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Acidente
18/11/2025 06:00:00

Desmistificando o Veganismo: Separando Fatos de Ficções

Esclarecimentos de uma especialista sobre a prática vegana, seus benefícios e mitos comuns

Desmistificando o Veganismo: Separando Fatos de Ficções

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), aproximadamente 7% dos brasileiros se identificam como veganos ou simpatizantes do movimento. Este estudo também aponta que 74% da população concorda, em algum grau, com a ideia de reduzir o consumo de carne, refletindo uma maior conscientização ambiental, o cuidado com os animais e o aumento de interesse por dietas baseadas em vegetais.

Apesar do avanço no entendimento sobre o tema, diversos mitos ainda persistem em relação ao veganismo. A nutricionista Denise Alves Perez, professora do Centro Universitário UniBH e parte do Ecossistema Ânima — considerado um dos ecossistemas mais inovadores de qualidade no Brasil — explica que muitas dessas falsas percepções estão relacionadas à tradição alimentar brasileira, marcada pelo consumo de diferentes tipos de carne, além de uma equivocada noção de que alimentos de origem animal são essenciais para a saúde.

“Há hábitos arraigados e interpretações incorretas que levam as pessoas a acreditar que é necessário consumir carnes, ovos ou leite para sobreviver. Contudo, uma dieta vegana pode ser totalmente equilibrada e nutritiva”, afirma Denise.

Ela ainda ressalta que um dos equívocos mais comuns é a ideia de que quem adota o veganismo não consegue obter proteínas suficientes. A especialista esclarece que isso não é verdade, desde que a alimentação seja organizada com disciplina.

“Leguminosas como feijão, lentilha, ervilha e especialmente soja são fontes proteicas de alta qualidade. Assim, é perfeitamente possível atender às necessidades diárias de calorias, que variam de acordo com peso, idade e nível de atividade física”, detalha. Contudo, ela adverte que abandonar produtos de origem animal não justifica o consumo de alimentos ultraprocessados vegetais.

“Não adianta excluir a carne e recorrer a alimentos industrializados, como macarrão instantâneo. Uma dieta vegana saudável envolve preparo, planejamento e escolhas conscientes”, explica. Além disso, Denise reforça que deficiências de vitamina B12, ferro e cálcio podem surgir em uma alimentação vegana sem acompanhamento profissional regular.

Portanto, exames periódicos e ajustes na dieta são essenciais. “Cada pessoa possui necessidades específicas. Alguns conseguem manter níveis adequados apenas com alimentação, enquanto outros podem precisar de suplementação”, acrescenta.

Ela também destaca que o veganismo, quando sob supervisão médica adequada, é seguro em todas as fases da vida. “Crianças em crescimento, gestantes — que precisam de suplementações obrigatórias — e idosos, que se beneficiam de cuidados nutricionais contínuos, podem seguir uma dieta vegana sem riscos”, afirma.

Outro mito abordado por Denise é a suposta menor energia ou força física dos veganos. A especialista explica que a proteína vegetal possui qualidade equivalente à de origem animal e que o desempenho em atividades físicas intensas não é prejudicado.

“Para atletas de alta performance, suplementações específicas podem ser consideradas, assim como ocorre com atletas onívoros”, pontua. Por fim, ela destaca que, ao contrário do que muitos pensam, manter uma alimentação vegana pode ser mais econômica do que uma dieta com carnes e laticínios.

“Leguminosas, arroz, cereais, frutas e verduras são itens acessíveis e contribuem para uma alimentação equilibrada e econômica”, afirma. Segundo Denise, a chave para quem deseja iniciar uma dieta sem ingredientes de origem animal é um planejamento minucioso e disposição para cozinhar.

“Deixar leguminosas de molho, aprender novas receitas e organizar o cardápio semanal são passos fundamentais. Cozinhar faz parte do compromisso de quem opta por esse estilo de vida”, conclui.

Ela também ressalta que dietas veganas e vegetarianas bem elaboradas oferecem benefícios à saúde cardiovascular e ajudam na prevenção de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. “O essencial é fazer de forma correta — evitar o estilo ‘vegano do miojo’ e buscar um equilíbrio nutricional adequado”, finaliza a especialista.