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União dos Palmares
13/08/2014 14:34:35

Mulher de 114 anos sonha encontrar filhas deixadas em União

Com a saúde frágil, ela conta a um site do Paraná que precisou fugir do marido em 1966

Mulher de 114 anos sonha encontrar filhas deixadas em União
D. Filomena - mulher ,mais velha do Brasil é de União dos Palmares

correiodealagoas //

umuarama ilustrado

 

Com 114 anos, Filomena Maria da Conceição está em Douradina (PR) sonhando em encontrar suas duas filhas deixadas há 59 anos, em União dos Palmares (AL). Em reportagem publicada no site Umuarama Ilustrado, o repórter Cleverson Zanquetti conta que a idosa está com a audição vagamente prejudicada, visão cansada, mobilidade comprometida nos últimos dois meses, 35 quilos de peso em um pouco mais de 1,50 metros de altura.

 

A supercentenária, como é chamada às pessoas com mais de 110 anos, lembra pouco de sua infância. No entanto, o que não consegue apagar de sua memória são os anos de sofrimento quando esteve junto ao marido, a quem a tinha como propriedade desde os 15 anos de idade.

 

“Sempre trabalhei na lavoura, apanhava de meu marido e não aguentava viver com meus seis filhos naquela miséria. Meu marido tinha outra mulher, então aceitei o convite de um irmão para vir ao Paraná em 1966”, lembra Filomena, com auxílio da filha Tereza Filomena dos Santos, de 68 anos.

Segundo a reportagem, Filomena disse que se estava difícil a vida em Alagoas, por isso decidiu se mudar para o Paraná. Como boia-fria, ela sustentou os quatro filhos que a acompanhou. “Muito sofrimento, trabalho duro de sol a sol para viver”, observa.

 

Iletrada e com a memória confusa, Filomena nada sabe sobre a importância histórica de sua cidade de origem. Conforme o repórter, ela devolve com outra pergunta, seguida de uma resposta objetiva o questionamentos acerca da escravidão, haja vista que ela nasceu 12 anos após a assinatura da Lei Áurea e, sequer ouviu falar sobre o protagonismo de Zumbi dos Palmares – maior personalidade de sua cidade natal. “Zumbi? Não sei”, diz.

Outros fatos que poderia ter testemunhado, tais como as duas grandes guerras, revoluções ou golpes de 1930 e de 64, bem como governos populares de Kubitschek e Vargas, nada sabe. “Não lembro”, responde.

Quanto ao segredo da longevidade, Filomena atribui a Deus. Ela afirma que sempre comeu de tudo, nunca bebeu bebida alcoólica e só deixou de fumar aos 74 anos. Para ela, cada um tem que viver a vida e não se importar com a vida alheia; e aconselha a não beber e não jogar.

 

“A vida não dá nada a ninguém. Quem dá é Deus. Não tenho nada a agradecer. Tudo o que fiz foi trabalhar para os outros para viver. A única coisa que quero é reencontrar Maria e Josemilda, as duas filhas que tive que deixar em Alagoas”, emociona-se.

 

Com uma das certidões de nascimentos mais antigas do Brasil, Filomena nunca teve graves problemas de saúde. Entretanto, submeteu-se a uma cirurgia intestinal há 60 dias. Depois disso fragilizou-se, pressente que não verá a passagem de novas décadas e aguarda socorro para ‘ver nas meninas’, só então, aproveitar seus últimos dias de uma jornada exaustiva e merecida.

 

Onde pode estar  ‘as meninas’?

Filhos e alguns dos 15 netos conhecidos de Filomena tentaram procurar Maria e Josemilda. As buscas se concentraram, sobretudo, por meio de redes sociais, sem grande sucesso. “Tentamos, mas é difícil. Não sabemos se elas estão em União dos Palmares ou para aonde foram. Nunca mais tivemos notícias e só com a ajuda da televisão, poderemos encontrar”, solicita.

 

Filomena diz que o marido se chamava José Sebastião Martins e sabe que nos registros de Maria e Josemilda há somente o sobrenome do pai, Martins. “Elas devem ter casado e recebido os sobrenomes de seus maridos, mesmo assim, com os nomes dos avós: Izabel Maria da Conceição e João Antônio da Silva, dos irmãos e dos pais é possível encontrá-los”, destaca Tereza.

 

Quem puder colaborar para o reencontro pode entrar em contato com o Ilustrado, pelo telefone (44) 3621-2500 – em horário comercial – ou pelo e-mail editoria@ilustrado.com.br.  

 

Filomena é uma recordista; nasceu  no último ano do século XVIII

Em breve análise, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sugere que, caso Filomena realmente tenha 114 anos, ela não é apenas a pessoa viva mais velha da região, mas de todo o país.

 

Conforme depoimento de Tereza, a segunda dos seis filhos, Filomena se casou aos 15 anos e só teria o primeiro filho aos 44 anos. Algo improvável pela idade e, principalmente, para uma época em que métodos contraceptivos relevantes não tinham abrangência. 

 

A dúvida aumenta se for levada em consideração que em um período de 10 anos Filomena teve seis filhos, uma média de um bebê a cada 1,6 anos, compreensível, porém, pouco provável com a possibilidade dela ter tido seu último filho com 54 anos, seis anos depois de deixar seu único marido.

 

Tereza conta que a Certidão de Casamento foi perdida e quando Filomena foi Paraná, em 1966. Assim sendo, Filomena teve que refazer a Certidão de Nascimento, onde comprova ter nascido no dia 6 de março de 1900.

 

Naquela época registrar os filhos era incomum no Brasil. Uma lei de 1949 tentou amenizar o problema permitindo que qualquer pessoa, acompanhada de duas testemunhas, poderia solicitar seu registro simplesmente dizendo o ano de seu nascimento. 

 

Reconhecidamente, ou seja, com documentos válidos, a pessoa que mais tempo viveu foi a francesa Jeanne Calment, que morreu em 1997, aos 122 anos. 

 

No Brasil há relatos de que Maria Olívia da Silva, de Astorga (PR), morta em 2010, tenha vivido 130 anos, sem comprovação do Guiness Book e reconhecido pelo RankBrasil. 

 

Para se chegar a uma conclusão definitiva é preciso realizar alguns estudos, mas uma coisa ninguém pode contestar, particularidades à parte, o documento oficial atesta que Filomena é do século XVIII, portanto, provavelmente, a mais velha do Brasil. 

 

Centenários do Brasil

 

Segundo dados do IBGE, a população brasileira atual é composta de pouco mais de 200 milhões de pessoas. Entre estas pessoas a maior parte da população esta na faixa etária entre 10 e 34 anos. Entre os homens há mais pessoas com 15 até 24 anos enquanto as mulheres são maioria dos 20 aos 29 anos.

 

As estatísticas também são mais generosas na medida em que se observa o topo da pirâmide etária. Dados de 2010 apontam que 23.636 pessoas são centenárias. Entre elas 7.247 são homens e 16.389 são mulheres.