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maria laura albuquerque
Sarampo, caxumba, rubéola,
catapora (varicela), rinite, asma e conjuntivite são alguns dos problemas a que
as crianças tendem a ficar mais vulneráveis com a chegada da primavera.
O motivo é que essa estação do ano é caracterizada pela predominância da baixa
umidade do ar, mudanças bruscas de temperatura, dispersão de pólen,
proliferação de insetos e maior exposição das pessoas ao ar livre.
"Contrair catapora e sarampo é preocupante devido às complicações que
podem ocorrer, tais como pneumonias, infecções de pele e mucosas, meningites e
encefalites", declara Débora Passos, pediatra da Maternidade Pro Matre
Paulista, em São Paulo.
Algumas dessas doenças podem ser prevenidas por meio da vacinação –como
sarampo, caxumba, rubéola e catapora. Porém, para a maioria dos vírus
respiratórios comuns nessa temporada, não há vacinas. "Por isso, temos sempre
de tomar medidas como lavar frequentemente as mãos e usar gel alcoólico, evitar
permanecer em ambientes com pessoas afetadas pelo vírus e em aglomerações
–principalmente locais fechados –, e jamais compartilhar o uso de utensílios
como chupetas, copos e mamadeiras", afirma Victor Nudelman, pediatra do
Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Cristina Abud de Almeida, alergologista e imunologista da Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo, ainda ressalta que é fundamental manter os ambientes
sempre bem arejados –inclusive o quarto da criançada– e não deixar de buscar
assistência médica logo que surgirem as primeiras manifestações de febre,
indisposição e manchas na pele, entre outros sinais.
Embora muita gente ainda pense que seja bom contrair boa parte dessas doenças
–como sarampo e catapora– na infância, fortalecendo assim o sistema imunológico
e evitando adoecer na idade adulta, as doenças da primavera são perigosas para
as crianças e não se deve forçar o contágio.
"Podem ocorrer
complicações, algumas até fatais. Além do mais, a imunidade infantil só vai se
estabelecer por completo entre os seis e os sete anos", diz Cristina. Por
isso, evitar que os filhos tenham contato com quem está doente e manter as
vacinas em dia são cuidados essenciais. "A crença que pegar sarampo quando
criança, entre outras doenças, é melhor, porque, na idade adulta, trata-se de
um problema grave, é coisa de antigamente, quando não existia vacina",
fala a alergologista e imunologista.
A vacina Tríplice Viral, por exemplo, é indicada para crianças a partir dos 12
meses de idade, está disponível no sistema público de saúde e na rede
particular, tem validade para a vida toda e é ministrada em dose única. A
proteção tem início duas semanas depois. Um pequeno aumento da temperatura
corporal, irritabilidade, conjuntivite e sintomas catarrais (cerca de uma
semana a 12 dias depois da aplicação) são reações frequentes em boa parte dos
pacientes. Ela é preparada com vírus vivos atenuados –cepas (tipos) Schwarz,
Moraten e Edmonston Zagreb (sarampo), cepas Jeryl Lynn, L-3 Zagreb e Urabe AM9
(caxumba) e cepa Wistar RA27/3 (rubéola).
É bom saber que vacinas com vírus vivos atenuados (chamadas de vacinas
atenuadas) contêm o vírus vivo, como o próprio nome indica, porém sem capacidade
de produzir a doença
Para a prevenção da catapora –uma das mais contagiosas dentre as doenças
infecciosas– é ministrada outra vacina, também disponível no sistema público de
saúde e na rede particular. Preparada com vírus vivos atenuados (cepa Oka), é
indicada para crianças entre 12 meses e 12 anos, com reforço aos quatro anos,
podendo ainda ser ministrada para adultos que não tiveram a doença (eles devem
receber duas doses, com intervalos que variam de acordo com a faixa etária).
É comum surgirem reações como erupções cutâneas parecidas com as da catapora,
febre baixa e dor na região da picada. Embora a eficácia da vacina esteja
comprovada, algumas crianças podem ser acometidas pela doença mesmo após terem
sido imunizadas. Porém, nesse caso, a doença se manifestará de forma muito
leve, provocando um número pequeno de lesões na pele.
No caso de conjuntivite e rinite, não existem vacinas. Esses males podem ser
prevenidos e tratados também com medidas básicas, de acordo com Débora, da Pro
Matre: hidratação abundante das vias aéreas e dos olhos. Nessas ocorrências,
tal como na de quadros asmáticos, medicamentos só devem ser ministrados com
orientação médica.