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05/03/2012 18:59:19

PM, Civil e MPE montam força-tarefa para combater crimes em União

PM, Civil e MPE montam força-tarefa para combater crimes em União
Dr. Antonio Nunes Delegado Regional de União dos Palmares

O delegado Antônio Nunes, que responde pela 11ª Delegacia Regional de Polícia, em União dos Palmares, conta com o auxílio da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) para atuar na identificação dos acusados de matar sete pessoas em uma semana naquele município. O aumento da violência na Zona da Mata mobilizou a Polícia Militar, Delegacia Geral de Polícia Civil e o Ministério Público Estadual. Uma força-tarefa está sendo montada para combater a criminalidade na região.

A pedido da Polícia Civil, a 3ª Vara Criminal decretou a prisão de um suspeito de homicídio. Outros também foram identificados e podem ser presos a qualquer momento. O delegado afirma que a maioria dos crimes está diretamente ligada à disputa entre traficantes.

Nesta segunda-feira (05), Antônio Nunes se reúne com agentes da Deic para traçar as estratégias a serem adotadas nos próximos dias. A intenção do delegado é dar uma resposta rápida ao aumento da violência na região. De acordo com ele, todo o efetivo da delegacia de União, dezesseis no total, está empenhado na mesma tarefa.

Sobre o suspeito que teve a prisão decretada, o delegado preferiu não passar minúcias, até para não atrapalhar no andamento da investigação. Entretanto, revelou que se trata de um jovem, acusado de matar um rapaz recentemente por conta de dívidas com o comércio de entorpecentes e que pode ter influência em toda Zona da Mata. Ele faz parte de um grupo perigoso, acostumado a praticar homicídios na cidade e que tem a participação de vários adolescentes, divulgou o delegado.

Segundo Antônio Nunes, o envolvimento de menores no comando destes crimes ainda está sendo apurado com mais detalhes pela polícia. “Não descarto a possibilidade de adolescentes estarem liderando o tráfico e determinando a morte destas pessoas”, comentou. Ele dá como praticamente certa a motivação dos assassinatos. “Com certeza é por causa da disputa das bocas-de-fumo na cidade. A batalha é grande. Claro que estamos levando em conta todas as possibilidades. Mas, pelas características dos crimes tudo leva a crer que estão diretamente ligados ao tráfico”, acredita.

Para todos os casos, um inquérito foi instaurado e o delegado tem trinta dias para concluí-los. Os parentes e testemunhas das vítimas estão sendo ouvidos tanto por Antônio Nunes como por Gustavo Pires de Carvalho. Os agentes da Deic vão auxiliar no monitoramento e identificação dos suspeitos.

A morte do garoto Elivaldo da Rocha Mendonça, de apenas 10 anos, na madrugada da última sexta-feira, em União dos Palmares, chamou a atenção da polícia e do Conselho Tutelar. Para o delegado regional, a participação dele no tráfico de drogas é uma das linhas de investigação e não está descartada. Neste caso específico, Nunes adiantou, à Gazetaweb, que há uma hipótese subsidiada em indícios fortes que está sendo objeto de análise. Por enquanto, os detalhes não podem ser divulgados.

“Estamos trabalhando para confirmar esta linha. De início, posso afirmar que não está descartada a amizade do menino com traficantes. Até a forma como ele foi assassinado é um indício muito forte de que não se tratou de uma simples briga de rua, relatou o delegado. O garoto foi morto com tiro na cabeça e teve a orelha arrancada. O corpo foi abandonado sobre os trilhos da linha férrea que está desativada num local de pouca movimentação. O sepultamento aconteceu na manhã desse sábado (03), no cemitério Campo Santo dos Palmares.

Delegados e promotores são designados para a região

A Delegacia Geral da Polícia Civil e o Ministério Público Estadual se mobilizaram para reforçar o trabalho de investigação na Zona da Mata. Na semana que passou foi publicada uma portaria, assinada pelo delegado geral José Edson de Freitas Júnior, designando o delegado Antônio Rosalvo para assumir o 115º Distrito Policial (DP) de São José da Laje, o que ainda não aconteceu.

O 115 Distrito de Branquinha, atualmente sem um titular, da mesma forma deve receber um delegado nos próximos dias. A promessa é da Delegacia Geral. Atualmente, o delegado do 116 DP de Murici, Gustavo Pires de Carvalho, e o delegado Antônio Nunes se revezam, em regime de plantão, para atender a denominada Área 03, que, segundo a divisão da Polícia Civil, compreende as cidades de União dos Palmares, São José da Laje, Murici, Branquinha, Ibateguara e Santana do Munda.

