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ana paula omena
O uso indiscriminado aliado à falta de controle nas vendas de defensivos agrícolas em Alagoas, sobretudo nas regiões da zona rural, por concentrar grandes plantações de hortaliças, têm sido motivo de preocupação para o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea/AL).
Em Arapiraca, por exemplo, conhecida como a terra do fumo, há cerca de dois anos, centenas de pessoas deram entrada na Unidade de Emergência do Agreste por envenenamento nos períodos de agosto e setembro, tempo de colheita no município. Os profissionais da saúde suspeitaram de tentativa de suicídio por ingestão de substância venenosa, mas após um estudo feito por técnicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligados ao Ministério da Saúde, ficou concluído que o envenenamento era acidental pelo simples fato de as pessoas, ao colher o fumo, levá-lo também embaixo do braço, bem próximo das axilas, resultando na absorção do agrotóxico utilizado no fumo pela pele.
Diante do quadro existente, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, em Arapiraca, também começou a receber pessoas da zona rural com os mesmos efeitos de intoxicação só que desta vez vindas de hortaliças por ingestão de alimentos.
À época, a então deputada federal Célia Rocha fez um pronunciamento em plenário alertando sobre a importância de um estudo no sentido de identificar quais defensivos agrícolas estavam sendo prejudicial à saúde humana. Ficou constatado na cidade de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, que o defensivo agrícola ‘diclorodifeniltricloroetano’ estava causando infertilidade masculina, aborto e contaminação do leite materno.
Para Roosevelt Patriota, presidente do Crea, a fiscalização pela Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal) tem sido deficiente neste caso. “O Crea vai atuar na fiscalização no sentido de garantir o controle exigindo o receituário agronômico dos defensivos agrícolas”, avisou.