Gravação comprova plano para matar Siloé Moura

Uma gravação de 2005 revela como um esquema criminoso estaria sendo armado para matar o prefeito de Senador Rui Palmeira (PSC), Siloé Moura. O áudio foi obtido com exclusividade pela reportagem da Tribuna Independente e mostra que o então vice-prefeito, José Edvânio Bezerra, foi o principal articulador. Em caso de execução, o vice assumiria a administração.

O fato volta à tona depois que uma série de atentados foi feito a políticos em municípios alagoanos, a exemplo de Piaçabuçu, com Dalmo Santana; Coruripe, com Marx Beltrão (PMDB); e Jeane Moura, secretária de Gestão Pública de Senador Rui Palmeira.

A trama contra a família Moura remete à primeira vez em que Siloé saiu candidato a prefeito, nos idos de 2004. Com José Edvânio Bezerra como vice em sua chapa, a coligação foi eleita. O pesadelo começa quando Bezerra pede para assumir a prefeitura durante quatro meses e recebe um não como resposta. Insatisfeito, um plano macabro se inicia.

TRAMA

A reportagem transcreveu o diálogo entre José Edvânio e Cícero Belém, executado em 2005, no bairro do Farol. No primeiro momento, a morte de Siloé Moura seria causada por um acidente envolvendo o seu carro e um caminhão.

“O prefeito vai sempre a Maceió no domingo ou segunda-feira. O único jeito de matá-lo era provocando um acidente. Pegava um caminhão e dava para passar por cima”, afirma Belém, após saber que Siloé Moura possuía um veículo Santana. Em outro trecho, o vice-prefeito ficou de acertar com uma terceira pessoa para saber todos os passos do prefeito, pois, assim, ficaria fácil de causar o acidente e não deixar pistas. “Meu amigo, é acidente. Pode cair dez, mas, ninguém suspeita”, assegura.

'MUITO CARO'

Cícero Belém cobrou R$ 80 mil para assassinar Moura

O acerto ainda não estava concluído. Os relatos prosseguem entre Cícero Belém e José Edivânio Bezerra. Ambos conversavam como se daria a morte do prefeito, porém, os valores que seriam pagos ao pistoleiro demorou mais para ser definido. Belém queria R$ 80 mil.

“Agora me diz uma coisa: quanto você está pagando pelo serviço?”, questiona Belém. Responde Edivânio: “O homem [Siloé] caindo dava para lhe dar R$ 15 mil ou R$ 20 mil. E depois, a gente ia se arrumando”. Sem mais delongas, Cícero Belém propõe que seja pago R$ 20 mil, mais R$ 10 mil posteriormente e em dezembro de 2005, mais R$ 50 mil. O vice-prefeito analisa, no entanto, aceita as condições, mesmo achando que estava ‘muito caro’.

De acordo com a gravação, ambos chegam a um consenso e Cícero Belém interrompe o vice-prefeito para dizer que ficou sabendo que a vontade de Edivânio era se ver livre de Siloé Moura que estava disposto a pagar R$ 100 mil, parcelado em duas vezes. Bezerra, no entanto, desconversa.

Em um segundo momento, Cícero Belém faz uma contraproposta ao vice-prefeito de Senador Rui Palmeira: “Me diz uma coisa. Se ao invés de matar o atual prefeito, por que não matamos o ex-prefeito? Toda a culpa ia diretamente para o prefeito [Siloé Moura]”, indaga.

Imediatamente, Edivânio discorda e mantém o plano para executar o prefeito que ele apoiou nas eleições de 2004. “Nem pensar. Ele [Siloé] é protegido do governo. O povo gosta dele demais. É melhor manter como o combinado”, reafirma.

Todo plano foi tramado na cidade de Olho d’Água das Flores. Para não deixar dúvidas d

e qual era o carro do prefeito. “Vou indo porque eu preciso resolver umas coisas. Veja se você consegue contratar uma pessoa para ficar aqui em Olho d’Água para vigiar o prefeito também. Daqui para Arapiraca é muito chão, e eu ainda preciso procurar o caminhão [que provocaria o acidente] e acertar tudo”, assegura.

TEMOR

Prefeito acionou cúpula da Defesa e aguarda segurança

É com base na gravação conseguida pelo prefeito Siloé Moura que ele

tenta mostrar às autoridades competentes e à cúpula da Segurança Pública, que a mesma pessoa que arquitetou um plano para lhe matar, possa estar por trás de mais uma trama contra a sua família.

De acordo com o prefeito, o atentado sofrido por uma mulher, que foi confundida com sua filha, Jeane Moura, levanta suspeitas graves contra seu algoz.

“Eu sei que corro risco de vida. Minha família está assustada e não vejo outra saída a não ser contratar seguranças particulares, enquanto tento conseguir segurança individualizada por meio do Conselho de Seguarança do Estado”, ressata Siloé Moura em entrevista à reportagem da Tribuna Independente.

Outra preocupação do prefeito diz respeito aos acusados de terem matado seu filho em 2004, durante a campanha eleitoral. Não resta dúvidas, segundo Moura, que os criminosos vitimaram Wilson Moura por questões políticas.

“Fui ao julgamento e a Justiça condenou os acusados a 22 anos e seis meses cada um. Ficamos aliviados, pois, sabíamos que isso era a única solução para amenizar a perda do meu filho. Entretanto, o pior aconteceu: ambos conseguiram um habeas corpus e estão à solta. Isso quer dizer que eu e minha família estamos correndo o risco duas vezes. Eu venho a Maceió para resolver minhas coisas, organizar a administração municipal, mas, tenho todo o receio de sair de casa”, sustenta.

Quando fala nos acusados de terem executado seu filho, Siloé se refere ao ex-prefeito, Mauro César Vieira, que seria o mandante e José Renildo Ferreira dos Santos, autor material, segundo a Justiça.

Em 2012, chega ao fim o mandato de Siloé Moura, porém, ele precisa estar atento, já que as eleições no município parecem não correr da maneira democrática.

Moura está lançando a pré-candidatura do sobrinho, filiado ao PSDB, em Senador Rui Palmeira, e aguarda que o pleito transcorra normalmente.

DESLIGADO

Edvânio foi procurado para falar

Após sair pela porta de trás da administração em Senador Rui Palmeira, José Edvânio Bezerra já anunciou que sua candidatura na cidade é irrevogável. De acordo com fontes contactadas pela Tribuna Independente, ele só tem falando que a eleição deste ano é uma das prioridades. Vale ressaltar que Edivânio foi vice de Siloé Moura, porém, suas desavenças políticas não permitiram que seu mandato desse prosseguimento. A reportagem tentou contato com ele, porém, sem êxito.

ATENTO

PC está monitorando caso em Senador

Ao saber do caso, a Delegacia-geral de Polícia Civil nomeou o delegado Maurício Henrique Duarte para investigar quem estaria por trás da trama contra a secretária de Gestão Pública, Jeane Moura. O prefeito Siloé Moura disse que a Secretaria de Defesa Social tem mantido o contato para ficar sabendo dos detalhes do que está acontecendo no município sertanejo. Para Siloé, a gravação pode ajudar a detectar quem está querendoa todo custo lhe tirar a vida e prejudicar a sua família.