Durante décadas, a preocupação com o bem-estar masculino foi minimizada, sendo encarada por muitos como um tabu. Enquanto as mulheres adotaram rotinas de visitas médicas e exames preventivos desde a juventude, muitos homens cresceram acreditando que procurar um médico deveria ocorrer apenas em casos emergenciais.
Essa mentalidade afastou gerações inteiras das consultas de rotina, dificultando a detecção precoce de diversas enfermidades. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa de vida masculina é, em média, sete anos menor que a das mulheres, uma diferença que vai além dos fatores biológicos, incluindo aspectos de estilo de vida e autocuidado.
No Brasil, o Ministério da Saúde revela que apenas 30% dos homens realizam exames preventivos, apesar de representarem 70% das internações por causas evitáveis. Em resposta a esse cenário, o Novembro Azul surge como um chamamento para uma abordagem mais holística da saúde do homem.
A campanha, que dá destaque à prevenção do câncer de próstata, também incentiva uma atenção mais ampla e integrada, explica Fransber Rodrigues, urologista do Hospital Brasília, integrante da Rede Américas.
“É fundamental que o homem compreenda que o cuidado com a saúde não se resume ao tratamento de doenças, mas também à prevenção. Agir antes que sintomas apareçam é essencial. Realizar check-ups regulares, manter uma alimentação equilibrada, dormir bem e cultivar vínculos afetivos positivos também fazem parte desse autocuidado”, afirma Rodrigues.
Apesar dos avanços nas ações de conscientização, o câncer de próstata permanece como o tipo mais comum entre os homens brasileiros. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, até o final de 2025, o país deve registrar mais de 71 mil novos diagnósticos desse câncer. A detecção precoce é vital, pois aumenta as chances de cura para aproximadamente 98% dos casos identificados em fases iniciais.
O câncer de próstata geralmente evolui de forma silenciosa, sendo que exames de rotina podem identificar sinais que indicam necessidade de investigação mais aprofundada, como a biópsia. Carlos Dzik, especialista em oncologia geniturinária na Rede Américas e também no Hospital Nove de Julho, explica que há diversas possibilidades de tratamento ao detectar um tumor, desde acompanhamento sem intervenção até cirurgias específicas ou radioterapia.
Contudo, sem visitas regulares ao urologista, a chance de descobrir uma condição potencialmente tratável diminui consideravelmente. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda iniciar o rastreamento aos 50 anos, mas o acompanhamento deve ser individualizado. Indivíduos com histórico familiar de câncer de próstata, especialmente com parentes que tiveram a doença antes dos 60 anos, ou homens negros — que possuem maior risco — devem começar o monitoramento aos 45 anos. O procedimento diagnóstico envolve, geralmente, exames de sangue para medir o PSA, exame de toque retal e, em casos de maior risco, ressonância magnética multiparamétrica, uma técnica de alta precisão.
A confirmação final do câncer ocorre por meio de biópsia prostática, que identifica a presença de células malignas. Dados indicam que 10% a 18% dos casos de câncer de próstata têm relação com fatores genéticos hereditários, com o gene BRCA2 sendo o mais associado a tumores mais agressivos, podendo elevar o risco em até oito vezes.
Conhecer o histórico familiar e realizar testes genéticos quando indicados possibilita ao médico personalizar o acompanhamento e definir o momento mais adequado para intervenções. Com os avanços na medicina de precisão, nem todos os tumores prostáticos precisam de intervenção imediata.
A vigilância ativa é uma estratégia adotada para tumores de baixo risco, que apresentam crescimento lento e tamanho reduzido. Essa abordagem consiste no monitoramento rigoroso por meio de exames periódicos, permitindo distinguir tumores que podem ser apenas observados daqueles que demandam tratamento urgente.
“Vigilância ativa não significa negligência, mas sim agir no momento oportuno. Assim evitamos cirurgias desnecessárias”, reforça Carlos Dzik. Outro marco importante na evolução do tratamento é a incorporação da cirurgia robótica no Sistema Único de Saúde (SUS). Em agosto de 2025, essa tecnologia foi oficialmente adotada, após recomendações da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).
Em seguida, o Hospital Nove de Julho, da Rede Américas, realizou a primeira telecirurgia robótica não experimental na América Latina, conectando profissionais a mais de mil quilômetros de distância. Segundo Dzik, a cirurgia assistida por robótica trouxe melhorias significativas, como procedimentos com menor sangramento, dor reduzida e recuperação mais rápida, além de menos efeitos colaterais.
Essa tecnologia, especialmente em regiões remotas, pode ampliar o acesso a tratamentos de alta complexidade, tornando o atendimento mais ágil e eficiente. Porém, os especialistas ressaltam que, apesar de todos esses avanços tecnológicos, a base de uma vida saudável continua sendo o cuidado cotidiano.
Manter uma rotina de atividades físicas regulares, alimentação equilibrada, sono adequado e realizar exames de rotina regularmente são as melhores ações para garantir longevidade e qualidade de vida. “Cuidar da saúde é um ato de amor próprio, de quem se preocupa com quem depende de você e de si mesmo.
O Novembro Azul reforça que ser homem também é se permitir cuidar”, conclui Rodrigues. A Rede Américas, segunda maior cadeia de hospitais privados do Brasil, atua em oito estados (SP, RJ, PR, BA, PE, MA, SE, RN) e no Distrito Federal, composta por 27 hospitais e 42 unidades oncológicas.
Resultado de uma parceria entre Dasa e Amil, ela conta com mais de 34 mil colaboradores, 40 mil médicos e mais de 4.200 leitos, unindo excelência clínica, inovação constante e um olhar humanizado. Com uma das estruturas oncológicas mais completas da América Latina, a rede realiza mais de 50 mil atendimentos mensais, apoiada por um time de 1.500 profissionais especializados.
Sua atuação abrange oncologia clínica, cirurgia, radioterapia, terapias-alvo, imunoterapia e terapia celular, com diagnósticos avançados, incluindo biologia molecular, genética, patologia digital e imagens integradas.