Dos 28 municípios alagoanos que enfrentam uma epidemia de dengue, três estão localizados na região Norte do Estado: Maragogi, Porto Calvo e Novo Lino. Outros dois – Japaratinga e Colônia Leopoldina – encontram-se em situação de alerta. Três deles estão com Índice de Infestação Predial (IIP) acima de 3%, quando o recomendado não pode ultrapassar 1%; por isso, apresentam risco de surto: Campestre, Colônia Leopoldina e São Luís do Quitunde.
A situação mais grave se estabelece justamente no município que é considerado o segundo maior destino hoteleiro de Alagoas: Maragogi. Esta semana que passou, as autoridades de saúde detectaram a presença do vírus tipo 4 da dengue (Denv-4) circulando no município. Apenas outras quatro cidades apresentam, até o momento, esta forma viral no Estado: Cacimbinhas (01), Maceió (03 sendo, 02 na Serraria e 01 no Ouro Preto),Marechal Deodoro (02) e Piaçabuçu (01).
“Todas as pessoas estão susceptíveis ao vírus do tipo 4 porque seus organismos ainda não criaram defesa para essa nova forma. Os cuidados para com esse vírus são os mesmos que o paciente deve adotar no caso da forma clássica da doença. O problema é que quem já foi infectado pelas outras formas virais (1, 2 e 3) pode vir a ter dengue com complicações, mas isso depende de cada organismo”, explicou a coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Maragogi, Rosana Rios.
São Bento é a área mais crítica
A coleta do material para detecção do vírus tipo 4 foi realizada no final de março em um morador do distrito de São Bento. O resultado saiu na semana que passou. O paciente reagiu bem ao tratamento e a doença não evoluiu para a forma grave. Entretanto, São Bento é localidade que inspira maior cuidado em Maragogi. Lá, duas crianças morreram em um intervalo de menos de 15 dias em abril com suspeita de dengue hemorrágica.
De acordo com a coordenadora municipal de Vigilância Epidemiológica, Rosana Rios, apenas o primeiro caso de óbito, o da estudante Valéria Alves da Silva, 7 anos, ocorrido no dia 8 de abril, permanece sob investigação. O outro caso, envolvendo a morte Edilson Manoel da Silva, 6, não entrou sequer para as estatísticas; foi tratada como doença pulmonar aguda.
Mutirões contra a dengue são deflagrados
Nesta semana que se inicia, as secretarias municipais de Saúde e de Infraestrutura vão promover mutirões de limpeza e de educação nos distritos de São Bento e Barra Grande, em Maragogi. Outras ações já estão sendo executadas com o objetivo de intensificar o combate à dengue em todo o município.
Na terça-feira, o mutirão inicia os trabalhos no distrito de Barra Grande, onde o Índice de Infestação Predial (IPP) é de apenas 0.11%, segundo informou o coordenador de combate às Endemias, Cícero Barros da Silva.
Apesar do baixo índice, a localidade precisa de atenção especial por também apresentar características favoráveis à reprodução do Aedes Aegypti, como grande quantidade de casas de veraneio, terrenos baldios e muitos mananciais hídricos.
O mutirão vai envolver agentes de endemias e de saúde, além dos garis e máquinas da Secretaria de Infraestrutura.
Porto Calvo apresenta 124 casos da doença e várias irregularidades
O município de Porto Calvo registrou, até agora, 124 casos suspeitos de dengue e, ao lado de Maragogi (255) e de Novo Lino (54), encontra-se em situação epidêmica. A Gazeta flagrou situações que certamente estão contribuindo para o aumento do número de casos da doença em Porto Calvo.
A sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) conserva duas enormes piscinas desativas e cheias de água da chuva que levam preocupação diária aos moradores da Rua do Varadouro.
“É preciso isolar, cobrir essas piscinas, para evitar que a água da chuva se acumule nelas e sirva de criadouro para o mosquito da dengue”, cobra o motorista Elias José da Silva, 40 anos, cuja casa onde mora faz vizinhança com a AABB.
“A gente tem reclamado, mas ninguém vem até aqui tomar providência nenhuma”, se queixa a dona de casa Severina Galbira de Lima, 68. O presidente da AABB de Porto Calvo, Genival Gomes da Silva, disse que entende a preocupação dos moradores. Ele garantiu, entretanto, que os agentes de endemias depositam, periodicamente, larvicida dentro das piscinas desativadas para acabar com os possíveis focos do mosquito.
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severino carvalho