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A superlotação
dos presídios alagoanos foi oficialmente reconhecida no ano passado, primeiro
quando o juiz das execuções penais defendeu a libertação de presidiários, com
tornozeleiras, e depois quando o próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
divulgou o déficit de vagas no sistema penitenciário de Alagoas.
Segundo
levantamento do Conselho, os presídios alagoanos apresentavam, em 2013, uma
carência de 1.198 vagas, para um total de 3.011 detentos. O relatório também
mostrava que 47% dos presos em Alagoas ainda não foram julgados.
A questão,
entretanto, é saber se com mais 1.200 vagas o problema estará resolvido,
sabendo-se que a grande maioria dos criminosos que agem no Estado está em
liberdade. Ou seja: se a Polícia prender os bandidos que matam e assaltam todos
os dias, em Alagoas, para onde eles irão, em caso de condenação?
Trata-se de um
paradoxo, mas o que tem evitado a implosão do sistema prisional alagoano é
precisamente a incapacidade de a Polícia prender mais gente, por um lado, e o
fato de a justiça mandar soltar muitos dos que são presos.
Com tantos dispositivos
legais inibindo as ações da Polícia (sem falar na atuação dos direitos humanos
defendendo os bandidos), e com a população marginal crescendo rapidamente, é
cada vez maior o contingente de criminosos em liberdade.
A própria
Polícia opera sabendo que, se todo delinquente flagrado fosse recolhido,
julgado e condenado por crimes comprovadamente cometidos, não haveria onde
encarcerar tanta gente.
Mas o quadro
levantado pelo CNJ é mais grave, pois a Secretaria de Ressocialização indica
defasagem nos números divulgados e chama a atenção para uma crise ainda mais
séria. Hoje, o total de presos recolhidos no sistema prisional já é bem maior
do que o que consta no relatório – são 3.360. Somados com os que cumprem prisão
domiciliar, os números mostram uma carência de mais de 1.500 vagas imediatas.
EXAUSTÃO
Ainda no ano passado, o juiz da Vara de Execuções Penais, José Braga Neto,
empregava o mesmo tom de preocupação do secretário de Ressocialização, Carlos
Luna, sobre a superpopulação carcerária em Alagoas. “Não temos mais onde
colocar preso. Isso precisa mudar, do jeito que está, não dá. Um novo presídio
precisa ser construído, já, correndo. O Judiciário está mais ágil, mas não há
onde colocar os condenados”.
CORREÇÃO
O levantamento do CNJ de 2013 corrigiu uma distorção, segundo o juiz Braga
Neto, e acabou reduzindo o número de presos provisórios em todo o País. Em
Alagoas, esse percentual caiu de 55% para 47%. “O índice ficou mais aceitável,
mas ainda estamos longe do ideal, que é entre 35% e 37%. Essa queda é resultado
de um trabalho nosso para corrigir o número elevado de presos condenados em
relação aos provisórios”, explica o magistrado.
A situação nos
presídios alagoanos e dos demais estados estaria mais crítica se parcela
considerável dos presos condenados, favorecidos pela lei, não estivesse
cumprindo suas penas em prisão domiciliar ou prestando serviços comunitários.
Geralmente,
cumprem pena domiciliar presos de qualquer um dos regimes fechado, semiaberto e
aberto que tenha autorização da Justiça por problemas de saúde que não podem
ser tratados na prisão ou quando não há unidade prisional própria para o
cumprimento do regime, como o semiaberto.