29/09/2025 13:53:27

21/11/2012 17:44:13

Pesquisa revela que Alagoas tem as três mais violentas cidades do país

Pesquisa revela que Alagoas tem as três mais violentas cidades do país
Ilustração

emergência190 //

a tarde

 

Dos 20 municípios mais violentos do país (com mais de dez mil habitantes), cinco estão na Bahia e três em Alagoas, segundo o Mapa da Violência, do Instituto Sangari: Simões Filho e Lauro de Freitas, ambos pertencentes à Região Metropolitana de Salvador, além de Eunápolis, Porto Seguro e Itabuna.

 

— É um estado muito violento. É uma questão de calamidade pública — diz o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, que também vê uma normalização na notificação dos homicídios ao sistema de saúde. — Até a década de 90, tínhamos um problema de subnotificação na Bahia. Ao menos, isso não ocorre mais, o que ajuda no diagnóstico do problema.

 

Em 2011, foram registradas 4.380 mortes na Bahia, superando os assassinatos registrados no estado de São Paulo, onde foram contabilizadas 4.194 vítimas.

 

Em 2010, Salvador registrava 69 homicídios por cem mil habitantes, um aumento de cinco vezes, pulando para a quarta colocação no ranking das capitais mais violentas, atrás apenas de Maceió, João Pessoa e Vitória. Hoje, Salvador tem a taxa de homicídios de 61 por cem mil habitantes, cinco vezes mais do que estabelece as Organizações das Nações Unidas (ONU) como suportável para grandes cidades: de 12 por 100 mil.

 

Promotora é estuprada

 

A polícia baiana prendeu os responsáveis pelo sequestro de uma juíza e uma promotora de Justiça na noite de quinta-feira, no bairro da Pituba, na orla da capital baiana. Elas foram levadas para a periferia, assaltadas e agredidas. A promotora foi estuprada, segundo a polícia.

 

As vítimas foram abordadas por três homens quando estacionavam o carro próximo a um bar.

 

Depois de rodar com as vítimas pela cidade, os bandidos liberaram a juíza e levaram promotora para uma casa, onde ela foi violentada. Ela só foi liberada na manhã seguinte.

 

O grupo foi preso pela polícia entre a noite de terça-feira (20) e a madrugada desta quarta (21). Um homem de 21 anos, uma mulher de 19 e dois adolescentes, um de 15 e outro de 16 anos, foram apresentados na Secretaria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

 

De acordo com a polícia, três dos suspeitos foram presos no bairro Boa Vista de São Caetano após investigações do Serviço de Inteligência da Polícia Civil. Os investigadores usaram imagens das câmeras de segurança dos bancos onde saques foram realizados pelo grupo utilizando cartões das vítimas.

 

“Nós fizemos a operação integrada, tivemos a informação de que eles estavam lá, coletamos imagens dos saques e nosso informante disse que eram eles”, afirmou Major Paraíso, da 13ª Companhia Independente da Polícia Militar na Pituba.

 

O quarto suspeito pelos crimes chegou afugir da abordagem policial, mas foi detido no bairro Fazenda Grande do Retiro. Perguntado sobre a agilidade da polícia em encontrar os suspeitos pelo crime contra profissionais da área jurídica, o secretário afirmou que as evidências do caso ajudaram a elucidar de forma mais rápida. Isso se deve à dinâmica das pistas. Nos crimes que chocam a opinião pública nós temos que ter uma ação mais rápida, disse Maurício Barbosa.

Com o grupo foram apreendidos produtos comprados com o dinheiro das vítimas, como perfume, tênis e uma corrente, além de uma arma.

 

Na semana passada, o coronel da PM Everton Tosta e sua mulher também foram vítimas de sequestro-relâmpago num condomínio do litoral norte do estado. Outro caso que chamou a atenção foi o assalto, na manhã da quinta passada, de um ônibus, na avenida da orla, que transportava turistas do aeroporto para o Centro de Salvador. Os 40 passageiros foram saqueados.

 

A violência tem sido o principal problema da gestão do governador Jaques Wagner (PT). Ele qualificou o ataque à juíza e à promotora como um “absurdo”, garantindo que a polícia está fazendo de tudo para prender os criminosos.

 

Dados mais confiáveis

 

O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, explicou que o fato de o número de assassinatos no último fim de semana na Região Metropolitana de Salvador (25 casos) ter sido maior do que os dados apresentados pelas polícias de São Paulo (24) e Rio de Janeiro (12) seria motivado pela maior eficiência e transparência da coleta e veiculação de dados da Bahia.

— Nossos dados são atualizados a cada 12 horas, e as mortes são notificadas imediatamente após as equipes encontrarem os corpos — disse o secretário, especulando que isso não ocorreria nos outros estados.

 

Ainda segundo Barbosa, o último fim de semana foi atípico em razão do feriadão.

— A média dos assassinatos nos fins de semana em Salvador e nos 12 municípios da Região Metropolitana é de 14.

 

O secretário de Comunicação da Bahia, Robinson Almeida, admite que é grave o aumento da violência no estado, mas pondera que o governo não tem medido esforços para enfrentá-lo. Ele conta que o poder público criou “Pacto pela vida”, plano que reúne órgãos do estado, Judiciário e Ministério Público cuja função é acompanhar a questão da criminalidade e agilizar o combate, avaliando quinzenalmente a evolução dos números.

 

Almeida destaca também a implantação de dez bases comunitárias em bairros considerados violentos, a transferência de chefes de quadrilhas para presídios nacionais e a desarticulação de bandos de roubos a banco como providências do estado. Ele classifica os últimos casos de violência como “pontuais”.

 

Para o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, organizador do Mapa da Violência, alguns fatores somados explicam o acirramento da violência baiana. O principal, segundo ele, diz respeito a uma disseminação da violência por todo o país:

 

— Nos estados com as capitais mais violentas, como era o caso de São Paulo e Rio de Janeiro, aumentaram, e muito, os investimentos em segurança pública. Ao mesmo tempo, o país passou por uma fase de desconcentração econômica, com a chegada de polos industriais em áreas do interior do Brasil e do Nordeste.

 

Combinados, esses dois fenômenos, afirma o sociólogo, promoveram uma migração do crime para localidades que não estavam preparadas para enfrentar essa criminalidade.

 

— Isso aconteceu muito no Nordeste. O aparelho policial não estava pronto para aquele tipo de criminalidade — explica o especialista.

 

De acordo com Jacobo, esse aumento nos indicadores de violência de estados até então mais pacíficos, foi um fenômeno nacional, mas ocorreu com força especial em Alagoas e na Bahia.

Para o professor Eduardo Paes Machado, especialista em Sociologia do Crime, Vitimização, Violência Relacionada ao Trabalho e Segurança Pública da Universidade Federal da Bahia, a perda da autoridade do estado no setor de segurança pública é uma das causas do aumento da violência.

 

— O crescimento da criminalidade se deve à ineficácia do sistema de contenção da violência. O modelo de combate está falido. Tem que haver uma nova engenharia jurídico-policial para acabar com essa espiral de violência. A política de retaliação não funciona mais. Antes, o aumento de contingente policial nas ruas bastava para reduzir a onda de violência. Hoje, não. O que vemos é o estado se igualando aos bandidos, partindo para a retaliação.

 

Veja abaixo o ranking nacional das 30 cidades mais violentas do Brasil:

 

1º Itupiranga, Pará
2º Simões Filho, Bahia
3º Campina Grande do Sul, Paraná
4º Marabá, Pará
5º Pilar, Alagoas
6º Goianésia do Pará, Pará
7º Serra, Espírito Santo
8º Maceió, Alagoas
9º Itapissuma, Pernambuco
10º Guairá, Paraná
11º Ilha de Itamaracá, Pernambuco
12º Coronel Sapucaia, Mato Grosso do Sul
13º Itabuna, Bahia
14º Rondon do Pará, Pará
15º Escada, Pernambuco
16º Lauro de Freitas, Bahia
17º Porto Seguro, Bahia
18º Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco
19º Amambaí, Mato Grosso do Sul
20º Arapiraca, Alagoas
21º Tailândia, Pará
22º Dias d’Ávila, Bahia
23º Eunápolis, Bahia
24º Ariquemes, Rondonia
25º Armação dos Búzios, Rio de Janeiro
26º Tucuruí, Pará
27º Recife, Pernambuco
28 Ananindeua, Pará
29º Cariacica, Espírito Santo
30º Novo Repartimento, Pará