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heitor simões gomes
Conversas iniciadas na internet foram o atalho para jovens brasileiros
abrirem sua vida íntima a pessoas até então desconhecidas que se tornaram
parceiros sexuais, de acordo com a edição 2014 da pesquisa “Este Jovem
Brasileiro”, realizada pelo Portal Educacional e obtida com exclusividade pelo G1. Entre os jovens
ouvidos, 5% disseram já ter feito sexo com pessoas conhecidas pela internet.
Nem todos os contatos nascidos na internet, porém, terminam na cama, mas não
são raras as relações que pulam do mundo virtual para o real: 11% dos
adolescentes entrevistados já namoraram com alguém conhecido na internet. O
mais comum, porém, é não passar de alguns beijinhos, coisa que 22% dos jovens
disseram já ter ocorrido. Enquanto isso, os pais nem suspeitam: pouco mais de
1% sabe que os “ficantes” ou namorados dos filhos foram conhecidos na internet.
Para traçar o perfil sobre o
comportamento dos jovens na internet, a pesquisa ouviu 4 mil estudantes de 13 a
16 anos, 300 pais e 60 professores de 36 escolas particulares em 14 estados
brasileiros. Eles responderam às perguntas de forma anônima por meio de um
formulário on-line entre 5 de maio e 27 de junho deste ano. O estudo foi feito
em parceria com o psiquiatra Jairo Bouer.
As novas amizades virtuais
geralmente são apresentadas por amigos, surgem nas redes sociais ou são feitas
por meio de aplicativos para celular. Segundo a pesquisa, no entanto, 60% dos
jovens não confiam nas pessoas conhecidas assim. Mas há os que confiam. Dos 4
mil jovens, 600 já abriram a webcam de seus computadores para completos desconhecidos.
Quando encontram pessoas conhecidas pela internet, possuem estratégias para
garantir a segurança: marcam em algum lugar público ou levam um amigo a
tiracolo.
'Stalkear' pode
A internet é parte importante da vida desses adolescentes. A pesquisa aponta
que 85% dos jovens passam ao menos duas horas conectados. A preponderância da
internet na vida deles faz dela uma ferramenta para que construam seus
relacionamentos. Isso porque pouco mais da metade dos jovens recorreram à rede
para pesquisar a vida de potenciais “ficantes” ou namorados.
Mas também usam para
miná-los. Entre os adolescentes que já estão comprometidos, mais de 40% não
acha que paquerar na rede seja problema. Três em cada dez tiveram que discutir
a relação com amigos ou namorados devido a alguma postagem em redes sociais.
Mentindo a idade
Apesar de os pais não estarem a par do que os filhos fazem na rede, não quer
dizer que não monitorarem as ações dos adolescentes de algum tipo. O problema é
que quando controlam o acesso à rede, a tentativa não é aceita por um terço dos
jovens. O controle ao acesso não é respeitado mesmo quando exercido pelos
próprios serviços. Mais de 90% entraram em redes sociais antes dos 12 anos – a
idade mínima permitida no Facebook, por exemplo, é de 13 anos. Como fizeram
isso? Simples: 86% admitiram ter mentido a idade.
Quando os pais impõem alguma
restrição, os jovens surgem com meios para driblar métodos de controle. Para
63% deles, é mais fácil evitar a vigilância paternal com o uso de tablets e
smartphones. Quando querem privacidade, são esses os aparelhos usados por um a
cada quatro jovens. Identificado como um aparelho pessoal, os celulares não são
controlados pelos pais de 80% dos jovens.
A conexão frequente dos
jovens causa atritos dentro de casa. Quatro a cada cinco pais dizem ter
problemas com os filhos pelo uso exagerado da internet. E tem motivos para se
preocupar: quase um terço dos jovens já compartilhou dados pessoais na rede,
como telefone, endereço ou documentos. A maioria deles (65%), porém, sabe que o
rastro digital pode ser usado para avaliá-los futuramente. Saber que expor
informações pessoais pode prejudicá-los no futuro, mas, mesmo assim ir adiante,
ocorre porque os jovens sofrem um apagão quando usam o celular. Um terço dos
adolescentes diz que não pensam muito antes de postar pelo celular.