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Feira Grande
04/05/2014 10:13:00

Feira Grande tem alta incidência de doença rara

Feira Grande tem alta incidência de doença rara
Praça em Feira Grande

gazetadealagoas //

elisana Tenório

 

Uma doença esquisita amaldiçoa e atormenta os moradores de Feira Grande, no Agreste alagoano, há pelo menos um século. De uma hora para outra, amigos e familiares de homens e mulheres da região começam a perceber que essas pessoas perdem um pouco do equilíbrio, como se estivessem trôpegas, demonstram irritação contínua, apresentam falhas de memória... Os sinais são variados, porém o que mais chama a atenção é uma espécie de balançado no corpo que o portador da Doença de Huntington começa a ter. O mal é genético, hereditário, progressivo e incurável.

Por incrível que pareça, já que praticamente não há divulgação sobre o assunto, o município de Feira Grande é o segundo maior do país em incidência da doença. Ele só perde para a cidade mineira de Ervália. Atualmente, existem 16 casos notificados pela Associação Brasil Huntington Secional de Alagoas. Desses, três são de pessoas que estão acamadas há anos, algumas já em vida vegetativa. Todos, porém, têm em comum laços de consanguinidade. São primos de segundo, terceiro, quinto, décimo graus e por aí vai...

Um deles é Cassimiro Henrique de Lima, 59. Como sempre teve um temperamento calmo, de bom humor acentuado, sua esposa, Maria Santos Lira, 60, com quem está casado há 41 anos, foi a primeira a notar às modificações no comportamento do marido. “Ele está ‘com nervoso’”, previu, referindo-se à Doença de Huntington, pois é dessa forma que os moradores de Feira Grande costumam chamar a doença.

Mas não foi só isso que fez com que dona Maria acertasse o diagnóstico de imediato. Os 16 pacientes da cidade são parentes de Cassimiro Henrique. Sua mãe morreu comprovadamente desse mal, assim como três de seus tios e, desconfia-se, que dois de seus irmãos tenham se suicidado devido a complicações emocionais provocadas pela doença.