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Economia
24/02/2013 21:07:05

Custo de vida mais caro sufoca aumento do salário mínimo em Maceió

Custo de vida mais caro sufoca aumento do salário mínimo em Maceió
Foto ilustrativa

tudonahora //

reneé le campiom

 

O salário mínimo teve um aumento de 9% em janeiro deste ano, mas os trabalhadores brasileiros reclamam que o bolso permanece “apertado”. Apesar de o reajuste ter trazido um ganho real de 3%, a população não recebeu o novo valor do salário de forma positiva.

 

Com o salto de R$ 622 para R$ 678 em janeiro de 2013, o trabalhador passa a receber R$ 56 a mais do que recebia até dezembro passado. O valor do mínimo, entretanto, ainda está longe do ideal. Um cálculo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), elaborado em dezembro do ano passado, aponta que o salário do brasileiro deveria ser pelo menos de R$ 2.541 para arcar com as necessidades básicas.

 

“O salário aumentou, mas tudo ficou mais caro", afirma a empregada doméstica Vanilda Custódio, de 46 anos. "É só olhar os preços dos produtos no supermercado. É um dinheiro a mais que no final do mês não compensa, porque os preços subiram também. Não sobra dinheiro não”.

 

Em entrevista ao TNH1, Vanilda reclamou das altas nos preços de produtos como verduras, farinha e macaxeira. “Olha só o preço do tomate. Está custando quase R$ 5 o quilo, onde já se viu isso?”, observou.

 

Para economizar nos gastos com a alimentação, Vanilda disse que faz pesquisas de preços constantemente, e muitas vezes recorre às feiras livres e à central de distribuição de alimentos de Maceió (Ceasa), onde encontra produtos mais baratos.

 

Já a professora Lucineide Nascimento, de 28 anos, atentou para o fato de que houve uma alta não só no preço de produtos, mas de todos os tipos de serviço, como aluguel de casas e até de carro. “Eu passei esta semana procurando casa para alugar e fiquei impressionada com os valores. O imóvel mais barato que eu encontrei foi de R$ 450 reais. No ano passado, o preço era muito abaixo disso”, detalhou.

 

Custo de vida aumentou em Maceió

 

A impressão de que tudo está mais caro em Maceió não é uma mera “sensação infundada” do trabalhador. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) revela que houve um aumento, ainda que discreto, no custo de vida do maceioense. A variação registrada no mês de janeiro foi de 0,71%.

 

De acordo com o gerente de IPC da Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande), Gilvan Sinésio, as maiores altas foram registradas nos grupos de alimentação e bebidas (1,65%) e de saúde e cuidados Pessoais (1,5%).

“O grupo alimentício teve essa variação positiva por conta do aumento do preço de produtos como a mandioca e o milho, que estão com a oferta comprometida em virtude da seca na região produtora. Já o grupo da saúde teve essa crescente, pois, normalmente, tanto médicos quanto hospitais reajustam seus preços para o resto do ano em janeiro”, explicou o gerente de IPC da Seplande.

 

Já na cesta básica, a pesquisa mostra que o trabalhador maceioense comprometeu R$ 229,81 do salário mínimo em vigência com a alimentação básica. Em relação ao mês de dezembro do ano passado, houve uma queda de 2,41% no custo da cesta.

 

“Quem ganha o mínimo hoje pode comprar muito mais”

 

Apesar de o trabalhador estar insatisfeito com o novo salário, o economista Reynaldo Rubem afirma que o reajuste trouxe, sim, impacto positivo para a economia e o aumento do poder de consumo da população.

 

De acordo com Rubem, o poder de compra dos brasileiros que dependem do mínimo quase dobrou de 2003 para 2013. “Hoje quem ganha o mínimo pode comprar muito mais. A prova disso é que o aumento real é um dos fatores que explicam o crescimento da classe C”, explicou ao TNH1.

 

Ainda segundo ele, o reajuste do salário mínimo possibilitou um aumento real significativo do poder de compra, assim como o crescimento de empregos formais.

O economista explicou que o cálculo para o aumento do mínimo é baseado na inflação do ano anterior e no percentual de crescimento da economia de dois anos anteriores.

 

“Este ano o aumento real foi de 2,7%, acima da inflação. Antes se dizia que se o salário mínimo ultrapassasse US$ 100 dólares, o país iria quebrar. Hoje se observa que aumentou o contingente de pessoas com capacidade para comprar mais, com isso gerando mais lucro aos empresários, empregos e outros benefícios para a economia”, finalizou Reynaldo Rubem.