O principal foco do governo de Alagoas na área de Segurança Pública é a redução do número de assassinatos no Estado. E nesta semana de comemoração ao Dia Internacional da Mulher é importante lembrar que cabe a uma delas, a delegada Sheila Carvalho Dantas, a missão de comandar a Delegacia de Homicídios da Capital, onde estão concentradas as investigações da maioria dos crimes contra a vida ocorridos na em Maceió.
Paulistana, mas com quase toda família morando em Sergipe, a delegada ingressou na Polícia Civil há quase dez anos, quando passou em um concurso para delegada. Logo que assumiu o cargo, foi designada para assumir a delegacia da cidade de São Brás, na região do Baixo São Francisco. Em seguida, passou por várias cidades do Agreste Alagoano.
“No começo, enfrentei um pouco de preconceito. As pessoas achavam estranho uma mulher jovem ocupando um cargo de delegado. Mas consegui mostrar meu trabalho por onde passei e logo recebi o reconhecimento profissional”, lembrou Sheila Carvalho, que foi fundamental nas investigações que levaram à identificação do responsável pelo incêndio no depósito de donativos para os desabrigados das enchentes, ocorrido ano passado, no bairro de Jaraguá.
Casada e mãe de um filho, ela chegou a ficar por quase um ano morando fora de Alagoas, período em que pediu licença do cargo para acompanhar o marido que havia passado em um concurso para juiz de Goiás. No entanto, voltou depois que o marido também conseguiu aprovação para uma vaga de magistrado no Tribunal de Justiça Alagoano.
“Retomei minhas atividades na Polícia Civil, onde sou plenamente realizada como delegada. Já me sinto de Alagoas e é aqui que pretendo viver criar meu filho, que hoje tem quatro anos e nasceu aqui, junto com meu marido”, ressaltou Sheila Carvalho, que também falou um pouco do seu trabalho à frente da Delegacia de Homicídios.
Segundo ela, no trabalho investigativo é fundamental a ajuda da população. Seja com uma denúncia anônima, mas principalmente confiando no trabalho da polícia e aceitando a missão de ser testemunha. “Há investigações em que sabemos quem foi a quadrilha que praticou o crime, que a população também sabe, mas ninguém coloca nada no papel”, lamentou.
Em um dos trabalhos de destaque da delegada à frente da Homicídios, a prisão de nove acusados no assassinato da dona de casa Maria de Lourdes Farias, 27, morta e esquartejada no conjunto Carminha, a delegada recorda que todo o trabalho para desbaratar a quadrilha responsável pelo crime começou através de ligações anônimas.
“É gratificante quando você esclarece um crime e possibilita que a sociedade julgue o responsável. Mas também é fundamental lembrar que o trabalho na Polícia Civil é feito em equipe, por agentes, escrivães que trabalham para ajudar a reduzir a criminalidade em todo Estado”, concluiu Sheila Carvalho.
Cabo Ruth: uma guerreira na linha de frente do combate ao crime
A alagoana Ruth Silva dos Santos, 47 anos, entrou na Polícia Militar de Alagoas há 18 porque sonhava e acreditava na vocação para a carreira. Mesmo sem o aval da família, atuou em áreas bem distintas com destaque para a Cavalaria, Batalhões, Companhia Independente. Na Rádio Patrulha (RP), Batalhão pelo qual nutre um carinho especial, trabalhou oito anos e meio. “Amo a RP. Sempre trabalhei em serviço de rua e pedi para fazer parte da guarnição. Lá tive muitas experiências”, comentou. Sua carreira se encerra no próximo dia 23, após passar dois anos no Batalhão de Operaçõs Especiais (BOPE).
Prisões, buscas e apreensões fizeram parte da vida dessa alagoana. Tudo tratado com naturalidade. Ruth só não acha natural ser discriminada por ser mulher e isso já aconteceu em um de seus trabalhos. Ouvir a afirmação machista de que “aquilo não é serviço para mulher” feria seu orgulho de policial e mulher. Ela chegou a discutir para defender seu perfil profissional e sua atuação ao longo da carreira.
Um de seus comandantes, o capitão Alberto Cardoso, trabalhou com a cabo durante cinco anos na Rádio Patrulha e afirma categórico que não via diferença entre ela e os homens da guarnição na hora do combate. “A Ruth operacionalmente é muito boa policial, além de ser disciplinada. Sempre a via como alguém com quem podia contar”, afirmou.
Com um serviço pesado, tenso e com risco de morte constante, A policial não nega que sentiu medo enfrentando os perigos do crime e cita o primeiro tiroteio que enfrentou com destaque. Vivendo diferentes experiências nas ruas atuando contra o crime, o lado mãe não permite cometer erros quando o assunto é a segurança do filho e dos sobrinhos. Ao mesmo tempo, dedicou o tempo que foi preciso a fazer cursos que a habilitasse como profissional.
Prestes a ir para a Reserva, a policial se emociona porque deixará para trás uma rotina intensa que a deixa feliz. “ Não sei como será minha vida longe das atividades policiais. Quero fazer cursos para ocupar meu tempo e não entrar em depressão”, confessa, entre lágrimas. Sim, a brava policial Ruth é sensível e não esconde quando quer chorar.
