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Saúde
16/06/2012 17:21:38

Câncer de próstata: o preconceito é a maior causa de mortes

Câncer de próstata: o preconceito é a maior causa de mortes
Ilustração

mais.al (ojornal-al) //

dayane lahet

 

Considerado por muitos homens um assunto proibido ou apenas motivo de piadas, o câncer de próstata assusta quando as estatísticas afirmam que ele é o segundo que mais atinge homens no Brasil, perdendo apenas para o CA de pele. Em 2010 foram mais de 12 mil mortes e a estimativa em 2012 é que cerca de 60 mil novos casos sejam diagnosticados.

 

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que o crescimento da doença está associado à exposição da população a fatores de risco cancerígenos. Consumo de álcool, tabagismo e obesidade são os principais maus hábitos que desenvolvem nove dos principais tipos de câncer no país. Os indicativos são graves e revelam a pouca importância que os brasileiros dão à prevenção, pois o tumor de próstata é pode ser diagnosticado com antecipação através de exame de sangue e exame clínico, dependendo da gravidade.

 

A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen.

A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata também produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozóides, liberado durante o ato sexual. Um órgão muito pequeno, ela tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto.

 

Mais do que qualquer outro tipo, o câncer na próstata é considerado tumor típico da terceira idade, já que a maioria dos casos é diagnosticada a partir dos 50 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser justificado pelo preconceito da classe masculina em fazer os exames preventivos, a falta de informação e o aumento da expectativa de vida. Histórico familiar de pai ou irmão doente, antes dos 50 anos de idade, pode aumentar o risco de câncer em 3 a 10 vezes em relação à população em geral.

 

O diagnóstico exige um exame de sangue que revele a dosagem PSA (sigla de antígeno prostático específico) onde o especialista verificará se os índices estão dentro do normal. Um outro exame, desta vez clínico, também deverá ser feito para certificar-se que tudo está bem. Caso seja encontrado algo suspeito, uma ultra-sonografia pélvica também será feita. Ela irá mostrar se há necessidade de realizar a biopsia prostática transretal. Estes exames devem ser realizados periodicamente, a partir dos 50 anos. Como está ligado ao envelhecimento, a incidência de casos tende a se manter, mas os casos graves que levam à morte poderão ser evitados caso o doente tenha um diagnóstico na fase inicial do tumor. Alguns deles podem se desenvolver rapidamente, espalhando-se fatalmente para outros órgãos do doente, a grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ ) que não chega a dar sinais no decorrer da vida masculina.

 

Sintomas


Considerado um tipo de câncer “silencioso”, o tumor na próstata tem sinais que servem como um alarme para quem os desenvolve. De acordo com o INCA, febre contínua, feridas que não cicatrizam, indigestão constante e rouquidão crônica, podem ser sinais de que algo está errado.

 

Em estado mais avançado, surgirão lesões como sangramento, obstrução de vias intestinais ou respiratórias e dor. Caso a próstata aumente seu tamanho, o doente levantará várias vezes à noite para ir ao banheiro, terá dificuldades no ato de urinar e dor durante a micção. Hematúria (presença de sangue na urina) também poderá ocorrer. Se o câncer desenvolver metástases, ossos, pulmão e fígado serão os primeiros a manifestar sintomas.

 

Pesquisas mostram que apenas 7% dos casos são diagnosticados ainda em fase inicial. Neste percentual, 90% dos pacientes têm uma sobrevida acima dos cinco anos, mas se detectado posteriormente já com sintomas graves, este percentual cai pela metade.

 

De acordo com o médico urologista Francisco Disnaldo, embora a medicina tenha evoluído muito nos últimos 20 anos, desde que começou a clinicar, os casos de câncer na próstata têm aumentando consideravelmente, já que a população brasileira tem envelhecido numa proporção acima dos nascidos no mesmo período. Por outro lado, hoje os tratamentos que combatem os tumores são mais eficazes. “Nos anos 80, só conseguíamos salvar dois em cada dez pacientes, hoje esse número é inverso”, comentou o urologista. “De cada dez pacientes, atualmente, conseguimos salvar oito”, concluiu ele.

 

Ainda de acordo com o médico, a desconfiança dos homens ao chegar para o exame clínico é a mesma, mas a conscientização da importância tem falado mais alto. “As mídias têm ajudado a difundir a importância dos exames para que se possa prolongar a vida dos pacientes que chegam a terceira idade”, pontuou.

 

Recomendações

* Indivíduos sem risco maior ou histórico de desenvolver câncer de próstata devem começar a fazer exames preventivos aos 50 anos;

* Homens com familiares portadores diagnosticados antes dos 65 anos apresentam risco muito alto de desenvolver a doença; por isso, devem começar o acompanhamento médico e laboratorial aos 40 anos;

* Descendentes de negros ou homens com parentes de primeiro grau portadores de câncer de próstata antes dos 65 anos apresentam risco elevado de desenvolver a doença; portanto, devem começar a fazer os exames aos 45 anos;

* Homens com níveis baixos de PSA (sigla de antígeno prostático específico) devem repetir o exame a cada 2 anos;

 

Prevenir é o melhor remédio

 

Uma dieta a base de frutas, verduras, legumes, grãos integrais e cereais podem ajudar a manter o metabolismo em ordem, colaborando com a prevenção não só do câncer, como de outras enfermidades também. Evitar gordura, principalmente a animal e praticar exercícios físicos também são indicados pelos geriatras e urologistas.

 

Maus hábitos aliados ao estresse e a má alimentação costumam trazer não só conseqüências coronarianas, como também outras complicações. “O indivíduo precisa entender que se não equilibrar sua vida e manter hábitos salutares, como praticar esportes, irá sofrer as conseqüências na velhice”, observou o Dr. Francisco Disnaldo.