Neste 14 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça a relevância de ações preventivas contra a diabetes, uma condição que muitas vezes só apresenta sintomas quando já está avançada. A médica portuguesa Sara Ribeiro, especialista em medicina de família na USF Vimaranes, em Guimarães, concedeu uma entrevista exclusiva à ONU News, na qual abordou mitos, falsas informações e os pilares essenciais para combater a doença.
Segundo ela, muitas pessoas só percebem os efeitos da diabetes em fases avançadas, o que dificulta o tratamento eficaz. A especialista aponta que 8,5% da população adulta mundial sofre com a enfermidade, uma taxa que quase dobrou desde 1980, e que ela está associada a riscos de cegueira, insuficiência renal e problemas cardíacos.
Para prevenir o desenvolvimento da doença, ela recomenda a adoção de quatro estratégias principais: manter o peso corporal dentro de limites saudáveis, praticar atividades físicas regularmente, seguir uma alimentação equilibrada com preferência por alimentos da dieta mediterrânea e evitar o consumo de álcool e tabaco.
Ribeiro enfatiza que 80% dos casos de diabetes tipo 2 poderiam ser evitados com mudanças simples no estilo de vida. A atividade física, por exemplo, não exige investimentos em equipamentos caros ou frequentar academias; caminhar rapidamente, usar escadas e fazer tarefas domésticas com intensidade moderada já contribuem para a prevenção. Ela ressalta que o primeiro passo para evitar a doença é abandonar o sedentarismo.
Na questão da educação familiar, a médica destaca que o exemplo dos pais é fundamental, pois “os filhos tendem a imitar mais o que veem do que o que ouvem”. Incentivar o tempo ao ar livre, promover atividades físicas e estimular uma alimentação balanceada são ações essenciais para reduzir o risco entre os jovens.
Quanto aos sinais silenciosos, Ribeiro alerta que sintomas como sede excessiva, sensação constante de fome, perda de peso rápida, frequência urinária aumentada e visão turva podem indicar o início da enfermidade. Entretanto, ela reforça que a ausência de sintomas não descarta a possibilidade de estar com diabetes, tornando imprescindível a realização de exames regulares, especialmente para quem tem fatores de risco.
Ela também desmistifica a ideia de que a única maneira de controlar a doença é abolindo o consumo de açúcar, explicando que o corpo necessita de glicose para funcionar. A chave está na escolha de carboidratos de qualidade, como frutas, legumes e cereais integrais, que contribuem para uma alimentação mais saudável. Para quem tem dificuldades em realizar o monitoramento contínuo de glicose, a médica aponta que existem alternativas acessíveis, como tiras capilares e aplicativos conectados por Bluetooth a dispositivos pessoais.
Além disso, o cuidado com a saúde emocional desempenha papel fundamental, pois o estresse e a ansiedade podem elevar os níveis de glicose por meio de hormônios como cortisol e adrenalina. A especialista recomenda a prática de atividades físicas e a busca por suporte psicológico quando necessário, destacando que essas ações podem reverter efeitos negativos associados ao estresse.
A manutenção do equilíbrio mental e físico é vital para o controle efetivo da doença. Ao ser questionada sobre mensagens que gostaria de deixar, Ribeiro enfatiza a importância de escutar o próprio corpo e agir de forma constante para cuidar dele. Ela acredita que pequenas mudanças diárias, feitas de forma consistente, podem evitar que a enfermidade evolua e auxiliar na construção de hábitos mais saudáveis.
Por fim, ela reforça que o combate à diabetes é uma oportunidade de repensar as relações entre corpo, mente e rotinas diárias, e que a prevenção, além de um ato de cuidado, é uma escolha consciente por uma vida mais equilibrada e plena.