A vitória de uma mulher em meio à graxa de grandes viatura
A bombeira Sheilla Waleska de Lima Guimarães, é biomédica e, atraída pela estabilidade do serviço público, há cinco anos e meio prestou concurso para o Corpo de Bombeiros. Desde então trabalhou na Diretoria de Saúde e como condutora no combate a incêndio, atendimento pré-hospitalar e salvamentos especiais. Com pouco tempo de profissão e muitas experiências, a alagoana de 30 anos sente que está pronta para qualquer desafio.
Uma mulher na guarnição de incêndio ainda causa certa curiosidade à população. Uma mulher então, dirigindo um caminhão com a denominação de Auto Tanque Bitrem que comporta 32 mil litros de água para combater grandes incêndios, não deixa de ser surpresa. E, não tem como desdenhar o contraste da altura do caminhão com o tamanho da motorista em questão: ela tem 1,51 metros. Sim. E daí? Sheila não discute na hora de enfrentar os carros operacionais do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL). Nem os responsáveis pela frota na hora de escalá-la para as missões.
No comando de grandes viaturas
Ela começou a dirigir viaturas ainda no Curso de Formação de Soldados em 2006. Foram carros de combate a incêndio, de salvamento, unidades de resgate e os mais básicos como os carros administrativos. “Na época do curso de soldado, perguntaram quem gostaria de conduzir as viaturas. De pronto eu tive vontade, mas tive vergonha, pois algumas militares que foram voluntárias passaram por brincadeiras, ouviram que mulher não sabe dirigir, essas coisas. Então fui falar a parte com a pessoa responsável e logo começaram os estágios”, lembra.
Sem medo dos desafios, hoje Sheilla é cabo e tem cursos de Salvamento em Altura, Emergencista I e II, Polícia Comunitária, Crimes Ambientais, Estágio Básico de Salvamento e Socorrista. A bombeira diz que todas as suas necessidades de aventuras são saciadas com a adrenalina que sente ao sair para as ocorrências.
Para o sargento Joseran Venâncio, responsável pela manuetnção dos caminhões do CBMAL, a competência acompanha a condutora de viaturas. “Sheilla é dedicada, abdica de horas de folga para treinar, coisa que muita gente não faz. Qualquer carro que for colocado para ela dirigir, ela sabe. É uma grande mulher”, acentuou.
Entre tantas experiências vividas nesses seis anos no Corpo de Bombeiros, Sheilla cita uma ocorrida no Litoral Norte que resultou em duas mortes. “Uma marquise caiu em uns pedreiros que estavam responsáveis por destruí-la. Encontramos uma vítima já sem vida com os órgãos espalhados na via; mas não havia tempo para emoções, pois outra vítima encontrava-se em estado grave e faríamos uma interceptação com o Samu. Mesmo com o atendimento prestado por nossa guarnição e pelo Samu, a vítima não resistiu”.
Indagada sobre o que seria não fosse bombeira, ela diz que não se arrepende de nada e faria tudo novamente. “Eu creio que a vida e, em especial o Corpo de Bombeiros, me ensinaram a ser multifuncional. Assim, sei que, com estudo e treinamento, me encaixaria em qualquer profissão”, finalizou.
Perícias feitas por mulheres ajudam no esclarecimento de crimes
Na Perícia Oficial do Estado (POAL), as mulheres já ocupam todos os espaços, profissionais. São auxiliares de necropsia, papiloscopistas, peritas médicas legais, peritas odonto legais e peritas criminais. Dois dos Institutos da POAL, o de Criminalística e de Identificação são comandados por diretoras, mostrando a força e a capacidade do sexo feminino na área da perícia criminal.
Há três anos a frente do IC como diretora do órgão, a bióloga Rosana Coutinho, concilia a carreira de perita criminal, instrutora da Secretaria Nacional de Segurança Pública com os papeis de mãe e avô. Ela afirma que nunca sofreu preconceito por ser mulher e pelas escolhas que fez na vida. Entre elas, sua profissão. “Os meus pais nunca podaram minhas escolhas por ser mulher, por isso sempre me vi em relação de igualdade intelectual aos homens. E apesar de ser um desafio comandar um órgão de perícia composto em sua maioria por homens, com o meu jeito feminino de ser venho conseguindo bons resultados frente a administração do IC”, afirmou Rosana.
Com uma profissão de nome bastante incomum e pouco conhecida, Luciane Alencar, formada em direito e ciência contável, ingressou na carreira pública como papiloscopista. Dez anos após sua escolha virou chefe do setor de papiloscopia do Instituto de Identificação de Alagoas, chefiando um lugar onde a maioria também são homens.
“A minha família sempre me apoiou, e quando foi aprovada nas três etapas do concurso virei orgulho de todos. A escolha pela papiloscopia no início era apenas pela segurança e estabilidade, mas mesmo tendo uma formação acadêmica que facilitaria a escolha de outros caminhos, passei a amar o que faço. Preconceito aqui não existe, também não encontrei dificuldades, mas caso apareça saberei me posicionar e me impor profissionalmente,” garantiu Luciane
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