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Já imaginou viver em média 120 anos e ainda ter aparência de muito mais jovem? O povo de Hunza afirma que isso é possível, porém os historiadores dizem que tudo não passa de uma grande confusão que já dura quase um século
Considerado por muitos
como o famoso "Poço da Juventude", o povoado de Hunza entrou para a
crença popular como a região onde a população vive em média 120 anos. Se
alcançar um século de vida não bastasse, eles ainda chegavam nesta idade com
aparência de muito mais jovens.
Localizado no Vale de
Hunza, nas montanhas do Himalaia, os habitantes locais foram 'descobertos' em
1916 por militares ingleses que faziam o mapeamento da região. Na época, o
local ganhou o apelido de "Jardim do Éden", em alusão ao paraíso citado
na Bíblia. Contudo, a grande pergunta é se realmente os 30 mil habitantes de
Hunza vivem em média 120 anos? Segundo o calendário utilizado por eles é
possível, mas pelo gregoriano há controvérsias.
O mito do povo
centenário começou com a visita do médico escocês Robert McCarrison a região
para realizar consultas no início do século passado. Ao perguntar a idade dos
pacientes, ele sempre se surpreendia com as respostas pelo mesmo motivo: uma
aparência jovem para pessoas com uma idade avançada.
Com o tempo diversas teorias
foram formuladas para tentar explicar tal feito, entre elas o tipo de
alimentação e as baixíssimas temperaturas em que vivem. Devido a dificuldade de
acesso a comunidade que está situada a 2,5 mil metros de altitude, nas
montanhas do Kush Hindu, o mito permaneceu sem explicações plausíveis por quase
um século.
Somente há poucos anos
que esta confusão começou a ser explicada com a visita de um jornalista à
região. Ele notou que a idade da população não condizia com o período de fatos
históricos que eles deveriam ter presenciado. Além disso, nenhum deles havia a
idade registrada em documentos. Com estas duas negativas, a teoria mais aceita
passou a ser que toda a confusão foi criada devido a falta de noção do tempo
pelo povo de Hunza. Como não havia um calendário fixo, eles falavam ao médico a
idade que 'achavam' ser a verdadeira. Mesmo com os indícios de ser uma grande
confusão, a população em Hunza ainda afirma ter 80 anos com corpinho de 40
primaveras. Quem sabe eles não estejam certos e nós errados?
Turismo
Se a famosa história já é suficiente para atrair turistas do mundo inteiro para
conhecerem o local, as belezas naturais não deixam dúvidas que a região do
Himalaia é o lugar perfeito para uma viagem inesquecível. Localizado na área
conhecida como Caxemira, que é disputada por Índia e Paquistão, o Vale de Hunza
possui uma infraestrutura turística simples, mas acolhedora. Segundo o jornal
“The Guardian”, a região é considerada um dos melhores destinos turísticos do
Paquistão.
Até os dias atuais, a
população local mantém certa distância da sociedade moderna e sobrevive do
cultivo próprio, além do turismo. Com preços modestos, os hotéis públicos
(únicos na região!) oferecem o mínimo de luxo e possuem uma vista espetacular
do alto das montanhas. Do topo delas também é possível avistar o famoso rio
Hunza, que deu nome a região e ao povo, com suas águas azuis-turquesa
provenientes do degelo do Himalaia.
Como chegar
Com voos partindo de São Paulo rumo ao aeroporto de Islamabad, capital do
Paquistão, as passagens aéreas custam a partir de R$ 3075. O percurso entre
Islamabad e Gilgit, cidade mais próxima do Vale do Hunza, pode ser feito via
terrestre ou aérea.
Saindo de Gilgit rumo ao
"Poço da Juventude" existe apenas a opção de seguir o trajeto pela rodovia
Karakoram que é considerada a estrada pavimentada mais alta do mundo. Ela liga
a região de Xinjiang, na China à Gilgit–Baltistan, no Paquistão.