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Opinião
13/01/2012 00:07:27

'Não existe comprometimento com a Nação'

'Não existe comprometimento com a Nação'
Economia

Em meio ao conturbado ambiente de crise internacional que volta a assombrar o Mundo, o Brasil tenta escapar, mais no discurso do que na prática. Um balanço de final de ano deixa claro que o País vive um momento paradoxal pois, como de costume, a contradição demonstra ser

a palavra certa para definir o cenário. Enquanto o Governo Federal alega

a necessidade de redobrar a cautela em decorrência da crise internacional,

a arrecadação de tributos federais demonstra um vigor invejável, os

números da arrecadação já ultrapassam a casa de um trilhão de reais.

 

Embora o Governo venha repetindo apelo para que empresários

não tenham medo de investir e a população não deixe de consumir, a

mágica não parece factível para quem pensa em adquirir algum bem de

consumo e acorda todos os dias ouvindo falar em crise financeira e em

risco de desemprego. Os analistas continuam prevendo inflação em alta

e uma expansão econômica menor em 2012. Os discursos, em meio a

essa balbúrdia, continuam contraditórios. A boa receita seria repensar o

Brasil, em todos os sentidos. Falta apenas o Governo e as lideranças

políticas entenderem isso.

 

O Brasil, no final de 2011, chegou a sexta maior economia do

Mundo, com projeção, segundo o FMI, de até 2013 o PIB brasileiro ser

superior ao da França, tornando-se o quinto maior do Mundo, resultado

do momento de crise e estagnação da Europa. Esse resultado, que deveria

entusiasmar toda a Nação, deve ser devidamente ponderado. Ainda serão

necessárias décadas para que o País atinja níveis de vida similares aos de

nações desenvolvidas. Estar entre os maiores PIB´s não significa que o

País tenha se tornado uma Nação desenvolvida. O Ministro da Fazenda,

Guido Mantega, em afirmação hiperbólica, declara que o País poderá

oferecer a sua população padrão de vida europeu, dentro de dez a vinte

anos. Essa é uma previsão mais do que otimista, é irreal.

 

O avanço social depende da melhoria de outros indicadores, como por exemplo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que o País ocupa a 84ª posição

Mundial. O Brasil está pelo menos 30 anos atrasado, comparado com os

países desenvolvidos, no que diz respeito a educação, renda, escolaridade.

 

É difícil atingir essas metas projetadas pelo Ministro da Fazenda,

com o tipo de administradores e políticos que temos, que priorizam os

interesses particulares,políticos, partidários, em detrimento do interesse

público.Um país onde os governantes não elegem prioridades para os

investimentos, idealizam e constroem obras que dão votos, usam dinheiro

do contribuinte, que pertence a todos, para promover causas partidárias,

que beneficiam poucos apaniguados, e a sociedade dá de ombros, omissa,

dificilmente atingirá essa metas.

 

Sem falar na corrupção, sumidouro de verbas, que não existe interesse dos políticos e dos administradores de extinguir com essa mazela. Ficariam sem os meios de angariar os votos e fortuna para se manterem no poder.

 

Citamos como exemplo os gastos com propaganda do Governo Federal, do Governo de São Paulo, da Prefeitura de São Paulo e do nossopequeno e pobre Estado de Alagoas.

 

A publicidade oficial tem como finalidade enganar o eleitor inculto, omisso, de fazer campanha eleitoral ininterrupta, deixando os governantes expostos, com maiores chances de promover a si mesmos. Gastam sem limites. Em 2009, segundo dados da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Governo Federal gastou em campanhas publicitárias R$ 1.67 bilhão. O Governo do Estado de São Paulo gastou, em 2010, R$ 266,6 milhões. A Prefeitura São Paulo, R$ 110 milhões. O Estado de Alagoas, pequeno e pobre, gasta em média, para promover a sua administração, R$ 3.000 milhões mês.

 

Se todos essas verbas que são gastas pelos governos Federal,

Estaduais e Municipais, fossem gastas com programas sociais de saúde,

moradia, educação, segurança, não havia necessidade de propaganda

oficial, esses serviços prestados honestamente a sociedade, seria a melhor

propaganda dessas administrações. Sem corrupção, sem desvio de verbas.

 

Guy Calheiros Gomes de Barros

Auditor Fiscal – RFB Aposentado

guycalheiros@hotmail.com