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Alagoas
16/11/2025 08:00:00

Investimento de R$ 3,5 milhões no Sistema Único de Saúde por causa de acidentes de trânsito em Alagoas

Relatório revela despesas hospitalares com vítimas de colisões e sequelas em todo o estado

Investimento de R$ 3,5 milhões no Sistema Único de Saúde por causa de acidentes de trânsito em Alagoas

De acordo com dados recentes, as despesas relacionadas a acidentes automobilísticos e motociclista em Alagoas atingiram a cifra de R$ 3,5 milhões, recursos utilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar pacientes que ficaram com sequelas.

Em uma análise detalhada do Ministério da Saúde realizada em 2023, constatou-se que o custo médio por indivíduo atingiu R$ 1.378,00, envolvendo todas as despesas de tratamento.

Amauri Clemente, cirurgião geral e especialista em traumas do Hospital Geral do Estado (HGE), afirma que esses incidentes representam uma preocupação crescente na saúde pública.

Em entrevista à Tribuna, ele destacou que aproximadamente 30% das sessões diárias na unidade referida atendem vítimas de traumas, sendo que dois terços desses casos resultam de acidentes de motocicleta. Esses números consideram apenas o tratamento hospitalar, excluindo reabilitações futuras e perdas econômicas por dias de trabalho não recuperados.

No cenário nacional, os incidentes de trânsito acumulam custos que chegam a aproximadamente R$ 388 milhões anualmente, dos quais 61% — ou seja, cerca de R$ 239,4 milhões — são originados de acidentes envolvendo motos.

Essas estatísticas reforçam a gravidade da questão, especialmente quando analisadas as regiões Sudeste e Nordeste, onde a incidência de ocorrências é agravada. Na Bahia, o Hospital Orthopédico de Salvador recebe semanalmente dezenas de pacientes com fraturas graves, metade dos quais são motociclistas.

Em São Paulo, a Justiça suspendeu temporariamente os serviços de mototáxi por aplicativos após um episódio fatal envolvendo uma jovem de 22 anos, atingida por uma porta de carro enquanto estava na garupa de uma moto.

Somente neste ano, mais de 40 mil pessoas foram internadas em hospitais públicos na capital paulista por acidentes de trânsito relacionados às motos. O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Antônio Meira Júnior, afirmou que o fenômeno é tão alarmante que, em 71% dos municípios brasileiros, os acidentes de trânsito provocados por motos ultrapassam as mortes causadas por armas de fogo. Além disso, jovens entre 20 e 39 anos representam a maior parcela das vítimas, com quase sete óbitos diários registrados nesse grupo.

Para tentar mitigar esses impactos, ex-deputado estadual Anivaldo Luiz da Silva, conhecido como Lobão, apresenta um projeto junto ao Ministério dos Transportes para a criação de faixas exclusivas para motocicletas nas cidades brasileiras, inspirado no modelo adotado por São Paulo.

Atualmente sem mandato, Lobão é líder nacional do Movimento Faixa para Motos e relata que, quando deputado, buscou parcerias com o governo estadual e notificou o ministério sobre a necessidade de implementar essas faixas. Ele defende que sua adoção, inicialmente em Maceió, facilitaria a organização do tráfego, reduziria acidentes e aumentaria a segurança dos motociclistas.

O projeto, segundo Lobão, está em fase de estudos e requer uma análise de viabilidade, mas sua implantação é de baixo custo e potencialmente eficiente. Ele também já protocolou um requerimento para a autorização do projeto em âmbito nacional e conta com o apoio do senador Renan Calheiros, que ajuda na interlocução com o ex-governador Renan Filho, atual ministro dos Transportes.

As propostas incluem a instalação de faixas específicas para motos e áreas de parada nas principais vias de Maceió, como Fernandes Lima e Durval de Góis Monteiro, com o objetivo de melhorar a organização do trânsito e diminuir o caos social resultante do crescimento desordenado da frota de motocicletas, que é impulsionado pelo baixo custo de aquisição e consumo reduzido de combustível.

Analistas e especialistas esperam que essas medidas possam contribuir para a diminuição de acidentes fatais, principalmente entre o público jovem, e para uma circulação mais segura nas áreas urbanas do Brasil.