O arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, afirmou ontem que só tomou conhecimento da decisão da Santa Sé, a respeito da expulsão dos três sacerdotes das paróquias de Arapiraca acusados de pedofilia, por meio da imprensa, após a divulgação da decisão com exclusividade pela Tribuna Independente.
“Não estou informado sobre o assunto. Nem sei se o Dom Valério emitiu alguma nota pública. Ele já emitiu?”, indagou à reportagem.
De acordo com Dom Antônio Muniz, o bispo da diocese de penedo, Dom Valério Brêda, nem sequer ligou para o arcebispo para comunicar uma decisão de tamanha relevância à comunidade cristã de Alagoas.
A notícia só se tornou pública por meio do padre Daniel Nascimento, também da diocese de Penedo, que foi licenciado para acompanhar os procedimentos da Santa Sé em Alagoas. De acordo com o padre, desde a última semana de 2011, todos os sacerdotes e ex-coroinhas arrolados na decisão receberam a notificação do afastamento definitivo dos sacerdotes em suas residências.
Mesmo assim, o representante da arquidiocese de Maceió deixou claro que o procedimento de publicação da sentença não transcorreu de maneira fora do comum. “É sempre dessa maneira. Fica a cargo do bispo responsável a notificação e divulgação de todos os fatos de sua circunscrição, no caso, Dom Valério Brêda, que representa a diocese de Penedo”, relatou.
A previsão é que ainda este mês a comunidade eclesiástica possa se reunir e apreciar detalhadamente o conteúdo da sentença.
Alguns perdoam
Católicos divergem quanto a decisão de afastamento
Em menos de 24 horas após a divulgação, pela Tribuna Independente, da expulsão dos padres de Arapiraca acusados de pedofilia, a imprensa nacional tomou conhecimento da decisão do Vaticano que afasta definitivamento os monsenhores Luiz Marques e Raimundo Gomes, e o padre Edilson Duarte de suas atribuições eclesiásticas.
Após a reportagem ter divulgado a susbstituição dos sacerdotes nas paróquias de Arapiraca, a sensação que tomou o Estado de Alagoas foi um misto de misericórdia e alívio.
Bem em frente à histórica Igreja do Livramento, localizada no bairro do Centro, católicos assíduos ou de batismos, concordaram veementemente com a sentença da Santa Sé, como foi o caso de Aparecida Viana, promotora de vendas. “Eu acho que a pena foi bem aplicada. Não há mais clima para que eles voltem a celebrar missa na Igreja. As pessoas não confiariam mais.
Acho que a Igreja deve ter misericórdia, mas não pode permitir que eles voltem para a função de representantes de Deus novamente”, disse.
A cabeleireira Maria Lúcia, que é católica, acredita no perdão e na permanência dos sacerdotes na Igreja, ainda que não seja com as participações nos cultos. “De alguma forma, eles deveriam contribuir com as atividades da Igreja. Seria um exagero dizer que eles poderiam voltar a celebrar missas, mas eles são seres humanos propícios aos erros”, defende.
O jornalista Éder Patriota se diz a favor da decisão da Igreja, e vai além, diz que, no século XXI é necessário uma reformulação dos preceitos religiosos católicos para que os descumprimentos de celibato possam ser reavaliados. “Tem que haver punição para esse tipo de coisa, pois eles firmaram um compromisso celibatário. Mas eu também entendo que a Igreja Católica tem que repensar sobre isso. Os padres deveriam se casar”, argumenta.
tribunahoje //
daniel maia