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ana paula omena
A onda de ataques a instituições bancárias em Alagoas não para, nem tem previsão de parar. O Estado alagoano segue uma tendência nacional, considerando que o índice de roubos a bancos no Brasil, apenas no primeiro semestre deste ano, subiu 25% se comparado ao mesmo período do ano passado.
Em Alagoas, o total de ataques este ano mais que dobrou. Em contrapartida, a Seção Especial de Combate a Roubos a Bancos de Alagoas (Serb), da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic) da Polícia Civil alagoana, realizou aproximadamente 16 operações em 2012, com uma média de 44 prisões.
Para a delegada titular da Serb, Maria Angelita Romeiro, é difícil acabar com as quadrilhas especializadas neste tipo de delito, porque aqueles que são presos são facilmente substituídos. “Quando os coautores e partícipes são presos, os líderes recrutam outros, e a quadrilha consegue continuar atuando. É claro que algumas vezes a gente consegue prender gente importante dentro do bando criminoso, como, por exemplo, o caso de julho passado, quando conseguimos prender o ‘Maguila’, que preparava os explosivos no bando criminoso. Ele era o cara que sabia também como usá-los. Após a sua prisão, houve ações contra bancos desastradas, como a de Mar Vermelho, onde a agência veio abaixo, eles não conseguiram levar o dinheiro, queimaram parte dele utilizando muita dinamite. Por isso, quando conseguimos prender a pessoa-chave, até que o seu substituto aprenda o delito, demora um tempo”, explicou.
“Infelizmente, pessoas que atuam no crime podem ser substituídas facilmente. Em Arapiraca, por exemplo, é fácil fazer este recrutamento. Na cidade, tem gente que trabalha só nisso, seja como olheiro, motorista, mas ainda não são os principais, aqueles que pensam o crime. É importante prender gente? É, mas que a gente saiba quem está pegando”, destacou.
Ela lembrou que a partir da prisão da quadrilha que sequestrava gerentes de bancos, houve um alívio entre os funcionários de instituições financeiras em Alagoas. “Hoje os funcionários têm medo, mas antes eles estavam em pânico. Começamos a promover palestras e trouxe certo alívio. Depois da prisão da quadrilha que seqüestrava gerentes e fazia a família refém com o uso de explosivos, acabou este delito no Estado”, frisou.
Após dezenas de prisões
Outubro foi o mês com mais ataques
Em Alagoas, de janeiro ao dia 26 de outubro deste ano, 56 ataques a instituições financeiras foram registrados pela Polícia Civil, contra 25 em todo o ano de 2011, segundo mapa dos assaltos divulgado pelo Sindicato dos Bancários de Alagoas.
Porém somente em outubro, foram seis ataques a instituições financeiras em Alagoas, um recorde para um mês. No dia três, no município de Major Isidoro, seis homens armados invadiram a agência do Banco do Brasil na madrugada e explodiram o cofre, levando dinheiro.
Sete dias depois foi a vez da Barra de Santo Antônio, onde os assaltantes entraram na Prefeitura e tentaram explodir o caixa eletrônico da Caixa Econômica Federal, mas não conseguiram. No dia 13, em Viçosa, cerca de dez assaltantes arrombaram a agência do Banco do Brasil e explodiram os caixas eletrônicos. Durante a fuga, metralharam o 2º Batalhão da Polícia Militar.
No dia 18, assaltantes arrombaram o posto de atendimento do Bradesco, em Olho d’Água Grande, e explodiram o caixa eletrônico. No dia 24, em Teotônio Vilela, assaltantes entraram na agência do Banco do Brasil durante a madrugada e arrombaram os caixas eletrônicos usando maçarico. E no dia 26, aproveitando-se do apagão na região Nordeste, assaltantes entraram na agência do Banco do Brasil na madrugada e explodiram um caixa eletrônico, levando todo o dinheiro.
Fragilidade na segurança
Agências do Banco do Brasil no interior são maior alvo
De acordo com a chefe da Serb, delegada Maria Angelita Romeiro, o principal alvo das quadrilhas especializadas em ataques a instituições financeiras é o Banco do Brasil pois, segundo ela, os bandidos sabem que a segurança existente nessas instituições é mínima.
“Para eles [criminosos] é mais lucrativo furtar à noite e o alvo preferido das quadrilhas é o Banco do Brasil, porque os bandidos sabem que ele não dispõe de um sistema de segurança eficaz, nem o dispositivo que mancha as notas no caso de explosão de caixas eletrônicos”, mencionou.
Ela acredita que embora tenha aumentado o número de ocorrências contra agências bancárias, a polícia conseguiu desarticular muitas quadrilhas especializadas no Estado. “Estamos quebrando a sequência, fizemos uma grande apreensão de dinamite recente atuando junto a Polícia de Sergipe, foram mais de 50 quilos de explosivos, seis pessoas foram presas e quatro foram mortos em confronto com a polícia sergipana”, lembrou.
Para Angelita, não basta prender, mas sim investigar e chegar até as pessoas-chaves dentro do bando criminoso. A delegada acredita que enquanto os banqueiros não investirem em segurança nas agências, os delitos continuarão. “Tem agências em Alagoas que dispõem apenas de uma câmera, e que não funciona. Muitas vezes temos que gravar a filmagem no nosso celular para poder investigar um crime contra banco”, revelou.
Em abril
Maior operação do ano capturou doze
A Seção Especial de Combate a Roubos a Bancos de Alagoas realizou aproximadamente 16 operações este ano. A maior resultou na prisão de 12 acusados, em abril. Os criminosos agiam no Nordeste e em São Paulo.
Um dos líderes era Vanderson José dos Santos Oliveira, o “Vando”. Além dele, foram presos: André Ferreira dos Santos, José Alexandre Rocha dos Santos, o “Xande”, Thales Sena da Silva, Cícero Miguel Bernardo da Silva, o “Ciçinho”, Natália Maria da Silva, Maria Manuelle Ferreira de Oliveira, a “Manu”, Mickleide Campos Viana, a “Leide”, e um menor. Três outros integrantes do grupo já haviam sido presos em operações anteriores: Genildo Martins da Silva, Audicélia Cavalcante e Daniel Paulínio da Silva.
Outra grande operação ocorreu no mês passado, quando seis foram presos em uma operação deflagrada entre as polícias de Alagoas e Sergipe. A quadrilha atuava nos dois estados e era formada por Erivânio Valeriano Gomes, Jadielson dos Santos, Jeferson Palmeira de Oliveira, Jerdas Dias de Oliveira, José Dias de Oliveira e Rosicleide Palmeira de Oliveira. Quatro morreram em troca de tiros.
Também foram presos este ano acusados de roubos a bancos: Raul Carlos da Silva Santos, Perez dos Santos Cavalcante, Jackson Sabino Moreira, Elaine Cristina Pereira da Silva, Daniel dos Santos Campos, Samuel dos Santos Campos, Fábio Santana Vieira, Thiago Dantas de Souza, Paulo Augusto Rosa de Jesus, Cícero Pedro da Silva, Jailson Ferreira de Araújo, Sílvio Ferreira Lima, Willames Souza Santos, Carlos Henrique de Lima Silva, José Nilton dos Santos, o “Maguila”, Marcos Balbino da Silva, Leilson de Almeida Santos, Agnaldo Pereira dos Santos, Michael Gonçalves de Lima, Salatiel dos Santos Soares, Maxwel Araújo da Silva e Maxsuel Gonçalves de Lima.