Dois homens - que a Polícia não descarta a hipótese de serem pistoleiros - numa motocicleta, de placa MUD 1584/AL, assassinaram, na noite deste sábado (25), o ex-policial militar Miguel Francisco Gomes de Oliveira, 45. O crime foi praticado na Avenida Durval de Góes Monteiro, em frente à Escola Rotary, sentido Tabuleiro / PRF, em Maceió.
Miguel estava no banco do carona do seu veículo, o Kadet de cor vinho e placa HZM 4351/AL, ao lado da mulher, quando foi abordado pelos pistoleiros, que atiraram diversas vezes, com pistolas 380.
A esposa da vítima, que teve a identidade mantida sob sigilo, vinha guiando o veículo e ficou em estado de choque, mas afirmou que antes de atirarem um dos homens, que estava na garupa da moto e que estava de capacete se aproximou o bastante do carro onde estava o casal e com a arma em um das mãos pediu para ela se afastar, pois a ordem era, apenas, para matar o ex-militar, reforçando a suspeita de que a morte de Miguel está ligada a possível "queima de arquivo".
Os dois tinham passado a tarde do sábado trabalhando (o casal era corretor de imóveis) e estavam com destino a casa onde moram, no Conjunto Eustáquio Gomes e foram surpreendidos no momento que aguardavam um dos semáforos abrir em um dos trechos da Avenida Durval de Goes Monteiro.
Quem é a vítima
Miguel Francisco já foi preso acusado de integrar a “Gang Fardada”, organização criminosa responsável por diversos assaltos a bancos, postos dos Correios e crimes de pistolagem, nas décadas de 80 e 90. Segundo investigações feitas por uma Força Tarefa formada pela Polícia Federal (PF), Polícia Civil (PC) e Polícia Militar (PM), designada pelo então ministro da Justiça, Renan Calheiros, era comandada pelo ex-coronel Manoel Francisco Cavalcante, que foi preso em seu apartamento, em 1998, na Praia da Ponta Verde, em Maceió. As investigações levaram para a cadeia 62 pessoas, a maioria policiais civis e militares.
Última morte
O último integrante da “Gang Fardada” morto foi o ex-policial militar Aderildo Mariz Ferreira, 49, executado a tiros de pistola 380, nas costas, na noite do dia 7 de setembro de 2009, quando bebia com amigos em um bar localizado no Loteamento Esplanada, no Jardim Saúde, parte alta de Maceió. Ele estava em liberdade condicional após cumprir pena no sistema prisional de Alagoas
O bar onde aconteceu o crime ficava a poucos metros da casa da vítima. Segundo testemunhas, quatro homens se aproximaram a pé e deflagraram os tiros pelas costas do ex-pm. Na época o crime foi investigado pela delegada Rebeca Cordeiro, atualmente coordenadora Setorial de Administração e Finanças da Polícia Civil.
A morte de “Nego Déo”, como era conhecido, aconteceu três meses antes dele depor no processo do assassinato do delegado da Polícia Civil, Ricardo Lessa, executado junto com seu motorista, Antenor Carlota. “Nego Déo” teria informado a Justiça sua disposição em dar informações importantes sobre os verdadeiros autores intelectuais deste e de vários outros crimes.
Dias antes dele ser morto ele foi procurado por um prefeito de um município alagoano. O político havia mandado um recado para que Aderildo não testemunhasse. Os nomes do mensageiro e do ex-prefeito nunca foram confirmados pela delegada, que concluiu o inquérito sem apresentar a Justiça os motivos e os nomes dos matadores do ex-pm.
Coincidência
A execução de Miguel Francisco Gomes acontece nove dias depois que o ex-líder da “Gang Fardada” é solto. O ex-coronel Cavalcante estava preso no presídio Baldomero Cavalcanti há vários meses e foi solto através de uma decisão da Justiça. Ele teve benefício de sua progressão de pena concedida no último dia 15 pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL).
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ricardo alexandre - castelo branco e gustavo oliveira