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Acidente
15/11/2025 14:00:00

Diagnóstico Precoce de Endometriose Ainda É um Desafio de Até Uma Década

A longa espera pelo reconhecimento da doença muitas vezes é provocada pela confusão com outros problemas ginecológicos

Diagnóstico Precoce de Endometriose Ainda É um Desafio de Até Uma Década

A endometriose, condição comum e de origem crônica, permanece cercada de mitos e ainda apresenta dificuldades na sua identificação. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 190 milhões de mulheres em idade reprodutiva globalmente convivem com a enfermidade, incluindo mais de sete milhões no Brasil. A doença voltou a ganhar atenção no cenário nacional, sobretudo pelo fato de o diagnóstico muitas vezes levar de sete a dez anos para ser confirmado corretamente, devido à minimização dos sintomas.

Médicas e especialistas alertam que, mesmo figuras públicas com maior acesso à saúde, como Anitta, Larissa Manoela, Tatá Werneck e Patrícia Poeta, já enfrentaram atrasos no diagnóstico. A ginecologista e obstetra Aline Frota explica que, além das cólicas intensas, o distúrbio, que ocorre quando o tecido endometrial se manifesta fora do útero, pode apresentar sintomas bastante diversos, dificultando a investigação clínica.

Sintomas como dores nas costas, fadiga extrema, desconforto durante relações sexuais, alterações intestinais ou urinárias no período menstrual e até dificuldades para engravidar podem estar associados à endometriose. Estimativas do Ministério da Saúde indicam que uma em cada dez mulheres apresenta sinais da enfermidade, muitas vezes sem consciência de sua condição ou sem procurar atendimento médico. Esses sinais frequentemente são confundidos com outras desordens ginecológicas, o que faz com que muitas mulheres permaneçam sem diagnóstico por anos, prejudicando sua qualidade de vida e retardando o tratamento adequado.

A especialista destaca que a menstruação deve ser uma fase natural, sem dores ou desconfortos severos. "Quando há dores intensas ou cólicas persistentes, o corpo indica que algo não está bem. Cuidar da saúde hormonal e buscar assistência médica especializada é fundamental para manter um ciclo menstrual equilibrado, sem sofrimento", afirma. A negligência na busca por ajuda pode levar a complicações graves, como infertilidade e prejuízos a outros órgãos, alerta Aline Frota.

A médica aponta que muitos casos de dor são considerados normais ou minimizados, o que contribui para o atraso no diagnóstico. A demora na procura por um especialista, muitas vezes devido a uma desconfiança por parte da paciente, e a falta de exames corretos por alguns profissionais também influenciam nesse cenário. Ela relata que já atendeu mulheres desacreditadas de melhorar suas cólicas, devido a experiências anteriores sem investigação adequada, o que pode ocasionar o agravamento da doença, chegando a perfurar órgãos adjacentes, como intestino e bexiga, causando dores incapacitantes e infertilidade.

O tratamento da endometriose exige uma abordagem multidisciplinar, incluindo medicamentos, suplementos, alimentação anti-inflamatória, práticas de exercício físico, fisioterapia pélvica e psicoterapia. Quando a enfermidade encontra-se em estágio avançado, a cirurgia é geralmente a única alternativa viável para controle dos sintomas.

Após a detecção precoce, as chances de manejar os sintomas e garantir uma melhor qualidade de vida aumentam significativamente. Aline reforça que cuidar da saúde é uma demonstração de amor próprio e que a escolha de um ginecologista atualizado e competente é essencial. "A endometriose não é apenas uma dor; trata-se de uma condição que afeta emocional, psicológica e fisicamente a mulher. Buscar orientação adequada e tratamento individualizado podem fazer toda a diferença, mesmo sabendo que ainda não há cura definitiva para a doença", conclui.