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elisana Tenório
Uma doença esquisita amaldiçoa e atormenta os moradores de Feira Grande, no
Agreste alagoano, há pelo menos um século. De uma hora para outra, amigos e
familiares de homens e mulheres da região começam a perceber que essas pessoas
perdem um pouco do equilíbrio, como se estivessem trôpegas, demonstram irritação
contínua, apresentam falhas de memória... Os sinais são variados, porém o que
mais chama a atenção é uma espécie de balançado no corpo que o portador da
Doença de Huntington começa a ter. O mal é genético, hereditário, progressivo e
incurável.
Um deles é Cassimiro Henrique de Lima, 59. Como
sempre teve um temperamento calmo, de bom humor acentuado, sua esposa, Maria
Santos Lira, 60, com quem está casado há 41 anos, foi a primeira a notar às
modificações no comportamento do marido. “Ele está ‘com nervoso’”, previu,
referindo-se à Doença de Huntington, pois é dessa forma que os moradores de
Feira Grande costumam chamar a doença.
Mas não foi só isso que fez com
que dona Maria acertasse o diagnóstico de imediato. Os 16 pacientes da cidade
são parentes de Cassimiro Henrique. Sua mãe morreu comprovadamente desse mal,
assim como três de seus tios e, desconfia-se, que dois de seus irmãos tenham se
suicidado devido a complicações emocionais provocadas pela doença.