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Meio Ambiente
14/10/2025 18:00:00

Previsões Climáticas para o Verão de 2025/2026 com a Confirmação do Fenômeno La Niña

Entenda como as mudanças no clima podem afetar o Brasil na próxima estação quente

Previsões Climáticas para o Verão de 2025/2026 com a Confirmação do Fenômeno La Niña

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) confirmou a formação do fenômeno climática conhecido como La Niña no Oceano Pacífico tropical, prevendo sua persistência ao longo dos próximos meses. Segundo o órgão, a manifestação começou a se formar em setembro, quando análises rotineiras identificaram temperaturas mais amenas nas águas de algumas regiões do Pacífico, indicador clássico do início da ocorrência do fenômeno.

De acordo com o especialista em meteorologia Eugenio César De Marco Greghi, representante da FieldPro, o período de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025 foi marcado por uma La Niña de intensidade fraca, além de meses recentes classificados como neutros. Durante esse intervalo, o Oceano Pacífico Equatorial apresentou temperaturas ligeiramente inferiores à média, embora sem atingir oficialmente o limiar que caracteriza a La Niña, como apontado pela NOAA. Greghi acrescenta que, desde o final de julho de 2025, o Pacífico vem passando por um resfriamento progressivo, sinalizando a possível formação de uma La Niña de curta duração e baixa intensidade durante a primavera, com impacto esperado até meados de fevereiro de 2026.

O fenômeno pode gerar alterações distintas no clima brasileiro, conforme explica o meteorologista Guilherme Borges. Com o início da La Niña em dezembro, o clima no país tende a ser influenciado de diversas formas:

  • Na região Norte e parte do Nordeste, há a expectativa de chuvas acima da média, com a estação chuvosa começando no período habitual, sem atrasos, e podendo se estender em algumas áreas.
  • Há também uma maior probabilidade de ocorrência de corredores de umidade estimulados pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). A ZCAS, presente principalmente durante o verão austral, provoca chuvas intensas no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, resultantes da confluência de umidade da Amazônia com frentes frias do sul. A ZCIT, por sua vez, é uma faixa de baixa pressão e alta umidade ao redor do equador, que se desloca sazonalmente e é responsável pelas chuvas na região Norte e Nordeste.
  • Na parte Sul, a influência do La Niña pode causar irregularidades nas precipitações, afetando principalmente Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Centro-Sul do Paraná, além de períodos de estiagem entre novembro e janeiro.
  • Para as regiões Centro-Oeste e Sudeste, a influência é menor, mas prevê-se chuvas bem distribuídas, temperaturas próximas às médias, aumento na nebulosidade e maior regularidade nas precipitações. Essas condições tendem a reduzir a incidência de ondas de calor extremas, que nos últimos anos se tornaram mais frequentes, e promover a formação de corredores de umidade, incluindo alguns com características de ZCAS.

Borges destaca que, ao contrário dos verões anteriores, a estação chuvosa de 2025/2026 provavelmente não apresentará atrasos, minimizando o risco de secas prolongadas na primavera. Além disso, a maior cobertura de nuvens e a regularidade das chuvas devem limitar a intensidade e duração das ondas de calor, tornando-as menos frequentes, mais breves e menos extensas, contribuindo para um clima mais ameno na estação quente.