O corpo de Bruno Macena, assassinado nessa terça-feira (21) enquanto estava no bloco Tudo Azul, em Murici, foi sepultado às 16h no Cemitério São José, no bairro do Trapiche da Barra, em Maceió. Familares e amigos do jovem, comovidos pela perda, deram seu último adeus nesta quarta-feira acinzanetada.
O velório ocorreu na Central de Velórios, também no mesmo bairro. Bruno era filho de um policial militar, o sargento Macena, que atua no Batalhão de Polícia Rodoviário (BPRv).
O autor dos disparos também é PM, conhecido como cabo Samuel Souza, está detido na penitenciária masculina Baldomero Cavalcanti, no complexo de presídios, no Tabuleiro do Martins. Ele já respondeu processo no Conselho Disciplinar da Polícia Militar (PM) por extorção e fomação de quadrilha em 2011. A cúpula da PM decidiu por sua expulsão, mas ele ainda atua na corporação no 4º Batalhão da PM, dependendo somente de um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE). Outra ação deve ser movida contra o cabo nesta qunita-feira (23).
No dia do crime, segundo informações da Delegacia Regional de União dos Palmares, o cabo estaria embriagado.
No depoimento prestado à delegada de plantão, Samuel Souza afirmou que atirou para separar uma confusão que estava acontecendo. A pistola calibre 380 usada por ele foi apreendida e encaminhada para o 116º Distrito Policial (DP) de Murici, onde o caso será investigado, sob o comando do delegado Gustavo Pires de Carvalho.
O major Marcelo Souza, chefe da 3ª seção da PM, que também foi baleado junto com um outro rapaz, identificado como Marconde da Silva, de 23 anos, atingido no ombro, já receberam alta médica e compareceram no velório de Bruno na manhã de hoje.
Emoção
“Eu passei 27 anos na polícia. Eu era profissional... Aí, a Justiça faz esse tipo de coisa [o assassino retornou aos quadros da PM, mesmo sendo acusado em diversos crimes]. Quando o comandante geral bota pra fora, com pouco tempo depois a Justiça retorna. Que Justiça é essa? Agora meu filho tá ali [apontando para o caixão]. Por pouco ele não cometeu três homicídios, embriagado, com uma arma daquela”, comenta o pai do jovem morto, o sargento Macena, à reportagem do portal Tribuna Hoje.
Ele estava bastante comovido, bem como todos os presentes no velório e no enterro de Bruno. “Fica difícil para um pai de família nessa situação. A gente se segura por que tem de segurar [em pé]”, suspira.
O sargento do BPRv ainda enfatizou que as penas no paísl deveriam ser menos brandas. “Um cidadão desse não deveria passar menos do que 30 anos. O certo deveria ter prisão perpétua. Eu não vou dizer pena de morte, porque no Brasil muitos pobres iriam estar mortos. No Brasil, é assim...”.
Sobre seu relacionamento com o filho, ele disse que Bruno era “um menino alegre, que gostava da 'balada'. Ele trabalhava, chegava em casa de 23h30, mas cumpria o horário dele. Era responsável. Mas o meu filho era novo; ele tinha que viver a vida; tinha de tudo pra curtir. No ano passado, ele também foi para esse bloco Tudo Azul. Eu pedi que ele não fosse pra Marechal [Deodoro], porque ele estava com o carro. Depois um colega dele ligou pra ele ir pra esse bloco.
Estava na Barra Nova. Por volta de quatro e meia pra cinco horas da tarde, eu recebi a notícia”, diz, com os olhos marejados.
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nigel santana - breno airan e daniel maia