Todos os meus artigos são criados e direcionados no sentido da autoajuda. São artigos considerados reflexivos que levam a cognição e consequentemente a uma mudança de pensamento, sentimento e comportamento, em algumas pessoas.
Hoje, irei quebrar a regra e escrever sobre algo diferente. Algo que aconteceu comigo, que é traumático e cômico ao mesmo tempo. Algo que ainda é um ferimento não cicatrizado e que dói muito quando começo a relembrar o fato ocorrido.
Nunca esqueci essa data: 20/08/75. Era uma quarta-feira à noite, e neste dia fui ao estádio Rei Pelé (trapichão) em Maceió, assistir o jogo CSA e Grêmio de Porto Alegre. Jogo da primeira rodada, da primeira fase do campeonato brasileiro. O CSA era time de estrelas, por isso, foi apelidado juntamente com o Sport do Recife de: A MÁQUINA DO NORDESTE. O CSA, venceu esse jogo por 1 x 0, com um gol anotado pelo gaúcho, Ênio Oliveira.
Em virtude da minha situação financeira àquela época, só assistia aos jogos na geral (devido ir sempre para a geral, os meus colegas só me chamavam de “geraldino”); não tinha dinheiro para ir para a arquibancada e pior ainda, ir para cadeiras numeradas. Por isso, todo o meu problema de rejeição ao futebol atualmente, é derivado da geral.
O estádio estava lotado; geral, arquibancadas e cadeiras numeradas. Uma multidão enorme estava aglomerada naquele estádio; e eu, como sempre, na geral que ficava abaixo das cadeiras numeradas.
Estávamos todos sentados no piso da geral, esperando o jogo começar; peguei minhas sandálias japonesas e sentei em cima delas para não sujar a bermuda no piso, e foi aí que o meu problema começou.
Houve uma briga bem adiante de onde eu estava do lado esquerdo, e quando olhei, vi aquela multidão de pessoas correndo e vindo em minha direção, parecendo um estouro de boiada; para não morrer pisoteado, me levantei e também saí correndo junto com os que estavam sentados do meu lado.
Quando os ânimos se acalmaram, voltei para onde estava e não encontrei mais minhas sandálias e também percebi que durante a correria alguma coisa afiada tinha rasgado a minha bermuda, porque estava com um rasgão danado na lateral do lado direito e cujo rasgão mostrava parte da minha cueca.
Então o jogo começou, o CSA estava muito bem, e eu descalço, com a mão cobrindo o rasgão da bermuda, estava muito empolgado. Torcia como um louco, até que senti algo vindo de cima, lá das cadeiras numeradas tocar na minha cabeça. Passei a mão e senti a mesma molhada, quando olhei direitinho era cuspe, ou seja, alguém lá de cima cuspiu em minha cabeça. Então, levantei a cabeça (num movimento de extensão) com a boca um pouco aberta e com raiva, para ver quem foi o fdp que tinha cuspido na minha cabeça, e aí... Aí, vinha descendo outra cusparada e caiu diretamente dentro da minha boca... Vocês não imaginam o que senti naquele momento. E o pior ainda; na medida em que ia escrevendo esse texto, fui revivendo todas as cenas acontecidas há 37 anos atrás, e por incrível que pareça, senti com a mesma intensidade e da mesma forma, a raiva, o mal estar e a repugnância do momento em que ocorreu o problema.
Resultado: desde 1975, que nunca mais fui a um jogo de futebol, não torço mais por time nenhum e nem tampouco assisto jogo pela televisão. Talvez eu seja uma das raras exceções neste país que não assiste jogos da seleção brasileira.
Lembre-se: PELA MINHA EXPERIÊNCIA; É MELHOR NÃO OLHAR PARA CIMA SE ALGO CAIR EM SUA CABEÇA.
Dr. Jacinto Martins de Almeida
Psicólogo/Psicanalista/Hipnólogo/Acupunturista
ESPECIALISTA NO TRATAMENTO DE MEDOS E DORES