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tais laporta
Não é novidade
que as máquinas interagem com o ser humano de uma forma que nem a ficção
científica foi capaz de prever. Num futuro nada distante, elas podem ir além,
especialmente quando o assunto é tecnologia bancária. Imagine sistemas que
mapeiam nossos desejos e ações e oferecem soluções imediatas e de longo prazo.
Leia
mais: Saiba quais são os serviços
que o banco não pode cobrar de você
No Brasil, os
bancos não têm poupado investimentos para que isso vire realidade. Os gastos
com tecnologia têm crescido cerca de 9% ao ano desde 2009. Somente em 2013, as
instituições financeiras investiram R$ 20,6 bilhões em tecnologia bancária, de
acordo com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) – mesmo montante que
investiram França e Alemanha.
Assim surgiu o conceito de every day banking (o banco no dia a dia, em tradução livre), já aplicado por instituições financeiras de outros países. Diversas soluções foram desenhadas para aproximar o banco do cotidiano do cidadão, em diferentes ambientes.
No Brasil, esse
conceito engatinha para entrar no mercado e já é estudado por grandes players,
de acordo com o diretor de Desenvolvimento de Negócios na Área de Serviços
Financeiros da Avanade Brasil, Eduardo Martins Costa.
Em casa, na rua,
na agência bancária, em lojas ou no escritório, as instituições financeiras
caminham para estar onipresentes na vida do consumidor. A Avanade mostrou ao iG
alguns exemplos de como essas tecnologias podem afetar sua relação com os
bancos e com produtos financeiros:
1. Sensores
de videogame mapeiam suas necessidades financeiras
Imagine
desembarcar no aeroporto de sua cidade e deparar-se com um monitor gigante que
fará uma leitura do seu corpo. O Kinect, um sensor de movimentos desenvolvido
pelo Xbox 360 para videogames, capta não só seus movimentos como também
reconhece características físicas, como sexo e idade. Por trás dessa
tecnologia, uma tabela define mais ou menos quem é você e quais produtos
financeiros podem te interessar, como um plano de previdência ou seguro de
vida. Eles serão destacados no painel eletrônico, com o qual você pode
interagir imediatamente por meio do QR code (código lido por smartphones).
Todos os produtos que o Kinect escolheu para você vão aparecer de imediato no
seu celular. Esses sensores também podem estar presentes em caixas eletrônicos.
2. Se você
bater o carro, um aplicativo chama o guincho
Você sai do
aeroporto, pega seu carro e segue para casa, mas colide com outro veículo num
cruzamento. Tudo o que você tem a fazer é abrir um aplicativo, como o Aviva.
Ele permite ao usuário enviar relatórios do acidente, acionar a seguradora e
registrar a ocorrência por uma ferramenta de geolocalização. O sistema também
chama o guincho mais próximo e localiza oficinas de mecânica. Se houver câmeras
de monitoramento no local do acidente, ele pode interagir com elas e repassar
as imagens para a seguradora, reduzindo o risco de fraudes, observa Serigo, da
Avanade.
3. O banco
conhece seus sonhos, sem você sair de casa
As tecnologias
bancárias pretendem descobrir quais são seus objetivos financeiros. Um
aplicativo do banco oferecerá ajuda para planejar sua vida e compartilhar seus
sonhos com ele sem você sair de casa, enquanto sugere opções para seu futuro.
Por exemplo, investir na educação dos filhos ou comprar o carro dos sonhos. O
aplicativo faz uma simulação de quanto você precisará gastar para alcançar esse
objetivo. “Essa informação será adicionada ao plano de vida e mais tarde vai
ser compartilhada com o gerente do banco”, diz o CTIO da Avanade, braço
tecnológico da Accenture e da Microsoft, Marcelo Serigo. “O aplicativo tem um
apelo visual muito forte, para que seja chamativo e instigue. Assim o banco conhece
melhor o cliente e seus planos de maneiro bem interativa”, completa.
4.
Tecnologias de prevenção avisam antes que um sinistro ocorra
Sabe aquela
máquina de lavar caríssima que está coberta pelo seguro? As chances de ela
quebrar vão diminuir. As seguradoras poderão instalar sensores na área de
serviço e avisar se está vazando fumaça ou água. Também vão sugerir quando é
necessário chamar uma empresa para fazer reparos, possibilitando o agendamento
pela internet. O prestador de serviço recebe o pedido para a manutenção por um
aplicativo, que avisa quando ele está chegando, para o cliente ter certeza de
que não se trata de uma fraude.
5. Você pode
pagar alguém em dinheiro sem fazer saques
Esqueceu de
pagar sua diarista esta semana? Ela não tem conta em banco e só recebe em
dinheiro, e agora? Um aplicativo do banco vai permitir fazer saque de
terceiros, mesmo que ela não seja correntista do seu banco. Você seleciona seus
dados pelo celular, feito um pré-cadastro, e envia o pagamento. "Ela
recebe um SMS no celular, porque a ideia é alcançar a baixa renda. Nem todo
mundo tem smartphone ainda", observa Serigo. Com isso, a diarista
dirige-se ao caixa mais próximo, digita o CPF e o código que recebeu no celular
e saca o dinheiro. Outra forma de reduzir filas nos caixas eletrônicos é
programar o saque pelo celular e só sacar o dinheiro usando o QR Code, sem
precisar digitar senha ou usar a biometria.
6. O caixa
eletrônico sabe se você está sendo assaltado
O mesmo sensor
que reconhece o seu perfil, do Kinect, também é capaz de fazer o reconhecimento
facial do cliente quando ele se aproxima do caixa eletrônico. "Isso dá
mais segurança a ele. O sensor consegue ver inclusive mudanças de temperatura e
aceleração do batimento cardíaco para saber se a pessoa está sob stress intenso
ou sendo vítima de assalto. Assim o banco pode tomar previdências
imediatamente", dz Serigo.
7. Débito
semiautomático te avisa sobre valores incomuns
O débito
automático é uma ferramenta prática, mas evitada por muita gente, devido a
cobranças muitas vezes desproporcionais ou que são questionadas pelo cliente.
As novas tecnologias pretendem avisar toda vez que o débito fugir muito do
valor usual descontado todos os meses. Ele enviará uma mensagem pelo celular ou
aplicativo pedindo autorização para debitar aquele valor. Outro mecanismo é
avisar o consumidor quando ele se esqueceu de fazer o pagamento de alguma conta
que costuma pagar regularmente.
8. O banco
monitora tudo o que você fala sobre ele nas redes sociais
Ferramentas já
ativas no sistema financeiro monitoram comentários positivos, negativos e
neutros sobre o banco. Fazem análises em tempo real da representatividade dos
comentários e da influencia de quem postou. As mensagens que são
compartilhadas, à medida que crescem, ganham atenção especial. O sistema, já
comercializado pela Microsoft, capta menções nas principais redes sociais, como
Facebook, Twitter e Instagram. A plataforma permite à empresa saber de onde vem
o foco de comentários negativos e interferir imediatamente. "Vai descobrir
do que estão falando mal, se o problema aconteceu em alguma agência especifica
ou se foi um atendente no call center que gerou ruído. Com isso, a rede social
vira uma ferramenta de gestão interna", afirma Serigo.