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daniele nordi
Toda criança merece ser feliz. Mesmo indiscutivelmente correto, esse pensamento acaba sendo um tanto abstrato. Para trazer mais concretude à felicidade infantil, o Delas pediu para cinco especialistas em infância definirem itens indispensáveis no dia a dia dos pequenos para que cresçam saudáveis e seguros. Mais do que isso, o que seria fundamental para que eles sejam felizes. As respostas mostram como amor, família e valores podem fazer a diferença no presente e no futuro das crianças.
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SER AMADA
“Acredito que amor é indispensável para todo ser humano, especialmente uma criança que vem ao mundo e precisa aprender tudo, entrar em contato com o mundo ao seu redor. O amor é a base fundamental de qualquer relacionamento.
Quando a criança é amada, ela recebe além de carinho, respeito, limites, disciplina e atenção. Ela se sente feliz sem precisar de mais nada. O amor leva as pessoas a se doarem, a se entregarem para o bem do outro, para ver o próximo feliz.
A falta de amor
deixa a criança isolada, seca, sem alimento, sem toque, sem abraços, sem
diálogo, sem atenção. Enfim, sem nada para se importar na vida. Na minha
opinião, uma criança pode chegar a morrer se não receber amor.
Depoimento de Cris Poli, educadora, apresentadora do
programa “Supernanny” e autora do livro “Pais admiráveis educam pelo
exemplo”(Editora Mundo Cristão).
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TER EM QUEM CONFIAR
“Toda criança precisa ter alguém em quem confiar. Os pais são o porto seguro dos filhos. Eles são o modelo, a referência. É essencial que a criança saiba que pode contar com os pais nos momentos de dificuldade, mesmo se for um problema pequeno, do dia a dia.
A confiança a
que me refiro é quando o filho não consegue colocar o casaco e ele sabe que
alguém vai ajudá-lo, quando sente fome e sabe que a mãe e o pai conseguirão o
alimento.
Essas crianças que são abandonadas, que ficam sozinhas em casa e não contam com um adulto em quem confiar ficam perdidas. Para uma infância completa e feliz é preciso confiar em alguém, é necessário ter certeza que se pode contar com alguém para ajudá-lo. Isso é fundamental na formação de um cidadão."
Depoimento de Maria Rocha, diretora pedagógica do Colégio Ápice, em São Paulo.
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APROVEITAR A INFÂNCIA
“Criança feliz é criança que desfruta de sua infância. A base da nossa imaginação, sensibilidade e inteligência cognitiva e emocional se dá nos primeiros anos de vida. Por que, então, roubar essa preciosa fase de nossas crianças? O que ganhamos ao retirar da criança o tempo de brincar livre, se sujar, errar, mexer com tinta, água e terra?
Hoje, alguns vilões do dia a dia, como consumismo, obesidade infantil, erotização precoce, falta de tempo e espaço para brincar, vício em aparelhos eletrônicos e terceirização dos cuidados, colocam a infância em risco. Eles ameaçam um direito básico de toda pessoa de zero a doze anos: ser criança. Temos que garantir à criança o direito de brincar, de experimentar, de criar vínculos afetivos, de ser cuidada e respeitada em suas singularidades e de se desenvolver de forma saudável e plena.
As crianças do
século XXI seriam mais felizes com atitudes simples, baratas e eficientes como:
mais presença e menos presentes, mais parques e menos shopping, mais tempo
livre e menos agenda lotada, mais família e menos babás e instituições
cuidadoras, mais brincar e menos atividades pedagógicas. Certamente uma
sociedade que honre a infância tem mais chance de se humanizar.”
Depoimento de Ana Claudia Leite, coordenadora de educação e cultura da infância do Instituto Alana.
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VIVER EM FAMÍLIA
“As crianças e adolescentes têm o direito de viver em uma família que as ame, ampare, proteja e ensine seus deveres e direitos. Essa família não necessariamente precisa ter laços de sangue. O laço que deve unir esse núcleo é o do amor. Família como um espaço de construção de afetos, transmissão de valores, formação de vínculos e identidade.
Nós, enquanto
sociedade, podemos ser atores no fortalecimento do Sistema de Garantia de
Direitos das Crianças e Adolescentes pensando na proteção integral delas,
proporcionando cuidados e condições favoráveis ao seu desenvolvimento saudável
e cobrando políticas públicas que venham a contribuir para que crianças e
adolescentes, ao não terem a possibilidade de estarem em sua família de origem,
possam ter oportunidades de serem inseridas, com a maior brevidade, em uma
família substituta através da adoção.”
Depoimento de Lucianne Scheidt, socióloga da ONG Recriar – Família e Adoção
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SER RESPONSÁVEL
“Acredito que
uma das coisas mais importantes na criação de uma criança seja que elas
aprendam a assumir responsabilidade. Responsabilidade sobre seus atos e sobre o
seu futuro. Quando a criança aprende isso, ela entende que não é, e nem nunca
será, vítima dos outros ou do mundo ao redor. Isso dá muito poder. Ter este
poder gera autoestima e tudo isso a protege de influências externas, como por
exemplo bullying, drogas e outros males.
Devemos
influenciar nossos filhos de maneira a criarmos isto neles. Quando a criança
faz algo errado, precisamos explicar o que aconteceu e atribuir as
responsabilidades para quem as merece.
A vitimização nunca fez ninguém feliz, pelo contrário. Precisamos saber que nós somos os únicos responsáveis pela criação da nossa vida, que se algo fora do nosso controle acontecer, nós temos como lidar com isso. Somente nós temos o poder de mudar a nossa vida e escolhermos quem queremos nos tornar. A criança precisa saber que ela tem, sim, esse poder."
Depoimento de
Patricia Quartin, life coach que trabalha com base na PNL (Programação
Neuro-Linguística) e tem como tema de estudo a criação dos filhos.