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ana paula omena
A alagoana Rita da Silva Rotondaro teve duas tristezas neste final de ano: a primeira foi a notícia do falecimento de seu pai e a segunda, de que perdeu de ficar milionária por não ter pago o bilhete com os números exatos ao da Mega-Sena da Virada.
“Minha filha Raísa, de 9 anos, foi quem marcou os números 14, 32, 33, 36, 41 e 52 a lápis, mas infelizmente perdemos de ficar milionárias porque, diante da situação da morte do meu pai, não pude ir até uma lotérica para pagar o bilhete. Cheguei a pedir para um primo fazer isso, mas ele se recusou dizendo que já tinha marcado o dele e que, se fosse o meu pai que tivesse marcado, ele até que pagaria...”, lamentou.
Segurando o bilhete premiado, porém não pago, Raísa da Silva Rotondaro, pela inocência de criança, não tinha a noção do quanto que tinha perdido - uma bolada de R$ 244.784.099,15. Se ela tivesse arrecadado o prêmio, este seria de mais de R$ 61 milhões, já houve três ganhadores.
A mãe dela disse que perdeu de ficar rica, mas que não desistiria de fazer novos jogos.
“Não tenho o costume de jogar, agora vou tentar mais vezes para ver se a sorte bate novamente em nossa porta, mesmo dividido por quatro este dinheiro mudaria minha vida por completo”, destacou, referindo-se aos três ganhadores que juntos dividiram quase R$ 82 milhões.
Rita Rotondaro não conferiu o bilhete marcado pela filha e ela mesma se encarregou de amassá-lo e jogá-lo no meio da sala da casa de sua mãe, no conjunto Antares, na parte alta de Maceió. “Minha mãe foi quem pegou o bilhete e foi conferir quando viu me disse que Raíssa tinha feito a quadra, tive a curiosidade e fui ver; quando vi não acreditei... virei para minha mãe e disse: ela não fez só a quadra, não, mãe! Ela acertou foi os números todos!”, revelou.
“Duas tristezas no final de 2012... que em 2013 as notícias sejam melhores”, frisou.
Coveiros paralisados
Outro transtorno para os familiares de Rita Rotondaro foi horas antes do sepultamento de seu pai. Ela contou que o enterro estava marcado para às 13h desta terça-feira, dia 1º, mas só veio a acontecer cinco horas depois. O motivo? Não tinham coveiros para abrir covas nos cemitérios municipais de Maceió.
No Cemitério de São José, no bairro do Trapiche da Barra, local onde a família enterraria o senhor Angelito Ferreira Rotondaro, nenhum coveiro apareceu para trabalhar, e quem queria sepultar seus parentes teve que recorrer aos particulares ou os próprios cavarem a sepultura.
O novo administrador do Cemitério de São José, Pedro Fernandes, embora não pudesse conceder entrevista, informou para a reportagem que os coveiros terceirizados paralisaram as atividades no dia 1º pelo fato de não saberem se o contrato seria renovado.
Ele explicou que o último concurso realizado pela Prefeitura de Maceió efetivou 30 coveiros, mas que por eles em sua maioria serem de nível superior estavam se esquivando das atribuições. Um senhor identificado como Jorge que dá manutenção nos cemitérios públicos de Maceió acrescentou que o número de coveiros aprovados no concurso seria insuficiente para atender a demanda.
“Só no São José seriam 20 coveiros; nos demais seriam quatro em cada um, com um número ideal de 96, porém só tem 48 no total”, mencionou Jorge.
Pedro Fernandes frisou que nenhum sepultamento esteja deixando de acontecer pela paralisação dos coveiros. “Os coveiros com 30 anos de função ajudaram a gente ontem abrindo umas cinco covas. Se não fossem eles, a situação realmente estaria difícil. Pelo que sei, os aprovados no concurso teriam que vir trabalhar já no dia 1º e não apareceram. Alguns têm até medo de barata e sabiam que viriam para este tipo de serviço”, salientou. “Os coveiros terceirizados mesmo sem saber se haverá renovação de contrato retomaram os trabalhos”, alegou.
A Secretaria Municipal de Controle e Convívio Urbano (SMCCU) comunicou, por meio de sua assessoria de comunicação, que o novo secretário Neander Teles ainda não teria assumido o cargo, não estava sabendo do ocorrido e não poderia falar sobre o assunto.
A respeito dos coveiros aprovados no concurso, a assessoria informou que eles receberam um amplo treinamento desde o último mês de novembro realizado pelo Departamento de Recursos Humanos da SMCCU e sabem da função estabelecida por meio do edital do concurso.