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Até dezembro de 2013 o Tribunal Regional Eleitoral de
Alagoas (TRE) contabilizou um total de 252.155 eleitores analfabetos em
Alagoas, o que corresponde a 13,01% dos quase 2 milhões de cidadãos aptos a
votar no estado.
O número já considerado elevado é ainda mais preocupante quando somado as
outras três maiores categorias de grau de instrução dos eleitores: Ensino
Fundamental Incompleto (531.787), Ensino Médio Completo (335.697) e que somente
Lê e Escreve (315.543). Neste cenário, a junção das quatro categorias
corresponde a mais da metade do eleitorado alagoano. Ou seja, quase um milhão e
meio das pessoas que vão às urnas no dia 5 de outubro deste ano em Alagoas não
conseguiram avançar do ensino médio.
Ainda de acordo com números do TRE, eleitores que declararam ter Ensino
Superior Completo ou Ensino Superior Incompleto correspondem a 10,1% do
eleitorado, com 196.924 cidadão aptos a votar.
Vulnerabilidade
O ajudante de pedreiro, que preferiu não se identificar, não saber ler nem
escrever. Ele é um deste alagoanos analfabetos que vai às urnas para escolher
os representantes do estado nas Eleições 2014. “O voto é importante por causa
da democracia. Se tem democracia, então a gente tem direito de votar e escolher
o que a gente quer. Eu escolho os candidatos pela proposta de cada um. Vou
analisando a partir do guia eleitoral e voto naquele que mais me identifico”
diz o trabalhador que para ir às urnas leva uma 'cola' com os números dos
candidatos escolhidos anotados.
Apesar da noção de democracia, a realidade do ajudante de pedreiro não é
diferente dos muitos brasileiros que frequentemente são tentados a trocar o
voto por benefícios devido a vulnerabilidade provocada pelo analfabetismo. “Já
cheguei a trocar meu voto por material de construção - cimento, tijolo e areia.
Naquela época eu não entendia que era errado, ai eu trocava porque sabia que
eles não iriam fazer as coisas que diziam. Eu pensava: eu vou pegar agora
porque depois eles vão fazer o que eles quiserem e não vão me ajudar",
completa ao enfatizar que conhece uma série de pessoas que também trocou o
voto.
Honestidade
Também analfabeta, a empregada doméstica Maria José da Silva, 61, diz que já
foi tentada a 'vender' o voto, mas nunca caiu na tentação. Para escolher os
candidatos ela conta que em cada eleição assiste ao horário eleitoral na
televisão.
"Já teve gente querendo me dar feira, tijolo e até R$ 100. Meu voto eu não
vendo a ninguém. Ele é sagrado. Eu trabalho e não preciso sujar meu título”,
diz Maria José ao assegurar sua honestidade mesmo diante da falta de estudo e
conhecimento sobre política.
Analfabetismo x Eleições
De acordo com o cientista político, Ranulfo Paranhos, quanto maior o número de
analfabetos num colégio eleitoral, maiores são as possibilidades de se eleger
candidatos envolvidos em escândalos de corrupção, crimes de mando e outras
questões não desejáveis para um bom representante.
“Não temos registros de regiões do país ou estado onde o
analfabetismo seja alto como em Alagoas e os índices sociais sejam bons. Isso
porque o desenvolvimento de municípios, estados, regiões e do país depende
muito da tomada de decisão pública feita pelos candidatos que conquistam
cadeiras através do voto popular. Se a escolha é ruim, o futuro econômico e social
tem grandes chances de ser ruim", expõe.
Para Paranhos, o analfabetismo e más administrações políticas estariam
diretamente ligados. “Eleitores com baixa formação educacional tendem a
escolher políticos que não produzem políticas públicas para mudar o quadro
social. Se não há novos grupos políticos em formação, os grupos que estão no
poder permanecem por mais tempo ou indicam seus sucessores e consequentemente a
gente não muda na forma de 'fazer gestão' pública, na forma de alterar o quadro
social para índices mais desejados”, completa o cientista político.