal sintoma do câncer de mama é o nódulo no seio ou na axila, que pode ou não vir
acompanhado de dor.
Alterações na pele, como sulcos, retrações e
feridas também podem ser indícios da doença. Se o mamilo
produzir uma secreção sanguinolenta,
é um sinal de alerta. É importante conhecer bem a própria mama para identificar
rapidamente se algo está errado ou fora do normal.
Tipos de exames
disponíveis
As formas mais eficazes de detectar o câncer de mama são o exame clínico da mama —
realizado por um médico ou enfermeira treinados e capazes de identificar
tumores de um centímetro, se superficiais — e a mamografia, radiografia da mama que
acusa lesões milimétricas. Normalmente, o exame clínico antecede a mamografia _
e os benefícios de ambos se referem a cerca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos 50
anos.
O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) recomenda o autoexame em frequência mensal,
sempre na semana seguinte ao término da menstruação. Quem já está na menopausa
deve selecionar sempre o mesmo dia do mês. O autoexame não deve ser substituído
pelo exame clínico realizado por profissionais de saúde. Embora uma estratégia
não estimulada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) de forma isolada, é
parte das ações educativas para que as mulheres conheçam o próprio corpo.
A partir de que
idade devem ser realizados e com que frequência?
A mamografia deve ser realizada a partir dos 40
anos, anualmente. Porém, mulheres com histórico de câncer de mama na família devem fazer o
exame desde os 35, também uma vez por ano.
Como diminuir os
riscos?
Mulheres mais ativas, de acordo com um estudo realizado pela Strathclyde
Institute for Global Public Health, da França, ativas reduzem 12% os seus
riscos em desenvolver câncer de mama, portanto, pratique exercícios físicos. Se você tem filho em idade
de aleitamento materno ou está grávida, saiba que amamentar também é uma forma de
prevenir o câncer, segundo o Ministério da Saúde. Evite o estresse: pesquisas associam
situações de ansiedade, medo e isolamento a um maior risco de desenvolver a
doença. Adotar uma alimentação
saudável também é uma boa maneira de prevenção. O controle da
obesidade pode fazer com que o câncer de mama tenha sua incidência reduzida em
30%, conforme o Inca.
Fontes:
Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), Instituto Nacional do Câncer
(Inca) e Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC)