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dayane lahet
Três famílias procuraram a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, regional Alagoas (OAB/AL), na manhã desta sexta-feira (9), para denunciar casos de abuso de autoridade envolvendo policiais militares que atuam em Maceió.
As vítimas e seus familiares foram recebidos pelo presidente da comissão de Direitos Humanos, Gilberto Irineu, que ouviu relatos de agressão, roubo e humilhação, por parte de moradores que vivem em bairros pobres, na Capital.
Segundo a Comissão, desde o início no mês, são registrados cerca de nove casos semelhantes na sede da Ordem por semana, o que reflete diretamente nas comunidades carentes em números.
A comerciante Maria Lucia dos Santos, que atualmente vende feijão e verduras no Mercado da Produção, foi presa em 2009 por envolvimento com drogas e cumpriu sua pena no Presídio Santa Luzia por pouco mais de um ano e meio. Após sair da carceragem, ela decidiu negociar alimentos no Mercado, mas os policiais que a prenderam por tráfico permanecem perseguindo Maria Lucia, que já teve sua casa invadida três vezes. “Eles entram, viram tudo e levam o que encontram de valor”, denunciou a vendedora. “Além de levar dinheiro, eles ainda me batem na cara e me acusam de coisas que eu não pratico mais, usando palavrões”, acrescentou.
Já para o menor J.P.S.S., de apenas 15 anos, o encontro com os policiais que fazem ronda no bairro onde sua tia vive, o Jardim Petrópolis I, deixou marcas mais graves. Durante uma revista da Rádio Patrulha que cuida da região, ele foi abordado com violência pelos três servidores, que entre outras agressões, bateu com a cabeça do jovem várias vezes contra o muro onde estava acontecendo a revista.
Logo depois de ‘confiscar’ R$ 90 que ele levava para a avó doente, o jovem foi conduzido a um matagal no conjunto Santa Lucia e instruído a correr, ao som de três tiros disparados em sua direção. Por sorte, o garoto não foi atingido e permaneceu escondido entre as plantações, aguardando que a viatura fosse embora, para só então pedir ajuda à família.
Ao ouvir os relatos, Gilberto Irineu comentou que casos semelhantes são denunciados diariamente. “Enviaremos um termo informando as denúncias ao Comandante Gerald a Polícia Militar, Dimas Cavalcante e também informaremos à promotora pública Carla Padilha, que acompanhará tudo de perto” disse Gilberto. “O Conselho de Segurança também será comunicado, para que essas pessoas sejam investigadas e, se necessário, afastadas”, concluiu.