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lucas toschi
Beber além da conta e criar problemas nas relações com a família e amigos é uma doença. O alcoolismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) não tem cura, mas controle. A possibilidade das trocas de experiências entre os alcóolicos já é comprovada como uma das melhores alternativas para facilitar o afastamento do vício. E a família, como deve proceder?
Os Grupos Familiares Al-Anon são parte de uma associação de parentes e amigos de alcóolicos que compartilham suas experiências para fortalecer o processo de recuperação da confiança entre familiares daqueles que sofrem com o problema. São cerca de 700 grupos no Brasil e 24 mil no mundo todo para tratar das consequências do alcoolismo nos relacionamentos em torno do bebedor-problema - que é aquele desestabiliza suas relações pelo hábito de beber.
Em entrevista ao Programa Ponto de Vida do portal de notícias online TvAbcd, a secretária-geral da Associação Nilce Totino reforça a importância de dar suporte aos familiares que sustentam o dia-a-dia da transformação e repensam as relações abaladas pelo hábito de beber.
— O alcoolismo é uma doença de relacionamento e atinge principalmente a família. Atinge aqueles que têm o desejo enorme de fazer o familiar parar de beber — explica Nilce ao vivo no Programa.
A especialista reforça que a troca de experiências é um recurso eficiente, reconhecido pela OMS, para viabilizar a melhora de circunstâncias familiares dos alcóolatras em recuperação. Esta seria uma medida para reduzir os danos da doença, que provoca inúmeras perdas, como as dificuldades financeiras e emocionais, a frustração em relação aos planos de vida e a vulnerabilização para o desenvolvimento de cerca de 200 doenças relacionadas.
Ajuda
para o início do processo
Para
os familiares que convivem com um alcóolico que ainda não teve a coragem de
enfrentar o vício, a terapeuta Erica Aidar, membro fundador do Centro de
Referência de Álcool e Drogas de Barueri, dá algumas dicas para minimizar os
danos psicológicos nos parentes que sofrem com a dependência.
- Informe-se
Entender a dinâmica do vício e as dificuldades para vencê-lo vai mudar a relação com o bebedor-problema. É importante saber que a mudança depende de força de vontade sim, mas que não é só isso. Existe um conjunto de circunstância que promove o ciclo vicioso e é preciso encará-lo de frente.
- Apoie sempre que possível
Dar
apoio ao familiar, não significa incentivar o consumo do álcool. A terapeuta
reforça a importância da sensação de acolhimento da pessoa quando chega em
casa, deixando claro que o vício não é bem-vindo.
- Incentive a busca por ajuda.
Informar
sobre a eficiência e o anonimato de reuniões dos Alcoólicos Anônimos,
acompanhá-lo em suas decisões e expor o quanto importa para todos que o
tratamento seja iniciado pode ser uma maneira de influenciá-lo. A Erica afirma
que quanto mais próxima a família estiver, maiores são as chances de que o
parente não desista do tratamento.
-
Não incite o vício
Evite
que o parente passe por situações que propiciem uma recaída para o alcoolismo.
Erica Aidar lembra que além de não frequentar bares, o alcoólico não deve
conviver com bebidas alcoólicas em casa ou em festas. Mantenha-o
responsável por suas próprias ações, mas cuide do contexto social.