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Na
quarta-feira, 3, o Facebook saiu do ar por alguns minutos. Foi o suficiente
para que muitas pessoas manifestassem descontentamento no Twitter por sentir
falta da rede social. No início do mês passado, outra queda do serviço teve
proporções maiores: nos Estados Unidos, houve quem ligasse para a polícia
para reclamar da dificuldade de acesso.
Tal
"desespero" reacende uma discussão que parece batida, mas ainda afeta
usuários ao redor do mundo todo: o vício na rede social de Mark Zuckerberg, que
já reúne 1,3 bilhão de seguidores. Mas, como saber se você está viciado no
Facebook?
De acordo
com Ana Luiza Mano, psicóloga da PUC-SP e colunista do Olhar Digital, um vício
geralmente se caracteriza como um sintoma de algo que não vai bem na pessoa.
"A rede social é pensada e formatada para nos manter lá. Nós temos não só
nossos amigos e likes, mas também sugestões de contatos, produtos, jogos e
páginas estabelecidas de acordo com um algoritmo que estuda nossas
preferências. É uma coisa fabricada para nos seduzir e, nos fazer sentir
bem", explica.
Essa
sensação de bem estar, diz Ana, é obtida por meio da substância dopamina,
conhecida como o "hormônio da felicidade". Quando o usuário tem algum
problema pessoal e não consegue resolvê-lo, o Facebook se torna uma válvula de
escape e, a cada nova notificação, a dopamina entra em ação mascarando a
questão interna.
Outra função
importante da substância é acostumar a pessoa a buscar várias vezes aquele
mesmo estímulo de prazer. "É como comer um pedaço de chocolate e
depois de pouco tempo, comer a barra inteira. No caso do Facebook, uma pessoa
viciada quer sempre mais notificações, mais amigos, mais páginas para
curtir", comenta a psicóloga.
Como
detectar o vício?
Segundo a
especialista, para saber se você foi picado pelo "vício do Facebook"
é preciso fazer uma série de perguntas a si mesmo e analisar seu dia-a-dia. A
recomendação é que a pessoa reflita se a ferramenta está atrapalhando no seu
desempenho profissional e(ou) acadêmico, se ela está restringindo seus
relacionamentos, se você deixa de fazer tarefas básicas como dormir ou comer,
sente-se irritado ao não acessar a rede ou ainda, se o Facebook se torna um
empecilho na hora de sair de casa.
Se você
tiver dificuldades em analisar todos estes dados, pode ainda fazer o teste de
dependência de internet, elaborado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas de São Paulo, que também é válido para o Facebook.
Além disso,
é importante notar que o uso prejudicial está muito mais relacionado com a
qualidade do que quantidade. "Você pode usar o Facebook como forma de
comunicação no seu trabalho diversas vezes no dia, contudo, se em um momento de
descanso você não o utilizar, é um sinal de que aquilo não é um vício",
elucida Ana Luiza.
Dicas para
largar o vício
Se você
acredita que se encaixa no perfil de "viciado no Facebook" ou até
mesmo em outra rede social, a psicóloga recomenda cinco dicas para tentar
largá-lo (caso você queira) e, pouco a pouco, começar a usar o recurso de forma
mais moderada. São elas:
1) Tente estabelecer metas ou horários para usar o Facebook. Coloque como limite acessar a rede somente após terminar um tarefa ou nos minutos restantes do horário de almoço, por exemplo.
2) Quando sair em grupo, como em um bar, adote jogos como a famosa "torre"
de smartphones. Os aparelhos ficam empilhados em um canto da mesa e quem pegar
primeiro terá que pagar a conta.
3) Escolha um dia da semana para não entrar no Facebook. Neste dia, tente se
concentrar em hobbys, atividades extras ou até mesmo pendências.
4) Procure trocar uma mensagem no Facebook ou um "parabéns" por uma
ligação ou visita presencial.
5) Desabilite os alertas de notificações no celular e(ou) tablet para não ser
instigado a olhar seu perfil. O modo avião ou "não perturbe" também
ajudam.
Se mesmo
seguindo estas indicações, você sentir que ainda está dependente do Facebook,
uma ajuda profissional pode ser a melhor opção. Para aqueles que não querem
sair de casa, o projeto Psicólogos da Internet oferece orientação via Skype ou
e-mails. Após o término do atendimento, caso o usuário queira uma ajuda
presencial, a equipe indica local ou profissional de acordo com a região do
Brasil que ela se encontra.