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Alagoas
12/06/2012 10:33:22

Seca deste ano já atinge quase metade do território de Alagoas

Seca deste ano já atinge quase metade do território de Alagoas
Alagoas - mapa da seca

inhapiemfoco //

tribuna hoje

 

A seca em Alagoas, consi­derada uma das piores dos últimos 40 anos, já atinge aproximadamente me­tade do território do Estado. De acordo com o relatório da seca, da Coordenadoria Esta­dual de Defesa Civil, mais de 458 mil alagoanos foram afe­tados com a seca até agora, o que gerou um prejuízo de quase R$ 66,6 milhões distri­buídos entre os 36 municípios atingidos pela falta de chuva.

 

Falta de alimento e de água para matar a fome e a sede do sertenejo e dos seus animais são as consequências da seca em Alagoas, onde cer­ca de 70% da população dos 36 municípios que decretaram situação de emergência vivem na zona rural.

 

“A seca tr0az um prejuízo muito grande. É difícil até de calcular”, declara Jarbas Ri­cardo, prefeito de São José da Tapera, afirmando que o mu­nicípio é o maior em extensão e em população entre os que foram afetados pela seca.

 

Os municípios de Água Branca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Car­neiros, Craíbas, Delmiro Gou­veia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Izidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Montei­rópolis, Olho d’Água das Flo­res, Olho d’Água do Casado, Olivença, Ouro Branco, Pa­lestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Piranhas, Poço das Trinchei­ras, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira e Traipu tiveram o reconhecimento pelo governo federal da Situação de Emer­gência por causa da seca.

 

Coité do Nóia, Igaci e Que­brangulo já decretaram situa­ção de emergência e aguardam o reconhecimento do governo federal.

 

Segundo o major Sandro Cavalcante, auxiliar execu­tivo da Defesa Civil do Es­tado, R$ 12 milhões foram liberados para minimizar as consequência da seca: R$ 10 milhões do governo federal e R$ 2 milhões do governo esta­dual.

 

Relatório afirma que só parte da população afetada recebe água

 

A operação carro-pipa, coordenada pelo Exér­cito brasileiro, atende a 36 municípios alago­anos afetados pela seca, segundo relatório divul­gado esta semana pela Coordenadoria Estadu­al de Defesa Civil. O do­cumento afirma que 229 mil pessoas foram bene­ficiadas com a água, ou seja, apenas metade da demanda.

 

Segundo o oficial do 59° Batalhão de Infan­taria Motorizada (BI­Mtz), major Ednaldo Cândido, cerca de 170 carros-pipas cadastra­dos estão fazendo a distribuição de água no Sertão alagoano.

 

“A operação carro-pipa está transcorrendo den­tro da normalidade, e os fiscais do Exército estão trabalhando diariamen­te, desde a captação de água até a entrega nos municípios”, explica. Todos os 33 municípios que tiveram o decreto de situação de emer­gência reconhecido pelo governo federal, além de Igaci, que aguarda o reconhecimento, es­tão recebendo água da operação carro-pipa. De acordo com o relatório da seca, os municípios de Belém e São Brás, embora não tenham decretado situação de emergência, também são beneficiados com a água.

 

Consta no relatório que os municípios de Coité do Nóia e Que­brangulo não estão re­cebendo água.

 

“O Exército não tem a competência de aumen­tar ou diminuir o nú­mero de comunidades atendidas pela operação carro-pipa, é apenas o intermediador”, escla­rece o oficial do 59° BI­Mtz, acrescentando que as Coordenadorias Mu­nicipais de Defesa Civil (Comdecs) é que devem apontar a demanda.

 

“O processo vem pra cá, encaminhamos para Recife que, por sua vez, encaminha para Brasí­lia, para a Defesa Civil Federal, responsável pela autorização da in­clusão do município, ou dos povoados, na opera­ção”, conta o major Cân­dido.

 

A representante da Secretaria de Estado da Agricultura, Inês Pacheco, explicou que o Exército atende a partir da demanda que chega dos municípios, e que a água é colocada em sisternas coletivas. “O Exército não pode abas­tecer as sisternas indi­viduais. Existe um pro­jeto para transformá-las em coletivas, não para atender apenas a fa­mília que detém a pro­priedade, mas todas que moram próximas a ela”, esclarece.

 

Moradores matam fome com sementes doadas

 

Sem saber o que fazer dian­te da difícil situação causada pela seca, sertanejos do mu­nicípio de Coité do Nóia estão utilizando as sementes doadas para a plantação como alimen­to para a família, é o que reve­la o prefeito da cidade, Bueno Higino.

 

“Aqui, a situação está mes­mo complicada. As sementes não foram suficientes para a plantação e, sem nenhum sinal de chuva, alguns agricultores estão comendo as sementes de feijão para matar a fome”, de­clara Higino.

 

O prefeito relata ainda que alguns sertanejos estão pas­sando fome e que a prefeitu­ra não tem recurso suficiente para sanar o problema da falta d’água.

 

“A prefeitura só tem condi­ção de manter apenas um car­ro-pipa, pois não tem chegado nenhum da operação coorde­nada pelo Exército brasileiro”, informou o prefeito, acrescen­tando que um carro-pipa não é suficiente, apesar das 52 via­gens que ele dá por semana. “Só essa semana, mais de dez pessoas foram na [Secretaria de] Assistência Social pedir ajuda para comprar passagem para ir para São Paulo em bus­ca de trabalho”, revela Bueno Higino.

 

O prefeito declara ainda que o município precisa urgen­temente de ajuda. “A água da­qui é salobra, não temos água doce no município”.

 

SÃO JOSÉ DA TAPERA

 

A prefeitura do município de São José da Tapera gasta por mês R$ 120 mil com car­ros-pipas. São 13 caminhões que, juntos, fazem 52 abaste­cimentos diários, é o que conta o prefeito Jarbas Ricardo. Ele afirma que os cinco carros da operação do Exército não são suficientes.

 

Para o prefeito, o Bolsa Fa­mília contribui para amenizar os efeitos da seca. “O Bolsa Família atende muito bem a população. As pessoas vivem quase que normal. O problema é a água”, afirma.

 

“Não vai dar tempo de fazer poços. A população precisa de algo mais rápido”, desabafa o prefeito.