“Tive uma reunião com o delegado geral e ele me prometeu que vem mais um delegado para a região. Não temos condições de dar conta de todas estas cidades, principalmente agora que a violência tem explodido”, afirmou Antônio Nunes.

Quanto ao MP, o procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares Mendes, informou que está designando mais dois promotores para atuação na 3º Promotoria de Justiça de União dos Palmares (Crime-Juri). O promotor Antonio Luiz Vilas Boas Souza passa a ser o titular e terá o auxílio da promotora Carmen Silvia. A promotora Ilda Regina foi designada recentemente e mais outro será escolhido até esta segunda-feira (05), segundo informou o procurador-geral à Gazetaweb.

“O Ministério Público Estadual monta uma verdadeira força-tarefa depois de se preocupar com o aumento da criminalidade naquela região. Nossos promotores estarão aptos a averiguar as causas do crescimento da violência, de onde provém e quais os personagens envolvidos. Queremos ainda colaborar com a polícia na investigação”, confirmou Eduardo Tavares Mendes.

Na cidade, PM trabalha em conjunto com a Polícia Civil

Além do reforço da investigação dos agentes da Deic, a Polícia Civil está trabalhando em conjunto com os militares do 2º Batalhão da PM, com sede em União dos Palmares. As ações estão sendo planejadas todos os dias no sentido de identificar os suspeitos, localizá-los, prendê-los e ainda ‘estourar’ os locais que funcionam como bocas-de-fumo.

“Várias operações estão sendo realizadas, com blitze em trechos considerados de alto risco de violência e o patrulhamento destas áreas. Os militares se empenharam a colaborar com a elucidação dos crimes e contribuir para retornar o clima de tranquilidade na cidade”, disse o chefe de operações do 2º BPM, capitão Moacir.

O oficial também confirmou a versão da Polícia Civil de que os homicídios têm ligação com o tráfico de entorpecentes. E apontou a Rua da Cobra e os bairros do Mutirão, Vaquejada e Terrenos como sendo áreas onde os traficantes escolheram para dominar. O delegado Antônio Nunes ratificou o fato e informou que estas localidades são monitoradas com frequência e várias pessoas já foram presas, inclusive adolescentes que vendiam drogas.

Violência é grande na Zona da Mata

O delegado Gustavo Pires de Carvalho que está no plantão na Delegacia Regional de União dos Palmares neste fim de semana conversou com a reportagem da Gazetaweb e foi taxativo ao dizer que o aumento da violência não se restringe àquela cidade. “Os crimes de homicídio aumentaram demais na Zona da Mata inteira. Em Murici, por exemplo, venho trabalhando para dar conta de tantos casos recentemente. Posso dizer, que a região já ultrapassou o Agreste em número de crimes desta natureza, afirmou.

Segundo o delegado, especificamente em Murici os assassinatos estão sendo cometidos por menores – alguns deles são líderes do tráfico de drogas no município – que moram em Maceió. “Até agora, estamos tentando averiguar o que estes adolescentes encontram em Murici para se instalar. Buscamos as respostas, já que é uma cidade pequena, sem muitas vantagens financeiras, opina.

Por outro lado, Gustavo Pires de Carvalho indica que as rotas de fuga dos criminosos são facilitadas por conta de um patrulhamento mais exaustivo da BR-104. “Entendo que o efetivo da Polícia Rodoviária Federal é pequeno para monitorar toda a rodovia. Isso, sem sombra de dúvidas, é um aliado para os traficantes. Eles, geralmente, usam a BR para escapar do nosso cerco.

Em Murici, o líder do tráfico, segundo o delegado, é o adolescente conhecido pelo apelido de ‘Zé da Nóia’, de 16 anos. Ele já foi preso uma vez por homicídio e é acusado de praticar vários assassinatos na cidade. “O detalhe é que ele não mora em Murici”, revelou.

Participação de menores

O envolvimento de menores em crimes levanta a discussão da maioridade penal. Há quem pregue a redução da idade, pela Justiça, na aplicação de penalidades para quem comete delitos. Para o advogado criminalista Welton Roberto, essa não seria a alternativa.

“O correto era implantar uma política multidisciplinar, oferecendo educação, saúde, emprego e programas de socialização de menores. Engana-se quem pensa que os adolescentes não são punidos por cometerem atos errados. O próprio Estatuto de Criança e do Adolescente prevê internação de até três anos de reclusão para os menores infratores. Em alguns casos, eles ficam internados até a maioridade”, argumentou.

Na avaliação dele, é preciso que a polícia garanta a segurança, investigue os crimes e indicie os acusados. “Caberá à Justiça determinar qual será a punição para os adolescentes”, explicou Welton Roberto.

 

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thiago gomes