Uma grande área do município de Pão de Açúcar fica localizada na divisa entre os estados de Alagoas e Sergipe, estando o rio São Francisco serpenteando entre estas duas unidades federativas. Mas apesar da localização privilegiada, não existe sequer um posto policial em nenhum dos portos. No Povoado Niterói ainda existe em funcionamento deficiente um posto de fiscalização à margem da rodovia SE-106, porém falta rigor na fiscalização e nenhuma operação policial é vista nesta localidade. No lado de Pão de Açúcar a situação é mais grave, apesar de existir um sistema de transporte fluvial 24 horas com balsas e lanchas fazendo a travessia de veículos automotores e de pessoas para os dois estados.
O descaso é tão grande que certa tarde, o bando do temido assaltante Marcos Capeta após ter praticado mais uma de suas atrocidades atravessou de lancha em Pão de Açúcar, roubou um carro que aguardava a travessia de balsa no Povoado Niterói e fugiu da polícia pelas estradas sergipanas em direção à Bahia. E desde essa época o GPM local possui quatro policiais militares trabalhando diariamente. Este mesmo número de policiais foi responsável pela segurança dos foliões durante os quatro dias de festejos carnavalescos realizados na cidade de Pão de Açúcar no período de 18 a 21 de fevereiro deste ano. E uma das tristes consequências da ausência de policiais e fiscais nestes locais é o livre comércio de produtos contrabandeados e o tráfico de drogas. Investigações apontam que as drogas chegam a Pão de Açúcar via Povoado Niterói.
Talvez seja este o principal motivo de estar crescendo assustadoramente o número de consumidores de drogas no Município, principalmente usuários de crack, cocaína e maconha. Segundo informações de alguns usuários, 90% do crack e cocaína que chegam as cidades de Santana do Ipanema e Arapiraca são oriundas de Sergipe e entram em Alagoas pelo porto de Pão de Açúcar.
Os usuários fazem parte das diversas camadas sociais, principalmente os membros de famílias mais carentes ou desestruturadas. Em sua maioria, são adolescentes e adultos que buscam ilusoriamente nas drogas a saída para os seus problemas e encontram a dependência química que escraviza e marginaliza, além de levar à morte. E alguns desses dependentes químicos já podem ser vistos perambulando pelas ruas de Pão de Açúcar pedindo dinheiro para sustentar o vício. Os familiares desses dependentes estão desesperados e chegam a reclamar que os viciados estão subtraindo objetos de suas casas para vender e comprar crack.
A Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social tem sido muito procurada nos últimos meses por pais de usuários e até mesmo pelos próprios dependentes químicos que buscam a ajuda do órgão para livrarem-se do vício. Nestes casos, familiares e usuários são encaminhados ao psicólogo Diomedes Rodrigues da Silva Junior, que os assiste no CRAS e os encaminha para tratamento em um centro de recuperação de dependentes químicos, localizado fora do município de Pão de Açúcar, pois pouquíssimas cidades brasileiras oferecem tratamento específico para os dependentes de crack. Em razão da grande epidemia desta droga no Brasil, acredita-se que nos próximos anos novas políticas públicas sejam adotadas pelos governos federal, estaduais e municipais.
Coincidência ou não, à proporção que cresce incontrolavelmente o número de usuários de crack e de outros entorpecentes no município de Pão de Açúcar, também cresce o número de pichações com os símbolos de poderosas organizações criminosas responsáveis pelo tráfico e comércio ilegal de drogas no País. As pichações estão expostas nas periferias e no centro da cidade, em lugares considerados estratégicos e suspeitos, inclusive alguns deles frequentados noturnamente por muitos jovens. Essa prática de pichação é utilizada nos grandes centros urbanos para as organizações criminosas demarcarem seus territórios ou suas áreas de domínio.
Para combater rigorosamente o avanço de drogas, o contrabando e outras práticas criminosas, urge a instalação e o funcionamento de uma base policial no porto de Pão de Açúcar (lado de Alagoas) e outra no porto do Povoado Niterói (lado de Sergipe), além de transformar o GPM local em Companhia de Polícia. Assim aumentaria significativamente o número de policiais militares trabalhando diuturnamente dentro deste município fronteiriço e turístico. O pontapé inicial para concretização destas ações poderá ser dado através da assinatura de um convênio entre os governos de Alagoas, Sergipe, Pão de Açúcar e Porto da Folha.
Esta é apenas uma sugestão deste blogueiro, pois as cabeças pensantes que compõem os governos de Alagoas e Sergipe possuem competência suficiente para planejar com mais fertilidade ações objetivando salvar os nossos jovens do mundo tenebroso das drogas. É inaceitável que em Pão de Açúcar e no Povoado Niterói os traficantes continuem agindo, desafiando as autoridades, sob o manto da impunidade. E os governos de Alagoas e Sergipe não devem transferir mais esta responsabilidade para os prefeitos e gestores destes dois municípios, pois neste momento as prefeituras municipais pedem socorro. Obviamente para combater esta ação maléfica, “parceria” é a palavra de ordem.
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orlando