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alana berto
Os policiais civis de Alagoas estão acusando agentes da Força Nacional ostensiva de cometer abuso de autoridade. A prisão de um agente da Polícia Civil ocorrida no último sábado (20) só fez aumentar o mal-estar entre os agentes da Força Nacional e da Polícia Civil.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol), Josimar Melo, na noite do último sábado um policial foi humilhado, algemado e levado para a Central de Polícia sob a acusação de desobediência. “Ele foi abordado por um sargento da Força Nacional, quando estava em um estabelecimento”, disse Josimar.
O sindicalista explicou que o policial civil se identificou e entregou sua arma ao sargento da Força Nacional, mas mesmo assim, o militar pediu que o policial civil colocasse as mãos na cabeça. “O colega se recusou a fazer isso, pois não havia necessidade. Então foi levado à Central de Polícia por desobediência”, ressaltou. Na Central de Polícia, foi feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e um processo foi encaminhado à Polícia Federal.
Os representantes do Sindpol colocam que será emitida uma nota de repúdio em relação à atuação da Força Nacional em Alagoas. “A Força Nacional abusa da autoridade porque não tem quem apure. Não existe corregedoria e a gente não sabe a quem denunciar”, alegou Josimar.
Ele ainda acrescentou que a corporação vem agindo de forma truculenta desde a primeira vez que veio a Alagoas. “Desde quando prenderam um doente mental no município de Pilar em 2009. Eles tratam os cidadãos de forma hostil nas abordagens, só que desta vez foi um policial”, emendou.
O vice-diretor de imprensa e comunicação do Sindpol, o escrivão Jorge Luiz Ferreira, ressaltou que a Força Nacional é subdividida em Polícia Cívil e Polícia Militar, entretanto ele disse que só tem conhecimento de ocorrências de arbitrariedades realizadas pela Força Nacional da Polícia Militar. “Eu não tenho conhecimento de atos de truculência feitos pela Força da Polícia Civil. Estes abusos têm sido executados pela PM com o cidadão comum e isso vem ocorrendo há muito tempo”, completou.
Desavença
Segundo o capitão Frederico, da Força Nacional, a corporação não quer ter desavenças com os policiais de Alagoas. Ele alegou que a forma de abordar o policial civil foi de acordo com a legalidade. “A gente não quer animosidade com policiais, o que foi feito foi legal”, justificou.
O capitão ainda colocou que todas as denúncias feitas contra agentes da Força Nacional são apuradas de forma devida. “Essas investigações são atribuídas à Força Nacional”, concluiu.
Apuração
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Defesa Social (Seds), que informou que não irá se manifestar e que não poderia divulgar os nomes dos policiais envolvidos. A pasta acrescentou que o caso será apurado em Brasília.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), Gilberto Irineu, contou que tem chegado comumente à OAB várias reclamações sobre excessos de abordagens policiais. “Essas denúncias são feitas por cidadãos comuns, mas até agora nenhuma denúncia foi feita por policiais”, disse. Ele contou que as acusações são encaminhadas à Corregedoria da Polícia Militar ou ao Conselho de Segurança.