Ninguém poderia imaginar que, após comemorar o aniversário, na quinta-feira 27, o ex-presidente Lula iria confrontar-se com um diagnóstico de um câncer na laringe. A festa natalícia, a que estive presente, em São Paulo, havia sido simples, mas cheia de contagiante alegria. Mas, assim é a vida, surpreendendo-nos a cada instante.
Após os exames inicias e aplicação da primeira quimio, um dos médicos da equipe que assiste o ex-presidente foi enfático: “Conheço a fera. Na próxima semana, ele já vai estar metido na política. Coitada da Marisa. A casa vai virar um fuzuê”.
Pois bem, esse é o espírito que domina a personalidade do grande homem público, desde quando, em um caminhão de paus-de-arara, viajou de Garanhuns a São Paulo, onde construiu uma trajetória de lutas em favor do Brasil e do seu povo. Na mocidade, um ardoroso sindicalista; na política, um ícone nacional, admirado pela grande maioria dos brasileiros, reconhecido como uma celebridade mundial, um exemplo de garra e de perseverança para aqueles que nada têm e que “botou no bolso” os patriarcas da política do nosso País.
Atingido por uma “insidiosa doença”, como se dizia em passado recente, Lula optou pela transparência, pedindo aos seus médicos que nada escondessem do povo ― um exemplo que diz bem do seu caráter e amor aos mais caros princípios de lealdade.
E os médicos estão dizendo tudo. E a imprensa até bem mais.
Aliás, não é somente na doença que Lula emerge mais forte, dando-nos outros exemplos de retidão: nos meses que antecederam o final do seu governo foi instado, por vários setores sociais, inclusive do seu próprio partido, a aceitar concorrer pelo terceiro mandato. Poderia tê-lo feito, mas sepultou a ideia com um sonoro “não!”. Com isso, mostrou ao País que jamais embarcaria em uma aventura antidemocrática, bem ao gosto de algumas lideranças políticas do Continente, de ontem e de hoje.
Isso tudo inscreve a figura de Lula na galeria dos maiores vultos da história do Brasil, construída na descomunal força que vem de uma alma indomável e guerreira.
Creio que interpreto o pensamento das grandes legiões de brasileiros, que admiram o nosso eterno presidente Lula. Encontro-me no meio dessa multidão, rezando para que, juntos, retomemos a luta em prol do nosso País.
Como bem declarou Lula, no leito do hospital: “Será inexorável a caminhada do Brasil para se transformar numa grande economia. A gente vai fazer o que precisa ser feito, acreditar na nossa presidenta Dilma e ajudá-la, por que é assim que o Brasil vai para frente”.
As palavras de Lula lembram os versos de Carlos Drummond de Andrade, no poema Mãos dadas:
“O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas
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O tempo presente é a minha matéria, o tempo presente,
os homens presentes, a vida presente”
Então, Lula, “até a primeira assembleia, o primeiro comício, o primeiro ato público”.
Deus o guarde, Presidente!
joão lyra //
deputado feferal e presidente do psd em alagoas