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Saúde
05/03/2013 14:07:26

'salvamos vítimas de tiro, fazemos a cirurgia, mas o pós-cirúrgico não garantimos', afirma cirurgião do HGE

'salvamos vítimas de tiro, fazemos a cirurgia, mas o pós-cirúrgico não garantimos', afirma cirurgião do HGE
HGE em Maceió

correiodealagoas //

foto gazetaweb

 

A greve foi mantida e os médicos da rede estadual de Saúde aproveitaram o momento da assembleia, ocorrida na noite desta segunda-feira (04), no auditório do Sindicato dos Médicos (Sinmed), no bairro do Trapiche, em Maceió, para fazer relatos chocantes a respeito do caos nos locais de trabalho. O Hospital Geral do Estado (HGE), como sempre, assume o ranking no que pode ser considerado absurdo, conforme as declarações dos profissionais. No entanto, servidores de outros hospitais também se manifestaram e atribuíram em 100% a culpa ao Governo do Estado.

 

Indignado, o cirurgião Marcos Holanda ocupou o tempo permitido para denunciar o descaso pela qual a sociedade passa, caso necessite de cirurgias no HGE. “Não podemos conviver com essa realidade que nos aflige. Conseguimos salvar vítimas de tiros, de acidentes, fazemos a cirurgia, mas, o pós-cirúrgico não garantimos, é muito ruim, complicado. Falta medicamentos e condições de dar assistência aos pacientes e eles morrem”, declara o médico.

 

As declarações de Holanda deixam a sociedade mais insegura. Ele revelou a situação precária e os riscos de morte aos quais a população é submetida, diariamente, pela falta de estrutura no hospital que era para ser o centro de referência no atendimento de urgência e emergência na capital.

 

“Apesar de jovem, amo o que faço. Mas, acabou o tesão de trabalhar no HGE porque todos os dias falta uma coisa. Não temos, por exemplo, medicamentos antiarrítmicos para socorrer o paciente e, numa tentativa de salvá-lo, tenho de usar o desfibrilador , o aparelho que dá choque, e isso é inaceitável”, desabafa.

 

O oftalmologista Homero Costa, do 1º Centro de Saúde, também apresentou a situação decadente da unidade onde trabalha. Ele começou afirmando que “a oftalmologia no estado só existe por conta dos projetos federais”.

 

“O primeiro centro é o único que recebe todos os casos clínicos. Mas, lá, não temos sequer um colírio anestésico para garantir o atendimento numa necessidade. A acessibilidade no local também é terrível, temos pacientes amputados que passam por constrangimentos até chegar ao médico. O quadro é terrível”, afirma.

 

HDT

Médicas do Hospital Hélvio Auto, conhecido como de Doenças Tropicais, que atende os mais variados casos de doenças infectocontagiosas, fizeram denúncias graves. O equipamento de raio-x está quebrado e os pacientes portadores de Hepatites B e C em estado crônico correm riscos porque os exames não são facilitados.

 

“No ano passado, pacientes fizeram exames no mês de maio e só receberam o resultado em dezembro”, disse a médica.

 

Samu Arapiraca

As denúncias feitas pelos médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Maceió ganharam suporte pelo depoimento de um médico da unidade de Arapiraca. Ele confirmou que a população está a mercê de um serviço sucatado.

 

“Em Arapiraca, uma cidade grande, temos apenas cinco ambulâncias à disposição das pessoas e indo às ruas em situação precária. Recebemos centenas de telefonemas para ocorrências, mas, infelizmente, não podemos fazer muita coisa. Acontece que quando informamos à população a situação e avisamos que o socorro vai demorar, as pessoas vão até a base e veem no pátio um bocado de ambulâncias estacionadas e acham que estamos nos negando a salvar vidas. Não sabem elas que todas estão quebradas e isso é um absurdo”.

 

Em Arapiraca, o Samu tem à disposição 40 médicos, destes, apenas 10 são concursados.