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Geral
28/12/2011 13:15:35

Menino de 11 anos é o 1º paciente de AL a receber implante de pele artificial

Menino de 11 anos é o 1º paciente de AL a receber implante de pele artificial
Garota foi recebeu transplante de pele

Um menino de apenas 11 anos é o primeiro paciente de Alagoas a receber um implante de pele artificial, fabricada em um laboratório nos Estados Unidos. Rian Rivaldo fez a cirurgia no Hospital Geral do Estado (HGE) e sua recuperação é considerada um sucesso pela equipe médica responsável.

Rian brincava em casa, na companhia do irmão, com um álcool líquido, quando a criança riscou um fósforo e as chamas tomaram conta do corpo do garoto. Ele teve queimaduras de 3º grau em 65% do corpo. O fogo provocou feridas nos dois membros inferiores, nas costas, no glúteo e no couro cabeludo dele.

O fato ocorreu há quase um ano e, desde então, Rian está internado na Unidade de Queimados do Hospital Geral do Estado. Ele passou por algumas intervenções cirúrgicas e fez curativos constantes para tentar se recuperar do desastre. Todavia, foi a partir de uma decisão judicial que a vida dele começou a mudar.

Após ter ingressado com uma ação judicial, a pedido da família do menino, a Defensoria Pública do Estado conseguiu uma decisão favorável e o Poder Executivo foi obrigado a fazer o tratamento completo para que o pequeno Rian pudesse de recuperar. A direção do Hospital Geral e a Secretaria de Estado da Saúde, após receberem tal determinação, resolveram não recorrer e, de imediato, em outubro, começaram a agir. O tratamento para o caso significou a compra da pele fabricada em laboratório.

Neoderme veio dos Estados Unidos

A ‘neoderme’, como é chamada a pele produzida num dos maiores laboratórios dos Estados Unidos, também é conhecida internacionalmente como ‘integra’ e foi enxertada sobre o corpo do pequeno Rian, entre os meses de outubro e dezembro deste ano. O procedimento foi realizado pelo cirurgião plástico Fernando Gomes, médico do HGE.

“Cada intervenção cirúrgica exige uma equipe grande, com anestesistas, assistentes e auxiliares de enfermagem. Os procedimentos são delicados e podem durar mais de quatro horas. Todavia, é gratificante ver o resultado. Em outubro, o Rian tinha 80% de risco de morte, hoje, ele tem 80% de chances de sobreviver. Estamos numa batalha diária pela vida dele e acreditamos que tudo dará certo”, contou Fernando Gomes.

Mas, apesar do tratamento estar dando certo - a próxima cirurgia está prevista para o dia 05 de janeiro -, o tratamento custa caro. “Uma placa de 12x10 é vendido pelo valor de R$ 38 mil e, para o Rian, foram necessárias oito placas, o que equivaleu a R$ 360 mil. Sabemos que é um procedimento caro, entretanto, é preciso que as autoridades e os planos de saúde entendam que o mais importante é a ação de salvar vidas. Não há preço para isso. No HGE, por exemplo, houve uma dedicação incrível dos profissionais que participaram da cirurgia, todos acreditavam que o Rian ia ficar bom e é isso que está acontecendo”, disse o cirurgião.

Rian reage bem à pele nova

De acordo com Fernando Gomes, Rian tem conseguido se recuperar bem das intervenções sofridas. Ele não teve rejeição à matriz integra e os curativos estão sendo feitos sem maiores problemas. “É claro que a criança sofre com esse problema. Queimadura sempre é um ferimento que traz muitas dores. Todavia, o Rian é forte e até nos impressiona com as suas indagações. É impressionante como ele interage com a gente e fala aquilo que pensa. Nesse último procedimento, disse-nos que trabalhássemos com atenção porque ele queria ficar limpo após o fim do curativo”, lembrou o especialista.

Após implantar a neoderme sobre o corpo de Rian, o cirurgião plástico retirou parte da derme dos braços do garoto e colocou por cima da pele fabricada. “A matriz é biocompatível, fabricada com tecnologia diferenciada, extremamente eficiente, tem uma estrutura que apresenta índice de rejeição quase zero e o paciente, após a realização da intervenção cirúrgica, não terá qualquer dificuldade para mover os membros antes atingidos. O método é completamente seguro”, assegurou Fernando Gomes.

Queimaduras graves

O tratamento da neoderme é utilizado como forma de regeneração da pele em casos de perda total da espessura cutânea. Ele consiste em um material artificial composto por camada esponjosa de colágeno bovino, associado à substância glicosaminoglicano e que é coberto por uma espécie de filme de silicone transparente que permite a observação da progressão do implante.

Seu material é de alto padrão e oferece boa resistência. Ele é normalmente indicado para os casos de queimaduras de 3º grau, perda traumática da cobertura cutânea e defeitos de cobertura da pele após remoção de tumores, zonas doadoras de retalhos, exposição óssea, exposição de tendões e exposição muscular.

“Eu só quero me ver quando estiver tudo resolvido e não for necessária mais nenhuma cirurgia. Então, hoje só tenho uma pergunta a fazer hoje: meu rosto não vai ficar deformado não, né? Quero ficar bonito”. Foram exatamente com essas palavras que o pequeno Rian deixou o centro cirúrgico no final da tarde de ontem. A resposta? “Seu rosto vai ficar perfeito. Você é um guerreiro, lutou em favor da vida e muita coisa boa o espera lá fora”, respondeu o cirurgião plástico.

 

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janaina ribeiro