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rosana oliveira
Um problema com
solução adiada pelo poder público há 14 anos resultou em uma situação
inusitada na Escola
Estadual Rui Barbosa, em Morro Grande, no município de Viamão. Construído
para ser provisório, um anexo com quatro salas de aula, cozinha e refeitório se
transformou na instalação permanente dos mais de 300 jovens que estudam
no local. Na semana passada, o prédio foi interditado pela Secretaria de Obras sob
ameaça de desabamento. O resultado: com apenas três salas disponíveis para os
mais de 300 alunos, os estudantes estão indo às aulas dia sim, dia não.
Os alunos estavam divididos originalmente em 15 turmas. Para dar conta do grupo, a direção da escola enturmou os estudantes em grupos maiores e espalhou as aulas em turnos diferentes e dias alternados. As salas, que recebiam de 15 a 25 crianças, agora ficam apinhadas com mais de 40 crianças.
O refeitório foi substituído por mesas posicionadas na varanda da escola.
Sem cozinha, a merenda ficou restrita a bolachas e frutas. Nos fundos da
escola, um depósito com apenas uma lâmpada virou sala de aula, abrigando 14
alunos do 2º ano e a professora. Com o espaço das oficinas de teatro e música
interditados, as aulas são ministradas embaixo de árvores. Nesta quinta-feira,
o único banheiro masculino não tinha papel higiênico nem toalha. Nos dois vasos
sanitários disponíveis (o terceiro estava interditado) faltava o assento.
— Há 14 anos, esses prédios foram feitos de maneira provisória pelo
Estado e pela própria comunidade escolar, que levantou fundos para fazer o
anexo (hoje interditado). Recebemos a informação da coordenadoria regional de
educação de que as obras já estão sendo licitadas e devem começar até o fim do mês,
sendo concluídas rapidamente. Estamos aguardando os contêineres para suportar
esse período — conta a vice-diretora, Marli Zimmermann.
A informação de que os contêineres serão enviados para amenizar o problema é negada pela Secretaria Estadual da Educação. A diretora administrativa da pasta, Sônia da Costa, garante que as obras serão feitas nos próximos meses.
— Estamos estudando uma forma de atender melhor os alunos durante a
obra, mas isso ainda não está definido. A reforma deve começar em até 50 dias e
vai custar R$ 2,5 milhões. Não dissemos a eles que as aulas serão em
contêineres.
A vice-diretora teme que a situação piore nos próximos dias:
— Enquanto não está chovendo, ainda dá para ir levando. Se chover, vamos ter de dispensar as crianças.
Desde a semana passada, os 317 alunos da Escola Estadual Rui Barbosa, localizada em Morro Grande, Viamão, assistem às aulas dia sim, dia não, e sob condições precárias. Ameaçado de desabamento, um anexo com quatro salas de aula, refeitório e cozinha foi interditado pela Secretaria de Obras após uma vistoria. Os alunos foram acomodados em três salas restantes e se revezam por falta de espaço. Nas paredes de madeira, cartazes colados reproduzem em tinta guache o apelo dos estudantes: “Queremos uma escola nova”.
A coordenadoria regional de Educação informou à direção da escola que já estão sendo providenciados contêineres para acomodar os alunos. A diretora administrativa da Secretaria Estadual da Educação, Sônia da Costa, porém, nega que o Estado pretenda utilizar os contêineres, também chamados de “escolas de lata”, enquanto o prédio estiver em reforma:
– Estamos estudando uma forma de atender melhor os alunos durante a obra, mas isso ainda não está definido. A reforma deve começar em até 50 dias e vai custar R$ 2,5 milhões. Não dissemos a eles que as aulas serão em contêineres.
O mais incrível na história da escola Rui Barbosa é a opinião de Sônia de que os alunos não terão prejuízo por assistirem às aulas dia sim, dia não.
– Isso foi definido junto à comunidade escolar. Eles não serão prejudicados – disse.
Como a lei estabelece a exigência de 200 dias letivos, é de se perguntar de onde a diretora tirou a ideia de que as crianças não terão prejuízo indo à escola de dois em dois dias, sabe-se lá por quanto tempo. Afinal, uma obra de R$ 2,5 milhões, que vai começar daqui a 50 dias, não se faz do dia para a noite. E a comunidade escolar não tem poder para desafiar a lei e encurtar a carga horária. O prejuízo é evidente.
Será melhor para as crianças se o secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, reconhecer que a sua subordinada se equivocou e providenciar, imediatamente, os contêineres, como estrutura provisória. Apesar do rótulo de “escolas de lata”, colado pelo PT à época em que estava na oposição, os contêineres são climatizados e oferecem condições bem melhores do que o galpão onde algumas das crianças estudam hoje.