tribunahoje //
andrezza tavares
A desapropriação do terreno do frei Duarte, em Atalaia, ainda está rendendo dividendos na Justiça.
Em resposta ao agravo de instrumento ingressado pelo advogado Pedro Jorge Bezerra, que defende os interesses da família do frei, que tem hoje a posse do terreno, o juiz da Comarca, João Paulo Alexandre dos Santos, determinou a reintegração de posse do terreno. Caso o prefeito Chico Vigário (PTB) não cumpra a determinação, terá que pagar multa de R$ 25 mil.
Em sua decisão, o magistrado deixa autorizado o apoio da força policial para garantir o cumprimento da reintegração de posse do terreno de quase oito hectares.
O magistrado revogou a decisão liminar proferida pela juíza substituta da comarca de Atalaia, Ana Raquel Gama, que tinha autorizado a desapropriação do terreno, sob a justificativa que o município ia construir casas que seriam doadas aos servidores desabrigados da enchente de 2010.
João Paulo determinou também que o Ministério Público Estadual apure as irregularidades, já que houve a imputação de atos de improbidade administrativa.
Após a desapropriação, Chico Vigário teria apresentado à Câmara de Vereadores um projeto de lei para a construção do Conjunto Residencial Aloysio Nonô, com 857 casas, que seriam financiadas pelo Banco do Brasil.
O juiz convocado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), Marcelo Tadeu, determinou que a posse do terreno voltasse para a família Duarte, até o julgamento do mérito; com isso as obras da prefeitura deveriam ser paralisadas, o que não ocorreu.
Conivência
Quanto mais se mexe, mais informações novas surgem sobre o caso do terreno desapropriado pelo prefeito de Atalaia, Chico Vigário, para a construção de casas para desabrigados da enchente de 2010, que virou um grande empreendimento residencial. O chefe do Executivo não cumpriu o decreto que ele mesmo assinou.
No documento, Chico Vigário determinou que a Procuradoria do Município iniciasse e conduzisse todo o processo desde a desapropriação do terreno até a entrega das casas aos supostos desabrigados, mas de acordo com o advogado Pedro Jorge Bezerra e seu cliente José Duarte [Frei Duarte], o prefeito contratou um escritório jurídico terceirizado para patrocinar o processo de acordo com seus interesses pessoais. “Esse processo é uma das atividades inseridas no quadrante das competências institucionais previstas para a Procuradoria, mas não se sabe porque o prefeito afastou o órgão municipal”, contou o advogado. “Houve licitação para contratação desse escritório?”, questionaram Pedro Jorge e seu cliente.
Por determinação do juiz João Paulo dos Santos, o Ministério Público Estadual vai investigar se houve participação dos nove veradores na suposta fraude.
A Câmara teria aprovado o projeto lei apresentado pelo prefeito, sem a comprovação, dentre outras, da existência de desabrigados. Caso comprovada a conivência, eles responderão por prevaricação, formação de quadrilha e improbidade administrativa.