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agência Brasil
Pressão
alta, tabagismo e diabetes favorecem o desenvolvimento do Alzheimer e outros
tipos de demências senil. É o que aponta um estudo da entidade internacional
Alzheimer's Disease International (ADI) divulgado na última quarta-feira (17).
A diabetes pode aumentar em até 50% o risco desse tipo de doença. O relatório
anual da World
Alzheimer Report 2014 comprova que práticas saudáveis, como atividades
físicas e boa alimentação podem reduzir enormemente os riscos de desenvolver
doenças neurodegenerativas.
O
estudo mostra ainda que quem para de fumar tem as mesmas chances de desenvolver
algum tipo de demência senil do que alguém que não fuma, enquanto aquele que
continua fumando tem alto risco. O controle da diabetes e da pressão alta, bem
como o fim do hábito de fumar podem reduzir o risco mesmo na terceira idade.
Segundo
o diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), Rodrigo
Rizek Schultz, que também é coordenador do Ambulatório de Demência Grave do
Setor de Neurologia do Comportamento da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), a pesquisa corrobora a realidade constatada pelos médicos da área.
“O
sedentarismo e o cigarro não causam Alzheimer, mas são fatores de risco que
contribuem para lesões cardiovasculares que, por sua vez, facilitam a
ocorrência do desenvolvimento da doença”, disse ao ressaltar que investir em
prevenção é a chave para combater o problema. “Atividades físicas e hábitos
saudáveis não evitam essas doenças, mas as retardam. O custo da demência senil
é muito caro para o governo e para todos nós e prevenir é simples”, comentou,
ao citar programas e equipamentos públicos para incentivar a prática de
esportes como uma das iniciativas necessárias nas cidades brasileiras.
O estudo estima que 71% das pessoas vivendo com algum tipo de demência senil
estarão em países em desenvolvimento se não forem implementadas políticas públicas
efetivas para reduzir os fatores de risco. Para o geriatra e conselheiro
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Rubens de Fraga Jr, o
estudo evidencia a necessidade de incluir a demência como uma das prioridades
nas políticas públicas de saúde e de educação, pois a incidência de demência
está caindo em países desenvolvidos onde crescem investimentos na educação e na
saúde cardiovascular.
“Nos
países em desenvolvimento há uma incidência de diabetes, doenças cardíacas e
acidente vascular cerebral (AVC). Temos que investir na prevenção de doenças
como obesidade, tabagismo, pressão alta, com programas que controlem isso,
porque senão estamos criando futuras gerações de dementes”, disse. “ O estudo
também aponta que aqueles que têm oportunidades educacionais melhores
apresentam baixo risco de demência. A educação reduz o impacto no funcionamento
intelectual”.
O
geriatra lembrou que o número de pessoas obesas e diabéticas têm crescido nos
últimos anos, fatores de risco presentes na nossa sociedade. “E hoje temos 21
milhões pessoas com mais de 60 anos no Brasil”, disse.
O
custo global para tratar as demências senis atualmente é aproximandamente US$
600 bilhões, segundo a ADI. O relatório alerta para o fato de que muitas
pessoas desconhecem as ações e atitudes que podem ser tomadas para reduzir os
riscos das demências. Apenas 17% das pessoas entrevistadas em diferentes partes
do planeta sabiam que interagir com amigos e família ajudam a retardar doenças
neurodegenerativas e que apenas 25% sabiam que obesidade é um fator de risco
para essas enfermidades. Entretanto, a pesquisa revelou que 68% dos pesquisados
temem desenvolver algum tipo de demência.