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O astro passa por
nossa região do Sistema Solar apenas uma vez a cada 76 anos — a última foi em
1986. Mas a cada passagem ele deixa uma boa quantidade de detritos em sua
órbita, que adentram a atmosfera terrestre toda vez que nosso planeta cruza a
trajetória do cometa, ao prosseguir em seu incansável balé em torno do Sol.
Ou seja, as
estrelas cadentes que vemos no céu são pequenos pedaços do Halley que se
desprenderam dele décadas ou séculos atrás e calharam de estar no nosso
caminho. Ao entrar na atmosfera em altíssima velocidade, eles queimam. E com
isso produzem o espetáculo luminoso que encanta os amantes do céu. Sem oferecer
perigo algum, diga-se de passagem.
Tecnicamente, são
duas as chuvas anuais de meteoros associadas ao Halley. Afinal, o cometa tem
uma trajetória de ida e outra de volta, e ambas cruzam a órbita da Terra. A
primeira chuva é a das Eta-Aquáridas, que acontece em maio. A segunda é a de
agora, chamada de Orionídeas porque o radiante (o ponto de onde parecem partir
os meteoros, ao riscar o céu) fica na constelação de Órion.
Não sabe qual é?
Fácil. Basta procurar as tradicionalíssimas Três Marias — elas compõem o
cinturão do caçador Órion e são fáceis de reconhecer. Mais uma dica: a constelação
estará nascendo no leste por volta das 23h (pelo horário de Brasília; se você
não tem horário de verão, subtraia uma hora) e, a partir daí, vai escalando o
céu até sumir de vista, com o nascer do Sol.
COMO OBSERVAR
Chuvas de meteoros são extremamente democráticas. Não é preciso instrumento
nenhum para vê-las. Aliás, telescópios e binóculos só atrapalham. O segredo é
basicamente se sentar confortavelmente num lugar o mais longe possível das
luzes da cidade e com a visão mais ampla possível do céu.
Vale a pena
tentar observar após a 1h, quando Órion já subiu um pouco no céu. Mas, caso
você não tenha vista para o leste, não se preocupe: os meteoros parecem
irradiar da região de Betelgeuse, a estrela vermelha e segunda mais brilhante
da constelação, mas podem aparecer em qualquer parte do céu. Não é preciso
olhar naquela direção para ver alguns deles.
A expectativa dos
astrônomos para a chuva deste ano é de uma taxa de 12 a 25 meteoros por hora
(frequência maior para quem está no Norte e no Nordeste do Brasil, menor para
quem está no Sul). Mas nem vá pensando em ver todos. Esse número é o máximo
possível, para quem observa o céu inteiro simultaneamente sob as melhores
condições visuais. Ou seja, para meros mortais sem câmera para registrar o céu
inteiro, não rola. O que dá para esperar, de forma realista, é uns cinco ou
seis por hora.
Portanto, vale
seguir o conselho que Gabriel Hickel, da Universidade Federal de Itajubá (MG),
costuma dar: observe pelo menos uma hora para ver um número razoável de meteoros
e não espere um show pirotécnico.
“Os meteoros
desta chuva são de duração bastante curta (menor que 1 segundo) e de brilho
mediano, mas cerca de 30% deles são mais brilhantes, de maior duração e
apresentam o fenômeno de persistência da esteira de ionização (o material
desintegrado forma uma “nuvem filamentar”, que dura alguns segundos)”, destaca
Hickel. “Alguns ainda mais brilhantes podem literalmente dividir-se em partes
menores.”
Vale lembrar que
a Lua está quase em sua fase nova, de forma que seu brilho não ameaça estragar
as observações. Bons céus!