Que o Estado de Alagoas é vulnerável ao tráfico de drogas já não é nenhuma novidade. Cada vez mais, principalmente o crack, ganha espaço nas ruas e famílias de Alagoas, e mais apreensões são realizadas com o trabalho das polícias Militar e Civil. Porém, perguntas ainda precisam ser respondidas, como: de onde vem tanta droga que se instala no Estado?
Na primeira reunião do Plano Nacional de Combate ao Crack em Alagoas, realizada no dia 7 de fevereiro em Maceió, o secretário de Defesa Social, Dário César, informou que existe um mapeamento de toda área alagoana afetada pelas drogas. As informações sigilosas contidas no documento serão o guia para as operações policiais.
A equipe de reportagem da Tribuna Independente, em busca dessas informações, se deslocou à Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (DRN), situada no bairro do Farol, da qual o delegado Ronilson Medeiros é o titular. Pela experiência em sua carreira, Medeiros confirmou que a rota turística que faz o Estado receber o nome de Alagoas, pode ser a mesma utilizada por traficantes.
Segundo ele, as lagoas, os rios e os mares são estratégicos para o tráfico de drogas no Estado, uma vez que a distribuição do material clandestino pelas rodovias federais e estaduais é vulnerável e visada pelas instituições policiais.
“A maior parte vem das rodovias e chega a Alagoas por terra. Os estados mais reincidentes são Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. A droga vem pelas zonas fronteiriças, de carro ou até de ônibus. Mas também existe uma parcela significante que vem das águas”, relata o delegado. Ele afirma que a droga chega de barco e pode até estar chegando de navio.
Ilhas turísticas do Litoral Sul são esconderijos de drogas
O delegado de Repressão ao Narcotráfico, Ronilson Medeiros, é que nem as lagoas que guardam as belezas naturais mais emblemáticas do Estado estão livres da zona estratégica de traficantes.
O município de Marechal Deodoro, que abrange as nove ilhas, pela lagoa Mundaú, conhecida como Ilha de Santa Rita, e a famosa “Prainha”, na Barra Nova, são locais de esconderijo de drogas.
“As ilhotas também são esconderijos. Tem drogas que são escondidas nelas, pois muitos traficantes temem ser autuados em flagrante dentro de suas residências”, comentou.
Em se tratando de praias, faz parte do percurso de entorpecentes, a praia do Francês, considerada um primoroso cartão postal do Estado. Segundo Medeiros, pelo local, passam grandes quantidades de drogas.
Ronilson detalhou ainda que os municípios banhados pelo Rio São Francisco, como Penedo, Porto Real do Colégio e Neópolis, do território Sergipano, estão incluídos no mapa da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico como rotas de inserção de drogas em Alagoas. O município de Propriá, em Sergipe, foge da jurisdição de Ronilson Medeiros, mas segundo ele, a cidade representa a porta de entrada para o tráfico.
O delegado Alcides Andrade, do 11º Distrito Policial, localizado em Marechal Deodoro, também não descarta a possibilidade de inserção de drogas pelo percurso hidrográfico do Estado. Segundo ele, as ruas São Sebastião e Nova Vila, ambas localizadas no bairro do Bom Parto, são rotas de fuga clichês, registradas pela Polícia Civil. “Muitos utilizam a lagoa como rota de fuga, quase em frente à [antiga] Brandine [hoje Unicompra], na Nova Vila e São Sebastião”, disse.
O tipo da droga que é transportado com mais frequência nas lagoas é o crack, segundo o delegado. “Eles privilegiam o crack porque é mais rentável e fácil de transportar”, disse.
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andrezza tavares - daniel maia