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Opinião
27/03/2012 16:18:30

Transtorno de Personalidade Bordelaine

Transtorno de Personalidade Bordelaine
Dr. Jacinto Martins de Almeida

De inicio, gostaria de enfatizar que este artigo não foi escrito por mim. Este artigo foi escrito pelo Dr. Rubens Pitliuk, Psiquiatra paulista e integrante do Instituto Mental Help.

O objetivo da publicação deste artigo foi alertar e ajudar pessoas portadoras deste transtorno, que não procuram ajuda por não saber que o tem, e que se trata de algo muito grave para sua saúde mental.

 

Borderline é um transtorno de personalidade que traz sérias consequências para a pessoa, seus familiares e seus amigos próximos. O termo "fronteiriço" se refere ao limite entre um estado normal e um quase psicótico, assim como às instabilidades de humor.

 

1) Sintomas (nem todas os Borderline tem todos estes sintomas):

- Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio.

- Dificuldade de administrar emoções

- Impulsividade.

- Instabilidade de humor. As oscilações de humor do DAB ou TAB - Distúrbio ou Transtorno Afetivo Bipolar duram semanas ou meses, mas as Borderline têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero- e auto-agressividade. Uma paciente marca a consulta informando que está super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorada, bem vestida, maquiada, vaidosa.

- Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). As portadoras de Borderline dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".

- Tentativas de suicídio, mais freqüentemente as de impulso do que as planejadas.

- Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizadas, incompreendidas, vazias. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos.

- Muito impulsivas: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante.

- Desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente. Criam situações idealizadas sem que o parceiro objeto do afeto muitas vezes nem tenha idéia de que o relacionamento era tão profundo assim...

- Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais. Uma pequena viagem de negócios do namorado ou marido pode desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusações de rejeição, de abandono, de não se preocupar com as necessidades dela, de egoísmo, traição, etc.).

- A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações.

 

2) Risco aumentado para:

 

Compras Compulsivas.

Sexo de risco.

Comer Compulsivo, Bulimia, Anorexia.

Depressão.

Distúrbios de Ansiedade.

Abuso de substâncias.

Transtorno Afetivo Bipolar.

Outros Transtornos de Personalidade.

Violência (não só sexual), abusos e abandono, por causa da impulsividade e da falta de crítica para escolher novos parceiros.

3) A causa provável é uma combinação de:

Vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, por exemplo: abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separação dos pais, orfandade.

Vulnerabilidade individual.

Stress ambiental que desencadeia o aparecimento do comportamento Borderline.

4) Evolução:

Geralmente começa a se manifestar no final da adolescência e início da vida adulta.

Com o passar dos anos existe uma diminuição do número de internações hospitalares e de tentativas de suicídio.

Parece piada de mau gosto, mas é uma realidade estatística: a cada tentativa de suicídio que a Borderline sobrevive, diminui a chance de uma nova tentativa.

5) Tratamento.

A integração de tratamentos medicamentosos mais psicoterápico trouxe grandes progressos no tratamento do Transtorno Borderline.

Medicação:

O tratamento medicamentoso inclui Estabilizadores de Humor (mesmo que não se trate de DAB), pois eles ajudam a conter a impulsividade e as oscilações de humor.

Antidepressivos e Tranquilizantes não tem a mesma eficácia que teriam em casos de depressões ou ansiedades "puras" mas certamente tem sua utilidade em Borderline.

Embora a medicação seja muito importante, ela é ator coadjuvante. O ator principal no tratamento é a Psicoterapia.

Psicoterapia:

Não é uma terapia fácil. O que acontece "na vida real" acontece dentro do consultório: instabilidade, alternância de amor e ódio, idealização e desapontamento com o terapeuta, sedução, impulsividade, etc.

Geralmente no início do tratamento a Psicoterapia é mais Analítica, para que a paciente reconheça o problema, suas causas e as consequências na sua vida.

Mais tarde, quando as causas e consequências estiverem bem entendidas pelo paciente, a Psicoterapia Cognitivo Comportamental ou a Hipnoterapia é muito eficiente. Pois elas contribuem para o paciente ter comportamentos alternativos mais saudáveis.

- Isso quer dizer o seguinte: o tratamento exige paciência, persistência, disciplina e muito boa vontade.

- Pacientes gratos hoje, podem se mostrar ingratos amanhã.

-Psicoterapeutas que hoje são vistos como atenciosos e dedicados, podem ser criticados e vistos como monstros amanhã.

AS EMOÇÕES DOS BORDERLAINES É UM MISTO DE ROSAS E ESPINHOS.

Dr. Jacinto Martins de Almeida

Psicólogo/Psicanalista/Hipnólogo/Acupunturista

 

ESPECIALISTA NO TRATAMENTO DE MEDOS E DORES.