Famílias de trabalhadores rurais acampados no Assentamento Flor do Mundaú, em Branquinha, parecem ter esquecido os objetivos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, que se baseia na luta pela distribuição de terra, reforma agrária e por uma sociedade mais justa. Na noite da ultima quinta-feira eles impediram que 27 famílias do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) se instalassem nas terras ocupadas por eles.
Há um ano e três meses acampadas na Praça Sinimbu, as 27 famílias do MTL viajaram até o município de Branquinha para se instalar provisoriamente em um dos 27 lotes de terra do assentamento Flor do Mundaú, cujas terras pertencem ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que deu a autorização.
De acordo com o ouvidor agrário regional, Marcos Bezerra, houve um protesto por parte de outros trabalhadores rurais que já estavam instalados no local, de forma irregular, que rejeitaram a presença dos novos moradores.
“Poderíamos ter acionado os meios legais, já que a terra pertence ao Incra, mas optamos por recuar. Vamos continuar com a ação de reintegração de posse”, declarou o ouvidor agrário.
Segundo Marcos Bezerra, existem cinco assentamentos, que somam 532 lotes de terra no município de Branquinha, destinados à reforma agrária.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com os trabalhadores rurais de Branquinha, porque eles, de acordo com o Incra, não são integrantes de nenhum movimento rural.
Sem destino
Tristeza e preocupação voltam ao MTL
Os sem-terra do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) vão passar o fim de semana na sede do Incra, em Maceió, após serem rejeitados pelos trabalhadores rurais de Branquinha. A Ouvidoria Agrária Regional está tentando uma solução para o impasse.
Nos rostos dos adultos, a expressão mais frequente era a de tristeza e preocupação por não saber o que vai acontecer com eles daqui pra frente. “É, minha filha, o que eles decidirem pra gente tá bom. Nós vamos para onde eles disserem”, declarou um dos sem-terra rejeitados por iguais de Branquinha.
A alegria e as brincadeiras partiam mesmo das crianças, que não tinham a noção do que estava acontecendo. Para elas, é como se tudo fosse uma grande folia.
ESPERANÇA
Na próxima segunda-feira, o ouvidor agrário regional do Incra, Marcos Bezerra, disse que poderá ter uma resposta para solucionar o problema e que situação semelhante aconteceu no Estado do Pará. “Estamos esperando a documentação para vermos se cabe também para essa situação, mas a Ouvidoria Agrária Nacional já se colocou à disposição para a resolução do problema. Estamos tentando uma área mais segura para eles ficarem”, esclarece Marcos Bezerra. Segundo o ouvidor, os sem-terra não vão voltar para a Praça Sinimbu. “Oferecemos o prédio do Incra, onde eles terão banheiro, água potável e comida, para eles passarem o fim de semana”, explica Bezerra, acrescentando que o trabalho ontem no Incra transcorreu dentro da normalidade.
BRANQUINHA
“Eles nem desceram do ônibus. É uma situação frustante para todo mundo; para eles e para nós”, declarou Marcos Bezerra.
De acordo com o Incra, a prefeita de Branquinha, Renata Moraes, estava junto aos sem-terra quando as 27 famílias chegaram à cidade.
A prefeiota também não queria a presença das novas famílias, alegando que o município não tinha condições para atender mais gente no que diz respeito à saúde e à educação. A reportagem tentou contato com a prefeita, mas ela não atendeu as ligações.
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andrezza tavares