Moradores de Murici denunciaram à Gazetaweb problemas relacionados ao atendimento médico no Hospital Dagoberto Omena. Conforme internautas, falta até gaze na unidade de saúde, cujos recursos, segundo a Secretaria de Saúde da cidade, seriam insuficientes para mantê-la funcionando a contento.
"Meu amigo cortou um pedaço do dedo e precisou de atendimento no fim de semana, mas a enfermeira explicou que estava faltando gaze. Isso é um absurdo. Moro em Murici há trinta anos e nunca presenciei uma situação como esta", comentou um funcionário público, que não quis se identificar, temendo represálias.
A reportagem da Gazetaweb conseguiu contato com o secretário de Saúde, o médico José Medeiros, que admitiu a necessidade de maior investimento, ressaltando, no entanto, o esforço por parte da administração municipal.
"A relação com o Governo do Estado sempre foi amistosa, mas ficamos prejudicados quando da não renovação de convênio por meio do qual nos repassavam cinquenta mil reais por mês", explicou o secretário, acrescentando que o motivo da não renovação teria sido o processo de transição de governo, devido às eleições de 2010, apesar de Teotonio Vilela (PSDB) ter garantido a reeleição.
"Fomos recebidos no início do ano, mas o acordo não prosperou. O momento é difícil e exige uma definição política. Ressalto, contudo, que a Prefeitura de Murici tem feito o possível para tentar superar o que seria um impasse entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Procuradoria Geral [PGE] para a prorrogação do convênio, adquirindo medicamentos e equipamentos, além de manter a folha salarial dos trabalhadores em dia", emendou José Medeiros.
No entanto, em contato com a Secretaria de Estado da Saúde, a Gazetaweb foi informada de que a responsabilidade seria quase que exclusivamente da Prefeitura de Murici, em virtude da municipalização da unidade. De acordo com o superintendente da Atenção à Saúde, Sival Clemente, Murici estaria entre as cidades alagoanas mais beneficiadas com recursos advindos de programas executados pela Sesau no interior do Estado.
"A municipalização foi um pedido da própria Prefeitura, sendo que esta passou a viver reclamando mais dinheiro. É preciso que o município invista mais. Além disso, aquela unidade de saúde recebe recursos de vários programas, como o Promater [para redução da mortalidade infantil em Alagoas] e o Provida [cujo objetivo é melhorar o atendimento de urgência e emergência hospitalar no Estado]", rebateu Sival.
Ainda de acordo com o superintendente, mesmo que o convênio não tenha sido renovado, 'Murici não deixou de receber recursos'. Por telefone, ele prometeu encaminhar números acerca de tais repasses, em 2011, para a Saúde em Murici, mas, em novo contato, o superintendente não atendeu às chamadas em seu aparelho celular.
Todavia, no início deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde emitiu nota em resposta a questionamento semelhante, afirmando que Murici receberia, anualmente, R$ 59 mil em recursos provenientes do Promater, além de outros R$ 96 mil oriundos do Provida.
Em outra denúncia, moradores daquela cidade alegaram que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a paralisar as atividades no último final de semana, em virtude de atraso no pagamento de salário. Porém, o Sindicato dos Trabalhadores do Samu confirmou, na quarta-feira (21), que o problema já foi resolvido.
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bruno soriano