Por João
Paulo Farias – Texto e Fotos
Cerca de
cinquenta estudantes dos cursos de licenciatura em Pedagogia, Matemática e
Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Campus Caruaru,
enfrentaram dificuldades na manhã do sábado, 12, em visita à Serra da Barriga,
localizada no município de União dos Palmares, Estado de Alagoas.
O passeio
foi uma aula de campo da disciplina Racismo e Educação das Relações Étnico
Raciais e quase não acontece devido as péssimas condições da estrada de barro
que dá acesso a serra. O ônibus pertecente a UFPE danificou o parachoque quando
tentava atravessar uma lagoa formada no meio do caminho.
Após
quase uma hora no meio da estrada, os estudantes foram transferidos para um
ônibus mais simples alugado às pressas no valor de R$ 200 reais. Mesmo
assim o veículo teve dificuldades devido ao excesso de buracos na estrada.
Já passava das onze horas quando, enfim, os estudantes chegaram ao Parque
Memorial Quilombo dos Palmares.
A
excursão foi acompanhada pelo guia em turismo Carlos Santos, que apresentou aos
estudantes um pouco da história do local que representa a luta do povo negro contra
a escravidão.
O Parque,
que passou por uma reforma, ainda não está funcionando em sua totalidade. Dos
seis pontos de áudio, apenas quatro funcionam. Os banheiros estão ainda sem
água, segundo informações, por problemas no sistema de bombeamento.
CONHECIMENTO
Mesmo com
tantos problemas a visita foi positiva na avaliação dos alunos e professores.
Para a professora Denise Torres, que ministra a disciplina Racismo e Educação
das Relações Étnico Raciais, o momento foi de ampliar os conhecimentos que os
alunos adiquirem através dos textos em sala de aula.
“A gente
estuda muito sobre a valorização da cultura do negro, sobre racismo, sobre o
que é um quilombo. Mas aí eles (alunos) têm muito essa visão distanciada e
quando a gente vem pra cá, consegue trazer essa vivência”, avalia a educadora.
Há dois
anos que a professora traz excursões pedagógicas à Serra da Barriga. Segundo
ela, cerca de 180 alunos já visitaram o local. Questionada sobre a falta de
estrutura para chegar ao parque, Denise disse que a visita teria sido melhor se
não houvesse tantos problemas.
“A gente
poderia ter aproveitado melhor; e aí é uma luta nossa também, o que a gente
puder ajudar pra melhorar a infraestrutura, para possibilitar o acesso a nossa
cultura”, conclui.
Aluna do
quinto período de Pedagogia, Karem Chagas, disse que foi uma experiência única
conhecer a serra. “A gente sabe que a questão dos negros é uma coisa que a
gente só vê na Universidade, porque na escola a gente não aprende isso”,
ressaltou Chagas.
Ela disse
que quer voltar mais vezes ao local e vai usar o conhecimento adquirido quando
estiver em sala de aula. “Vai ajudar eu poder chegar à sala de aula e passar
para meus alunos que a gente não está mais com aquela visão europeia”, destacou
a estudante.